Memórias: Space Cadet 3D (Windows)

Olá caríssimos, todos bem?

Com a chegada de Maio, trago para vocês mais um capítulo da seção de Memórias, onde o foco é total em histórias pessoais minhas com determinados jogos que considero inesquecíveis.

Neste texto vou contar a história de rivalidade que surgiu com um jogo de pinball que muita gente deve ter jogado no Windows anos atrás: Space Cadet 3D.

Lá em 1995, a Maxis publicou um jogo criado pela Cinematronics (que era parte da Maxis) chamado Full Tilt! Pinball. Aqui no Brasil eu não tenho certeza sobre a popularidade de Full Tilt!, mas sei que uma de suas mesas ficou relativamente popular entre usuários de Windows nos anos 2000, uma mesa que era chamada de Space Cadet.

Esta mesa acabou sendo sendo a única incluída em uma versão que era distribuída juntamente com o sistema operacional, desde a versão 95 Plus!, passando pela NT, ME, 2000 e finalmente XP. Esta versão foi chamada de 3D Pinball for Windows – Space Cadet. Entretanto, a partir de agora eu vou usar o nome que eu sempre usei pro jogo e que está no título do post: Space Cadet 3D.

Não pretendo entrar nos méritos de diferenças entre as mesas e nem pretendo explicar o jogo aqui pra vocês de forma detalhada, pois trata-se de um post da categoria Memórias. Não quero prometer nada, mas a minha intenção é reviver memórias minhas com jogos uma vez por ano, no mês de Maio. Ano passado falei de DOOM 2, estão lembrados?

Até porque não devem haver diferenças tão significativas, não aparentemente pelo menos…

O meu desafio nesta seção é relembrar o jogo e histórias dele sem efetivamente jogá-lo. Ainda bem, porque rodar este jogo em sistema operacional diferente seria mais complexo do que eu gostaria que fosse. Enfim…

Eu acabei conhecendo o jogo no Windows XP, quando o computador da casa deixou de ficar no meu quarto e passou a ficar em um ambiente aberto da casa onde eu morava, que era ponto de passagem para os quartos. Na época, as bolhas de amigos em que eu me encontrava conheciam o jogo e o jogavam, mas ninguém levava muito a sério. E nem fui eu quem descobriu o jogo em casa, na verdade foi meu pai que acabou fazendo. Eu, pra variar, estava concentrado em consoles (só não me recordo se era o primeiro ou o segundo Playstation, provavelmente os dois).

Como ficava em um ponto de passagem da casa, vira e mexe eu via meu pai jogando. Quando mais eu via, mais eu me interessava. As vezes eu parava e ficava assistindo um pouco. Até que resolvi jogar. No fim da partida abriu a janela com os high scores, e eu vi que a minha pontuação tinha sido ridícula perto das do meu pai. Aquilo mexeu comigo.

Continuei jogando até conseguir passar a maior pontuação dele. Na hora de entrar com o score, lembro bem que coloquei no campo de texto “Cadu, o BOM!”. Fui até o quarto dos meus pais e falei pro meu velho que havia batido o recorde dele. Pronto, estava aí criada mais uma rivalidade entre a gente.

Tela de High Scores

Rivalidades entre amigos ao meu ver sempre soou como algo saudável, desde que os dois tenham cabeça para não transformar essa rivalidade em algo que destrua a amizade das pessoas. Talvez eu seja um pouco radical em dizer isso, mas eu penso que uma amizade destruída por uma rivalidade não é uma amizade verdadeira. Claro, tenho consciência que amizade verdadeira seja um termo totalmente abstrato e que cada um processa isso de uma maneira, mas enfim, acho que entenderam onde quero chegar. Quem é que nunca adorou ter um amigo rival e isso só fortaleceu a amizade entre os dois? Nem precisa ser nos games, pode ser em qualquer coisa.

No nosso caso foi bem assim, o negócio se tornou algo divertidíssimo! Sempre foi assim entre a gente, meu pai era muito mais que um pai, era um pai com aço, um paiaço (essa piada era dele, antes que me xinguem), era um grande amigo. O maior amigo que tive na vida com toda certeza (não fiquem com inveja, vocês também são lindos).

A gente já teve disputas no passado, normalmente de score. Principalmente no Atari 2600 alternando controles. Ou então brincando pra ver quem fazia mais pontos em algum jogo que usasse a Light Phaser no Master System. Era só risada. Ainda mais que eu ficava falando o famoso “não vale” pra ele quando ele encostava a Light Phaser na tela para fazer mais pontos. Ele não ligava, ainda dava risada e tirava sarro. Ele era assim mesmo, sempre bem humorado e brincalhão. Depois voltava e jogava normal, era só pra me provocar mesmo. Sacana!

