Maratona Sonic: Sonic Shuffle (Dreamcast)

Olá meus caros, tudo bem com vocês?

O tempo anda bem curto ultimamente, mas ainda consigo descolar alguns momentos para me dedicar aos jogos do ouriço mais rápido do mundo virtual e prosseguir com a Maratona Sonic.

Neste post vou falar de mais um spin-off da série, praticamente um clone de Mario Party. Segue o relato das minhas experiências com Sonic Shuffle.

Antes de dar continuidade, quem preferir ouvir a versão em áudio deste post, basta dar play abaixo:

Desenvolvido e publicado pela SEGA em 2000 para o Dreamcast, Sonic Shuffle é um party game de tabuleiro com mini games. Exatamente igual ao Mario Party, desenvolvido pela Hudson Soft em parceria com a Nintendo e lançado no final de 1998 para o Nintendo 64.

Claro que a SEGA percebeu o sucesso do jogo da rival e gosto de acreditar que ela logo imaginou que um jogo de seu principal mascote e seus amigos nos mesmos moldes tinha tudo pra dar certo e impulsionaria as vendas do seu mais novo console.

Como o Sonic Team estava totalmente envolvido com o desenvolvimento de uma continuação de Sonic Adventure, a empresa contratou o time da Hudson responsável pelo desenvolvimento de Mario Party, trouxe para dentro de casa e juntou com a equipe responsável pelo desenvolvimento de Jet Set Radio e, com apenas a supervisão do Sonic Team, deu início ao projeto.

A equipe do Jet Set Radio ficou responsável pela parte gráfica, o que resultou em um jogo feito com cel shading, exatamente como o jogo dos patinadores. E de fato ficou um resultado bonito, algo que ainda é agradável em pleno 2019, se você não for daqueles jogadores frescurentos que qualquer micro detalhe já descarrega o mimimi.

O plot do jogo é mais ou menos o seguinte: existe um mundo dos sonhos e imaginação, chamado Maginaryworld. Existe também uma fada, chamada Lumina, que deseja proteger o mundo de um vilão chamado Void. Sonic, Tails, Knuckles e Amy acabam de alguma forma se teleportando para este mundo e resolvem ajudar. Claro que junto veio o Dr. Robotnik Eggman pra causar mais problemas. Este tem o objetivo de dominar o Maginaryworld, como era de se esperar.

Sonic Shuffle possui um Story Mode, que conta este plot e coloca os jogadores em cinco tabuleiros diferentes para conseguir salvar o Maginaryworld e ver os créditos. Ou seja, não é apenas um jogo para se divertir com os amigos de forma descompromissada. Ainda assim, se estiverem afim de algo mais casual, basta selecionar o Versus Mode.

Além dos quatro personagens que podem ser selecionados para a jogatina já mencionados, também existem outros que podem ser desbloqueados. Basta seguir os critérios estabelecidos, que eu não vou entrar no detalhe aqui, pra isso existem os walkthroughs espalhados pela Internet.

Dados todos estes detalhes, vocês devem imaginar que Sonic Shuffle tem tudo pra ser mais um jogo divertido. Poxa, o jogo tem os gráficos de Jet Set Radio, as mecânicas desenvolvidas pelos caras que fizeram Mario Party, personagens carismáticos da franquia Sonic, Dreamcast novinho em folha pronto pra receber um título da série e ainda um modo pra jogar contra o computador e fazer final? Como poderia dar errado? Acreditem, não só tinha como dar errado, como deu. Mas antes de entrar nisso, permitam que eu explique um pouco mais sobre o jogo, já que ele é talvez um pouco obscuro para a maioria dos jogadores.

Usando um jogo mais popular como base para a explicação, o esquema do jogo é de fato igual ao de Mario Party. Tem o tabuleiro, tem os mini games, tem um objetivo que identifica vencedores. Precisamos coletar Precioustones. Quem tiver mais no final, vence. No mesmo esquema das estrelas do Mario Party.

