Olá meus caros, tudo bem com vocês?
Desde o começo eu digo que a Maratona Sonic segue a linha do tempo de títulos lançados que envolvem o ouriço, talvez quem acompanha a seção se lembre disso. Mas, e se eu dissesse que eu pulei um cartucho lançado para o Mega Drive que possui o personagem?
Pois é, muito antes de Sonic Drift 2, de Sonic Triple Trouble e até mesmo de Sonic & Knuckles, a SEGA lançava para seu console de 16 Bits uma espécie de mídia interativa com o ouriço que nem dá para chamar de jogo e que pra ser bem sincero eu não colocaria aqui na Maratona, mas que acabei colocando após conseguir uma versão completa dele.
Antes de dar continuidade, quem preferir ouvir a versão em áudio deste post, basta dar play abaixo:
Wacky Worlds Creativity Studio foi lançado em Julho de 1994, apenas três meses depois do lançamento do primeiro Sonic Drift. Foi desenvolvido pela HeadGames, estúdio americano que foi responsável por outros três jogos lançados para o Mega: X-Men 2: Clone Wars, Taz in Escape from Mars e Pink Goes to Hollywood (também lançado para o SNES).
Sinceramente, não tenho certeza se este título foi lançado para rivalizar com o Mario Paint do SNES (lançado em Julho de 1992), mas tudo indica que sim. O título do encanador também vinha com um mouse e um mouse pad, embora no final das contas Wacky Worlds tenha uma proposta completamente diferente. Infelizmente, diga-se de passagem. Eu já chego lá, antes queria contar um pouco da minha história no ano de lançamento.
Contei em outros posts da Maratona que em meados de 1994 minha família passaria a ter em casa o primeiro PC, um 486 que vinha com MS-DOS e o Windows 3.1 instalado. Pra quem não é da época, entendam que o Windows não era automaticamente carregado assim que o computador iniciava (embora tivesse como fazer isso). O sistema operacional principal era o MS-DOS, versão do DOS desenvolvido/mantido pela própria Microsoft. Não vou entrar em detalhes aqui.
O fato é que eu não usava o PC apenas para carregar jogos por linha de comando, também gostava de usar o Windows e seus jogos e aplicações. Entre eles tinha um tal de Paint, que vocês devem conhecer muito bem. Eu passava muito tempo naquele programinha tentando criar desenhos e colorir. Devo ter tentado desenhar o Sonic naquilo umas dezenas de vezes, sempre saía uma porcaria, dado que meus dotes artísticos são bem ruins para desenho. Sempre foram, são, e sempre serão. É a vida.
Lembro bem que mais ou menos nessa mesma época eu tive o primeiro contato com Mario Paint, na casa de um amigo de infância, o mesmo que fez o sacrilégio de trocar o Mega pelo SNES e me deu o chip piratão do primeiro Sonic que tenho até hoje e até citei no primeiro post da Maratona.
Aquilo era maravilhoso! Poder desenhar, pintar e até mesmo jogar um divertido jogo de matar moscas era o máximo. Fazer animações também. Mas nada era mais divertido do que fazer músicas naquilo, eu sempre achei muito bacana. Até tentei brincar nos últimos tempos com alguns softwares que emulam esta experiência. Pra quem não sabe, se procurar no Youtube, vai encontrar uma porção de músicas feitas em softwares do gênero.
Enfim, a primeira vez que soube da existência de Wacky Worlds, tinha a impressão de que era só uma mera cópia do Mario Paint. Curiosamente, nunca tive a vontade de tentar emular ele pra comprovar se era mesmo. E não sei explicar o porque.
Aí deixei o cartucho na minha lista de desejos de um site gringo que vende jogos novos e usados de todas as gerações e plataformas. Mas nunca encontrava ele completo, sempre faltava o mouse. Eu não queria colocar ele na minha coleção de Sonic estando incompleto, especialmente por não ser diretamente um jogo do ouriço, apenas incluir o personagem. Algo que provavelmente foi feito pra tentar impulsionar as vendas. Não vou entrar neste mérito também.