Essa rivalidade surgiu também no Tetris de Game Boy por algum tempo, mas o fato do cartucho não salvar as pontuações meio que interferiu no fato da rivalidade não acender tanto. Na verdade mesmo o problema é que ele jogava infinitamente melhor que eu, eu nunca encostava em qualquer score dele e por isso nem tentava mais. Mas eu nunca vou admitir isso. Vocês não estão lendo isto tudo!

Enfim, voltando para o Space Cadet. Sempre que um batia o recorde, logo ia até o outro e avisava. E normalmente os nomes eram totalmente provocativos. “Cadu, o BOM!”, “Edu, o MELHOR!”, “Cadu, o MELHOR AINDA!”, “Pai IMBATÍVEL” e assim por diante. Lembro bem de duas vezes que meu pai apareceu no meu quarto de fininho, tipo só a cabeça atrás do armário que ficava do lado da porta, fez aquela cara de menino travesso que ele fazia quando queria tirar um sarro, falou meio sussurrando que tinha batido o recorde e simplesmente saiu correndo rindo de forma debochada. Em uma delas eu parei o que estava fazendo pra tentar bater de volta. Não consegui na ocasião, só mais pra frente.

Enquanto pesquisava sobre o jogo, descobri que criaram uma ferramenta para editar os High Scores do jogo. Que sacanagem! Mas não usaria este artifício contra o meu velho e querido pai… ou será que usaria?

Lembro que o último a ficar em vantagem neste jogo fui eu. Claro, um moleque desocupado (mais ou menos, era época de faculdade) com todo tempo do mundo para jogar, versus um adulto com todas responsabilidades de cuidar de uma casa e quase sem tempo pra isso: era uma disputa bastante injusta, mas eu só consigo enxergar isso agora.

Em algum momento ele não conseguia mais superar minha pontuação e não tinha mais tempo pra treinar o suficiente. Enquanto eu ainda por cima resetava o jogo sempre que me lascava na primeira bola. Sim, eu fui um pilantra, reconheço! Mesmo assim eu cheguei a passar a estratégia pra ele em algum momento e eu sei que ele também usou.

Foi uma das últimas disputas que tivemos, em termos gamísticos. Talvez a última. Mas ela foi bastante intensa e divertida, durou um bom tempo. Demorou muito para que eu conseguisse deslanchar, pois mesmo com pouco tempo, ele dava um jeito de me superar de volta. As vezes eu sinto como se fosse o mestre e o aluno disputando, com o mestre sempre mostrando tudo o que sabe e o aluno se virando pra superá-lo, até um dia que isso acontece.

Imagem da mesa para vocês conhecerem ou relembrarem.

Queria muito conseguir recuperar todos dados de score do jogo, mas mal sei qual HD onde eles foram instalados e se isso tudo é recuperável. Muito provavelmente não. Então que fiquem aqui as minhas lembranças de coisas que infelizmente não podem ser vividas novamente. Ou será que podem?

Tomara que um dia eu seja o lado da moeda que será superado pelo aluno, deve ser uma sensação bem divertida também. Deve dar orgulho ser vencido por um filho, por mais besta que seja para aqueles que pensam que “é só um jogo”. Quem sabe um dia, né?

Fico por aqui. Espero que tenham gostado do texto o mesmo tanto que eu gostei de escrevê-lo. Boa parte do tempo eu fui escrevendo e rindo a beça, ou com um sorrisão no rosto conforme ia lembrando dos detalhes. Foram tempos mágicos no quesito gamístico e em muitos outros, sei que tem muito da nostalgia aqui, mas agradeço a vida pelo fato do meu cérebro manter pelo menos estas ótimas memórias.

Ah sim, se tiverem histórias com o jogo ou de rivalidade com o pai de vocês, coloquem nos comentários. Pode ser fora dos games também, é claro! Pode ser com outras pessoas da família, eu tenho até com a minha mãe. Mas essa vai ficar para outro capítulo da seção!

Obrigado a todos pela leitura!

Grande abraço a todos e até o próximo post!

