Olá meus caros, tudo bem?
Depois de jogar Knuckles’ Chaotix e com isso terminar o capítulo mais esquisito da Maratona Sonic, olhei na lista de lançamentos em ordem cronológica para ver qual era o próximo jogo a ser jogado e fiquei um bocado desanimado. Acabei vendo que teria de encarar outro título que parecia estranho, um tal de Rabos Patrulheiro dos Céus Tails’ Skypatrol.
Antes de dar continuidade, quem preferir ouvir a versão em áudio deste post, basta dar play abaixo:
O desânimo fazia sentido: depois de jogar um título que tinha tudo pra ser legal e patinou demais, tendo como protagonista um dos amiguinhos do Sonic, além de considerar que foi lançado para uma plataforma com poder de processamento maior que o do Mega Drive puro, o que eu iria esperar de outro jogo de amiguinho do Sonic, com jogabilidade diferente da tradicional, pra uma plataforma de menor poder de processamento e ainda por cima um portátil?
Sim, eu estava tomado pelo preconceito. Estava com todos os escudos ligados. Se botaram o Knuckles em um jogo fraco de 32X, o que impediria de colorem o Tails em outro jogo não muito agradável para o Game Gear?
Mal comecei o jogo e já enchi ele de defeitos. Coisas tipo “nossa que nada a ver o Tails voando com uma argola gigante na mão”. Ou então o fato do jogo começar com uma fase de treino. Já não era bom sinal. Logo pensei: “coitado do Tails, ele não merece isso”.
Quando menos esperava, tomei um Game Over logo na área de treino. Fiquei cismado e intrigado. Resolvi esperar terminar o contador do Continue (eu não sabia se aquilo ia me prejudicar mais pra frente comendo um dos meus Continues) e recomecei o jogo.
De repente eu estava me divertindo pra caramba com Tails’ Skypatrol. Eu juro que não esperava, mas eu tive o insight que tava me divertindo pacas e aquilo abriu minha cabeça para que eu me entregasse ao jogo e curtisse ele sem nenhum tipo de preconceito bobo como os que tava tendo antes de começar.
Pois é, todo mundo passa por este processo de preconceito. Alguns conseguem lidar bem com isso e se desprendem quando percebem que estão se divertindo. Outros querem pagar de intelectuais e ficam batendo o pé dizendo que aquilo não presta. Pura teimosia. Faz parte da natureza de cada um, mas eu tenho que agradecer ao meu feeling por me permitir gostar desse jogo.
Lançado em Abril de 1995 para o portátil comedor de pilhas da SEGA, Tails’ Skypatrol é um divertido spin-off da franquia Sonic the Hedgehog que foi desenvolvido pelo Sonic Team em parceria com a SIMS e a JSH. O lançamento foi exatamente no mesmo mês e ano de Knuckles’ Chaotix, o que me dá a impressão que a SEGA estava tentando algum tipo de campanha para popularizar os outros personagens da franquia do ouriço azul. Ou aproveitar a popularidade deles pra “caçar mais níqueis”.
Detalhe curioso é que o jogo foi lançado apenas no Japão, embora no Ocidente ele tenha aparecido na coletânea Sonic Gems Collection (multiplataforma) e até mesmo como um minigame desbloqueável do Sonic Adventure DX: Director’s Cut do Nintendo Gamecube. Mas isso é história futura, não deveria caber na atual linha do tempo da Maratona.
O plot do jogo é bastante simples, como não poderia deixar de ser. Tails resolve se separar de seu amigo Sonic e começa a seguir suas próprias aventuras. Em um determinado momento ele percebe um enorme circuito de trilhos de ferro em uma pequena e solitária ilha no oceano. Logo desconfiou que o Dr. Robotnik estaria construindo uma base por lá, então resolveu investigar. Assim que chegou na ilha ele percebeu uma forte vibração vindo dos trilhos e resolveu se esconder. De repente, uma mulher bastante excêntrica passa por ele junto com seus capangas causando uma enorme confusão. Então nosso herói resolve salvar os animais da ilha, removendo a gangue de malfeitores da região.
Mecanicamente o jogo é super simples. O personagem está sempre voando, então os direcionais servem para movimentá-lo em qualquer direção e também para mirar a argola que ele tem em mãos. A argola é disparada com qualquer um dos botões. Ela serve para destruir inimigos, abrir passagens, pegar itens, acessar checkpoints (sinos), entre outros.
A tela se movimenta sozinha, mas podemos acelerar ou diminuir a velocidade dela indo para o canto direito ou esquerdo, respectivamente. Quando Tails é atingido por algo, ele começa a perder o controle de voo, que pode ser recuperado quando pressionamos os botões 1 e/ou 2 rapidamente.
Tem também um esquema de “gasolina”, que eu imagino que está mais para stamina ou fôlego, o que acharem melhor. O curioso é que para recuperarmos o fôlego do personagem, temos que pegar balinhas no meio do caminho. Eu nem sabia que o Tails gostava tanto assim de doces! E minha mãe sempre dizia que doces faziam mal para os dentes e que prejudicavam no fôlego, então fiquei sem entender nada. Tudo bem, não vamos questionar a lógica dos videogames.