Recentemente, com a data de lançamento de Sonic Mania Plus se aproximando, percebi que nenhum site brasileiro estava com a pré-venda marcada para o mesmo dia dos outros países. Então que foi que eu fiz? Besteira, claro. Com o dólar lá em cima, fiz a pré compra no tal site citado. Só que eu quis dar uma de sem noção completo e resolvi olhar a lista de desejos antes de concluir a compra. E quem é que estava lá disponível e completo? Wacky Worlds, evidentemente. Coloquei no carrinho, comprei, me arrependi imensamente na hora de pagar a fatura do cartão e prometi que assim que o cartucho chegasse eu incluiria ele sim na Maratona do blog.
A verdade é que eu estou com uma preguiça tremenda de começar o próximo jogo planejado para a Maratona e usei esta tralha aqui pra ganhar tempo falando sobre ela. Que coisa feia, senhor Caduco. Mas tenho preguiça mesmo do jogo, logo vocês saberão qual é.
Pois bem, certo dia ele chegou e eu ignorei ele por algumas semanas (por estar vidrado no Sonic Mania Plus e outros jogos), mas uma certa noite eu resolvi abrir a embalagem (a loja deixa lacrado mesmo os jogos usados) e experimentar o pseudo jogo.
O melhor de tudo é que até este dia eu não vi absolutamente nada sobre ele, queria ser pego de surpresa. Numa época onde as informações chegam mesmo quando você não as quer, é raro ter um momento como este, de surpresa. Ou, no meu caso, decepção. Já chego nessa parte.
Ao abrir a caixa, a primeira impressão que tive foi ótima. Um mouse preto todo bonitão escrito SEGA grandão. Poxa, que bacana. Muito mais bonito que aquela coisinha feia cinza e roxa do SNES. Minha expectativa subiu para as nuvens, já estava me imaginando tentando desenhar alguma coisa usando esse treco e falhando miseravelmente, mas me divertindo no processo.
Aí eu virei o mouse de cabeça pra baixo e vi algo que não via há muito tempo: era um mouse de bolinha! Cara, tem gente que nunca nem viu isso na vida, e eu tava ali revendo algo que foi presente até na minha vida profissional (olha eu entregando a idade). Que sentimento maluco, por mais que mouse de bolinha seja um horror, foi gostoso rever um treco desses.
Puxei o próximo item da caixa: um mouse pad vermelho horrível, todo amassado dentro da caixa. Totalmente sem graça. Aí lembrei daquele de plástico cinza do SNES e percebi que o jogo tinha empatado. O da Nintendo é mais interessante, simples também, mas mais bonitinho. Além de ser feio pra diacho, tenho que mencionar que o mouse funciona muito mal em cima do mouse pad da SEGA, algo que fui perceber quando coloquei o cartucho no console.
Antes dos acessórios, tirei da caixa o próprio cartucho e o manual também. Os dois vieram dentro de um saquinho lacrado, méritos da loja. Cortei o plástico com o estilete sem dó nenhuma e comecei a dar uma folheada no manual.
Pra minha enorme surpresa, nele li que havia um modo de edição de músicas. Na hora eu nem li direito o que dizia ali, mas meus olhos brilharam e eu comecei a ficar em êxtase pra tentar fazer músicas dentro do Mega pela primeira vez na vida.
Na euforia, encaixei mouse e cartucho no Megão e liguei o console. Aí começou a grande decepção.
De cara aparece o Sonic em uma nave no espaço e alguns planetas para escolher. Entrei em qualquer um, não sabia qual era o de música. Aí descobri que nenhum era, que na verdade cada planeta serve como um cenário base para que sejam feitas as coisas, inclusive a mixagem de instrumentos e músicas.
Demorei um pouco pra entender como chamar o menu e, assim que descobri como fazia, fui seco na parte musical. Que decepção profunda. Logo percebi que não dava para compor músicas de fato, mas sim escolher uma espécie de card musical que carrega quatro instrumentos e brincar com aquilo: um instrumento para a percussão, batida e etc; o outro é como se fosse a melodia principal; mais um para a melodia secundária; e, por fim, um quarto instrumento para o baixo ou algo similar. Cada um representado por um músico virtual de uma espécie de banda virtual.