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Sobre Gamer Caduco

Apenas mais um cara que nasceu nos anos 80 e que desde que se conhece por gente curte muito videogames, não importa a geração.
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13 respostas a Memórias: Space Cadet 3D (Windows)

  1. Paulo Renato diz:

    Muito legal.
    Consegui materializar essa disputa, com toques peculiares do Dudu….hahahahah
    Sensacional.
    Parabéns pelo texto.
    Grande abraço

    • Nossa, com certeza conseguiu materializar, meu pai era um figura! Não tem como não imaginar, né? hahahaha! Muito bom!
      Valeu Paulo Renato! Vou tentar postar mais textos sobre o gordinho aqui, especialmente no dia dele! 🙂

  2. Pokémon Red e Blue, Sim City 2000, Arkanoid, Dangerous Dave e Space Cadet eram muito comuns nos PCs no final dos anos 90 e comecinho dos 2000, principalmente nos cursos de informática.

    • “principalmente nos cursos de informática” é ótimo! huahuahuahuahuahuahuahuahuahua
      O pior de tudo é que é verdade, apesar que eu via mais o CS mesmo. O CS a gente tinha até nos computadores do trabalho, o dono da empresa deixava a gente jogar depois do expediente (desde que não atrapalhasse quem estava trabalhando).
      Mas o Space Cadet eu não sabia que era tão popular, conheci pouca gente que dizia ter jogado. Legal saber!
      Valeu Doc!

  3. ivoornelas diz:

    Que ótimo texto Cadu! Eu fiquei imaginando você e seu pai disputando, adoro textos assim.
    Eu joguei muito esse pinball no meu antigo Pentium 100 com Windows 95, MUITO mesmo! Infelizmente ninguém jogava comigo ou disputava ele, meu pai jogava no PC, mas o que ele amava o jogo de cartas chamado Paciência, passava hora jogando. Me lembro que as vezes chegava no meu quarto (onde ficava meu Pc) e lá estava ele jogando. Nossa! Que saudade dessa época! Esse seu texto me fez lembrar disso!

    Essas lembranças no final de contas são os nosso grandes troféus!
    Até tentei o space caded online para jogar! Que saudade =)

    • Putz, era uma disputa muito bacana, viu Ivo? A gente se divertia pegando no pé um do outro por causa de score. Quem nunca fez isso com algum amigo, né? haha
      Meu pai jogava muito paciência também, além do Free Cell, outro jogo de cartas que vc deve conhecer. Fora Mahjong e outros jogos puzzles que muita gente enxerga como puro passatempo (de certa forma até é). Mas era eu dizer que tinha batido o score dele que ele mudava na hora pro Space Cadet! hahaha
      Legal que vc conhece o jogo, eu tô percebendo que ele é bastante popular até!
      Essas lembranças são troféus com valor imensurável.
      Existe Space Cadet online? Achou algum? Caramba, eu devia ter tentado! Mas eu queria escrever o texto só puxando pela memória mesmo, é o meu desafio com esta seção aqui! 🙂
      Valeu demais, Ivo!

  4. Ah! os high scores… isso era muito viciante Cadu. Eu disputava com um colega de trabalho quem fazia mais pontos. Eu trabalhava de manhã, meu colega de tarde e portanto no outro dia de manhã a primeira coisa que eu verificava era qual a pontuação dele no Windows 95 kkkkkkk depois eu fazia os deveres. Mas eu nunca vencia, sempre que eu passava a pontuação o cara dava um jeito de logo no dia derrubar meu score, bons tempos…

    É neste momento que a nostalgia é muito bem vinda, adorei sua história de rivalidade com seu pai Cadu. E fez eu lembrar dos meus tempos de Windows 95, o primeiro sistema que pude mexer à vontade.

    De certa forma a rivalidade com seu pai e meu colega de trabalho tinha pelo menos um ponto em comum. O meu amigo era muito mais velho que eu, tinha idade para ser meu pai, a gente trabalhava em um escritório.

    ótimo post Cadu.

    • Nooooossa que da hora! Vc disputava no trabalho os scores! Muito louco!
      Por mais que seu amigo fosse mais velho, o meu caso era diferente… o “novinho” (eu) é que dava um jeito de derrubar rápido o score do velho. Mas tiveram momentos em que eu tive que suar pra conseguir bater o score do meu pai, vc não tem ideia.
      Disputa de score é algo bem gostoso de se fazer, especialmente quando duas pessoas estão no mesmo nível. Infelizmente online não dá pra fazer muito disso em nenhum jogo, sempre tem uma galera viciadíssima que te derruba lá pra posição 34789374591825 (sim, eu bati no teclado de qualquer jeito).
      Muito bom!
      Valeu Ulisses!

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