São sete pedaços das Precioustones por tabuleiro e elas não aparecem todas juntas. É necessário que uma seja obtida para que outra apareça. Quem estiver mais longe quando ela for obtida ainda é punido com a perda de parte das argolas que coletou ao longo da jogatina. Aliás, as argolas são um dos critérios de desempate, embora ainda tenham as side quests dentro de cada tabuleiro que possuem mais peso do que os famosos coletáveis da franquia.

Como disse, neste jogo também temos os mini games. Tenho pouco contato com Mario Party pra afirmar com firmeza, mas o pouco que me lembro, nele os mini games são ativados sempre no fim de cada rodada e as equipes são definidas dependendo da cor da casa que cada um dos jogadores estiver. No caso do Sonic Shuffle é diferente: o tabuleiro lembra um pouco o do Jogo da Vida, onde cada casa possui uma ação que vai ocorrer quando o jogador parar nela. Seja ganhar argolas, perder argolas, ativar um mini game ou um mini evento, usar mola para ir para outra parte do tabuleiro, entre outros.

A quantidade de casas que andamos com o personagem funciona de forma diferente também. Enquanto no Mario Party tem uma espécie de “sorteio” de quantidade de casas, com o número crescendo e resetando ao atingir o valor máximo e o jogador tenta acertar o número pretendido, em Sonic Shuffle temos cartas com o número de casas que vamos andar. O jogador enxerga as cartas dele, mas ele pode optar por tentar roubar a carta de outro jogador, sem saber o valor de cada carta. Vai na sorte mesmo. As vezes parece ser a melhor opção. Ao acabarem as cartas de todos jogadores, elas são embaralhadas e redistribuídas.

Os personagens podem contar com o apoio de Forcejewels, que são joias que são obtidas ao longo da jogatina e que servem como “power ups”. Por exemplo, uma delas pode ser usada para que utilizemos mais de uma carta de movimento em uma única rodada. Ou outra que impede que qualquer outro personagem ultrapasse o seu no tabuleiro por algumas rodadas. E por aí vai.

As cartas também são usadas em combates, quando entramos em casas que ativam um. Eles normalmente acontecem para obtermos as Forcejewels ou as Precioustones. Cada chefe aparece com uma quantidade de vida acima (no formato de uma carta) e o jogador deve escolher uma carta para aplicar o dano de ataque. Assim que escolhemos a carta, um contador entre 1 e o valor escolhido aparece subindo para que o jogador pressione o botão no momento desejado para aplicar o dano selecionado. Mais ou menos o esquema de movimento do Mario Party (pelo menos o que eu joguei no Wii). Se aplicar dano igual ou maior ao inimigo, ele é derrotado. Caso contrário, ele leva dano equivalente e o jogador perde algumas argolas no contra-ataque.

Se o jogador vencer dentro de um tabuleiro no Story Mode, o próximo é desbloqueado. Agora, como isso acontece, eu não faço a menor ideia. Isso tem tudo a ver com a parte que considero problemática dentro do jogo.

Vencer personagens controlados pela máquina (vou chamá-los de CPU a partir deste ponto) é uma tarefa quase sobre-humana. As CPUs simplesmente sabem tudo sobre o jogo, mesmo quando colocamos ela no nível Normal (podemos escolher Easy e Hard também).

Dentro do tabuleiro, elas sempre sabem o melhor caminho, fazem de tudo pra cair nas melhores casas e sempre se equipam com as melhores Forcejewels. Sempre sorteiam a carta correta pra cair na melhor casa possível. E isso inclui não somente escolher a melhor carta da mão deles, lembrando que elas podem ver o valor destas cartas. O negócio é tão absurdo que elas sempre acertam até as cartas que não podem ver, seja as das outras CPUs, seja as do jogador. Normalmente é a do jogador, que é pra ferrar ainda mais com a vida dele, forçando com que ele fique sempre com as cartas piores (normalmente as de menor valor).