Cada instrumento pode ser trocado, como por exemplo os de melodia trocados por guitarra, teclado ou algum instrumento de sopro. Se bem me lembro, são 3 ou 4 opções por posição. Cada escolha dentro de um card tem duas melodias (ou sequencia de batidas) já pré-definidas, que a gente pode escolher e montar uma música. Extremamente limitado.
No mais, podemos colocar uma sequencia de cards musicais que ficam tocando enquanto estamos editando o cenário. Ao perceber tudo isso eu murchei. Até tentei fazer algumas coisas, desativar um ou outro músico (é possível, podemos deixar apenas a batida se quisermos, por exemplo) e fazer alguma coisa que fazia sentido, mas o treco era tão limitado e o movimento do mouse tão horrível que eu larguei tudo e fui pro que eu achava que era uma tela de desenhos, mas logo percebi que não era nada disso.
No caso, trata-se de uma tela onde podemos colocar e remover espécie de stickers (adesivos), que podem ser animados ou não. Então imaginem que temos um dos planetas que é como se fosse debaixo d’água e neles podemos colocar peixes, conchas, sereias, o James Pond e outras coisas do fundo do mar. Também dá para carregar stickers de outros planetas, mas fica um treco muito sem sentido. Tipo colocar uma sereia num quarto nadando.
Eu não sei se vocês tiveram na infância de vocês também, mas quando era pequeno eu e minha irmã ganhamos um quadrinho com um monte de ímãs que a gente podia ficar colando pra preencher o cenário de fundo. Eu não sei o nome disso e o quão popular ele foi na época, mas a ideia é exatamente a mesma, só que virtual. Alguém mais se lembra?
Depois descobri que é possível ficar editando as animações de cada sticker e até mesmo mudar a cor deles, mas a ferramenta é limitada a só esse tipo de coisa. Ou seja, é uma mídia interativa para crianças mesmo, imagino que de faixa etária mais baixa. Adolescentes muito provavelmente ficariam mais entretidos com uma experiência mais próxima de Mario Paint, especialmente num lugar onde poderíamos fazer quaisquer tipo de desenhos inclusive de pênis e animá-los quadro a quadro, entre outras coisas legais.
Pela primeira vez na vida eu queria muito que a SEGA simplesmente copiasse uma ideia da Nintendo sem tentar inovar, mas não foi o que aconteceu. Paciência, faz parte da vida.
E assim se encerrou a minha primeira e única experiência com Wacky Worlds. Sim, logo depois de testar pela primeira vez em uma noite fria e escura, eu guardei tudo dentro da caixa e coloquei no armário, na prateleira onde estão os jogos do ouriço. E por lá vai ficar esta caixa até que um dia eu resolva vender tudo. Porque colocar no console novamente não vai rolar.
Definitivamente não era a experiência que eu esperava, minha expectativa era outra. É uma dureza avaliar alguma coisa quando a expectativa é diferente. Eu quase sempre cito o lance de experiência versus realidade e aqui isso se aplica fortemente. Ainda mais que a divergência já está na parte conceitual da coisa.
Mesmo assim, ainda acho que não dá pra gostar naturalmente, a coisa não é lá muito bem feita e, como já falei, é super limitada. Volto a dizer também que acho pouco provável que crianças um pouco mais velhas, adolescentes e faixas etárias ainda maiores tenham se divertido com esse troço, mas posso estar enganado.
Pior que eu falo isso pensando na época mesmo. Sei que nem todo mundo tinha acesso à PCs em 1994, ainda mais no Brasil. Mas não dá pra se divertir com algo tão limitado vendo o rival com uma mídia lançada dois anos antes e com conteúdo muito mais interessante, nem sabendo que o PC tinha opções de software bem mais interessantes do que ficar colando adesivinhos animados.
Penso que aqui no Brasil quase ninguém teve acesso à Wacky Worlds na época de lançamento também. Imagino que quem teve alguma experiência com a mídia fez isso através de emuladores mais pro começo dos anos 2000 ou depois, o que deve ter ajudado a desinteressar as pessoas ainda mais.