Uma coisa que eu demorei pra perceber enquanto jogava é que usamos a argola para acumular itens que são proporcionados pelo jogo, como de invencibilidade, cristais (pontos), vida extra, etc. Se passarmos com o corpo do personagem por estes itens, nem sempre eles são acumulados. Mas se passarmos a argola (parem de pensar besteira do Tails, seus impuros), o personagem acaba pegando o item. Pior que eu achei a sacada boa, dá uma certa dinâmica. Ainda mais que a argola vai se movimentando conforme pressionamos pra direita ou pra esquerda.
Bater em alguma parede ou mesmo no chão resulta em perda de uma vida no game. Sendo assim, temos que estar sempre ligados para não deixar que isso aconteça. E o jogo faz de tudo pra que você bata, seja colocando alguns obstáculos e armadilhas.
No meio das fases existem postes em que a argola enrosca e somos arremessados na direção que uma seta próxima está apontando. Algumas aceleram o andamento da fase e ajudam, outras arremessam o personagem em cima de uma parede ou inimigo. Existem outros itens que “enroscamos” com a argola, como bigornas para descermos mais rápido ou bexigas para subirmos mais depressa.
Algumas bigornas te tiram de apuros, outras te jogam em uma armadilha. A mesma coisa pode ser dita das bexigas e outros itens que também estão presentes, como carrinhos de mina, switches e mais outras coisas que arremessam o personagem pra frente e eu não sei o nome daquilo. Catapulta?
Ou seja, o jogo é traiçoeiro. Você desvia de uma bigorna achando que aquilo era pra te prejudicar e morre logo em seguida porque bateu numa parede, já que não conseguiu descer todo corredor vertical da fase a tempo. Daí a próxima você pega achando que vai te ajudar e é colocado em uma situação de batida certa na parede. Tem que ir falhando e tentando de novo, até acertar o caminho. Não tem jeito. Contar com sorte ajuda também.
Tomei uma porção de Game Over pra chegar no fim do jogo. Ainda bem que os Continues são ilimitados. Pena que não sabia isso quando levei o primeiro na Training Area e recomecei o jogo. No fim deu na mesma, mas me custou mais tempo pra voltar pra fase.
Apesar dos Game Over e da decoreba, o jogo é curto. Tem apenas cinco fases (contando a área de treino). São elas: Training Area, Rail Canyon, Ruin Wood, Metal Island e Dark Castle. Com exceção da primeira, todas as outras tem batalhas contra chefes. Todas elas divertidas. Dá até para “agarrar” o chefe com a argola, girar ele e arremessar na parede ou chão. Não consegui perceber se isso tem alguma vantagem contra apenas bater no chefe com a argola, mas é divertido de fazer. Embora levemente arriscado.
O nome dos chefes, em ordem em que eles aparecem no jogo, a quem interessar: Focke-Wulf, Bearenger, Carrotia e Witchcart.
Tails’ Skypatrol acaba se tornando um jogo perfeito para um aparelho portátil (apesar da portabilidade do Game Gear ser questionável). Curto, divertido, ótima jogabilidade, leve, sem enrolação, várias tentativas, rotas alternativas pra tentar mais e mais vezes, etc. Os desafios são tão pontuais que o game acaba não ficando frustrante em nenhum momento, sempre dá aquela vontade de tentar de novo depois de dar aquela xingada nos designers das fases.
Eu particularmente adorei os gráficos e a trilha sonora do jogo. A parte visual cumpre bem o papel dela e entrega muito do que vimos em outros jogos do portátil da SEGA. Enquanto a trilha sonora combina perfeitamente com tudo, tanto a temática de cada uma das fases quanto na parte de ser um spin off mais puxado para o cômico do que para o sério.
Recomendo fortemente que vocês deem uma chance a Tails’ Skypatrol. Vocês vão se divertir um bocado e em pouco tempo vão colocar mais um jogo na lista de jogos terminados de vocês. É uma vitória dupla na carreira gamística! Não deixem que nenhum preconceito impeça vocês de jogar.
Eu vou ficando por aqui. Nos vemos no próximo post!
Mais uma vez obrigado pela leitura!
Abraços.
Que bacana! É ótimo quando um jogo surpreendente positivamente, principalmente depois de jogar um que parecia legal e não era tanto assim.
Curto pra caramba o Tails, mas como só tive Mega, não tive interesse posterior pra pegar outros jogos da turma do Sonic pra jogar. Também tenho que deixar alguns preconceitos pra trás Hehehe!
Ótimo texto!
Valeu mesmo!!!
Melhor coisa da vida é fazer essas descobertas depois de certa idade, quebrar uma porrada de paradigmas mentais que a gente tem e perceber o quanto a gente tinha de preconceito em situações passadas. Eu adoro vivenciar esse tipo de coisa e de quebra me divertir um bocado com mais um jogo nessa vida maluca que a gente vive!
Bom, tomara que a dica valha de algo pra vc e que vc se divirta com este e outros jogos da franquia! XD
Valeu!
Esse jogo está na minha lista pra se jogar no emulador de GameGear vi o Velberan jogar no canal dele e até achei interessante de como foi feito o gameplay.
Poxa, não vi que ele tinha jogado. Depois vou dar uma olhada no vídeo, fiquei curioso pra ver como foi o desempenho dele. O jogo é bem surpreendente, viu?
Valeu!
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