Considero Wacky Worlds como uma grande bola fora da SEGA, não consigo defender esta mídia. Nem o conceito dela. De verdade, eu não daria um negócio desses pra um filho meu tendo consciência do que ele faz. Mesmo se fosse na época. Apesar que julgar hoje, em pleno 2018, seja muito mais fácil.
Enfim, baita perda de tempo ter testado isso. Mas gosto de saber que eu tenho ele completinho na coleção. Podem me julgar, não ligo.
Alguém de vocês chegou a experimentar? Na época? Ou quando foi? Contem a experiência de vocês também, quero muito saber. De verdade. Podem descer a lenha se curtiram na época, até porque é difícil julgar interessante já com a cabeça adulta. Acho que vocês entendem.
Espero que não tenha sido uma grande perda de tempo pra vocês lerem este post, agradeço a todos que fizeram isso, espero também que ajude a todos passarem bem longe dessa tralha. Encerro o post por aqui.
Até a próxima!
Grande abraço adesivado pra vocês!
Review de um abacaxi desses em mídia física e completo é outro nível!
Meu contato com o Mario Paint quando criança foi na casa de parentes que eu nunca mais vi após aquele dia. Certamente aquele programinha era de encher os olhos da molecada. O Wacky Worlds eu só descobri por emulação, mas o outro rival do MP, o Art Alive, eu tive a desfelicidade de comprar em cartucho numa locadora. Pelo menos era mesmo um Paint de fato.
Eu ri alto do “abacaxi desses”… huahuahuahuahuauhahuahua
E por falar em abacaxi, o Art Alive era outra bomba mesmo. Eu lembro que vi em revistas na época e achava que era todo modernoso, espivetado, jovem, etc.
Aí depois do seu comentário fui lá de curioso ver um vídeo dele e quase tive um treco.
Fica aqui minhas condolências pro Hyper Emerson do passado, ele não merecia este sofrimento… rs
Valeu Emerson!
> Mas tenho preguiça mesmo do jogo, logo vocês saberão qual é.
Nack the Weasel!
Acho que ele não tá nesse jogo que eu morro de preguiça. Mas só faltava ele mesmo pra completar o time genérico que aparece nessa inhaca do tal acessório inútil do Mega.
Pronto, agora vc sabe do que eu tô falando! hahaha
Valeu Wil!
Cartucho bem diferente hein rs.
Mano do céu, bota diferente nisso! Só não sei ainda se isso é bom ou se é ruim! hahaha!
Valeu Rock!
Mesmo com 40 anos e tendo vivido muito bem a fase dos 8 e 16 bits, não conhecia esse cartucho. Parece algo que eu perderia o interesse em poucos minutos de teste, mas entendo tua aventura (gastar comprando) e interesse por algo assim, sei como é a curiosidade ficar martelando na cabeça..
Ah cara, quando a gente decide que vai colecionar algo, a gente acaba fazendo algumas loucuras.
Esse Wacky Worlds foi uma delas. Só não sei pq não pesquisei antes de colocar o cartucho no Mega, devia era ter deixado ele lacrado! hahahahaha
Valeu Luís!
Bem isso mesmo.. em meus 30 anos lendo quadrinhos, já adquiri muita coisa de roteiro e gosto duvidoso, mas fazer o quê? KKK Colecionar é assim..
É, não tem jeito, não é só luxo quando a gente coleciona alguma coisa! haha!
Os quadrinhos tem mesmo muita coisa que não dá orgulho de ler, mas dá orgulho de ter, com certeza! XD
Valeu Luís!
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Gostaria de fazer uma caixa repro deste jogo, poderia me informar as dimensões desta caixa? Agradeço a atenção.
O mouse, você pode utilizar em outros jogos de Mega e Sega CD.
Oi Everton, pelo que eu medi aqui, a caixa tem 18cm x 13cm x 4,5 cm.
Um dia vou tentar testar o mouse no SEGA CD também, só me falta o add on… rs
Valeu!
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