As CPUs também nunca erram ataques contra inimigos e sempre vão muito bem nos mini games. A ponto de não dar a menor chance ao jogador. Raramente elas se dão mal em mini eventos também, sempre caem nos que fornecem bastante argolas e, quando existe algum tipo de pergunta que precisa ser acertada para que a CPU ganhe o bônus, elas vão acertar sempre. É ridículo!

A CPU é muito roubada, o termo correto é bem esse mesmo. Joguei duas vezes o primeiro tabuleiro, com o Sonic. Nas duas vezes fiquei em segundo lugar. Na primeira jogatina fiquei com a impressão de que havia algo estranho, mas relevei. Era a primeira vez que eu jogava, é natural uma pessoa iniciante/inexperiente não conseguir vencer num jogo desta categoria assim de cara.

Só que na segunda eu fui com tudo, peguei de cara os três primeiros pedaços da Precioustone e já tava preparado pra cantar a vitória. No meio do caminho a CPU fez de tudo pra que uma delas (Knuckles) conseguisse dois pedaços e a maior quantidade de argolas possível, enquanto eu era punido o tempo todo com perda de argolas. O placar ficou assim: eu = 3 x Knuckles = 2 x Amy = 1 x Tails = 1. No fim o Knuckles ganhou mais um ponto de bônus por realizar side quest (e eu nem sei qual nem quando) e com o empate declarado, o desempate veio no número de argolas.

Eu fiquei extremamente irritado, prometi a mim mesmo que nunca mais jogaria este jogo. Durante esta segunda jogada eu fiquei fazendo (em voz alta) várias frases sarcásticas, tipo “claro que deu sorte de pegar minha carta com valor seis no baralho, como ele é sortudo, não?”, entre outras similares e mais cheias de palavrões e xingamentos.

Engraçado que os únicos eventos em que eu ia bem eram os Accidents. São eventos que ocorrem esporadicamente, não consegui identificar exatamente quando, parecem aleatórios mesmo. No entanto, não valem muita coisa. É mais para ter um Mini Game para quebrar o ritmo do tabuleiro e para coletar algumas argolas a mais. Nada de mais, mesmo. Vai ver é por isso que as CPUs deixavam eu ganhar.

Dado o nível de nervosismo da minha parte, resolvi respirar fundo e dar uma olhada em como foi a recepção do jogo na época. Queria ter certeza de que se não é o Cadu de 2019 avaliando injustamente.

Pra minha não surpresa, o jogo recebeu muitas notas medianas da mídia especializada. Sempre algo em torno de 40% a 55% do valor máximo. Teve revista que chamou o jogo de “clone inferior de Mario Party”, teve quem reclamou que dava pra jogar o tabuleiro todo sem acessar nenhum mini game (e é verdade).

No geral, os críticos disseram que os mini games eram complexos demais e muito mal explicados, além de serem nada divertidos como os da franquia rival. Outro ponto que reclamaram bastante foram os loadings demorados. Ao mesmo tempo, embora eles tenham detestado o gameplay nestes aspectos, todos eles elogiaram bastante tanto os gráficos quanto a parte sonora.

E de fato eu concordo com tudo o que disseram. O jogo é bem bonitinho, a parte sonora é super agradável. Inclusive o conceito era bacana, mas mais uma vez caímos naquela frase que eu soltei aqui pela primeira vez no post de Sonic Spinball: “a intenção foi boa, só faltou acertar”. Talvez aqui ela se encaixe ainda melhor que no jogo de Mega Drive, lembrando que até profissionais especialistas no gênero haviam sido absorvidos pela empresa para o desenvolvimento. Uma pena que deu errado, fico triste de verdade.

Não adianta a gente tentar forçar a barra dizendo que parte do público gostou. Tem que tomar cuidado pra não entrar naquela onda da galera que gosta de todos os jogos do Sonic invariavelmente. O famoso torcedor da franquia. Estes daí nunca vão enxergar os defeitos, então nem vale a discussão. Lembrando que tá tudo bem gostar do jogo, mas por favor não venham dizer que ele é bom. Está distante disso.

Além de ver a recepção na época pela mídia e público, fiquei curioso para ler os reviews de outros jogadores desde a popularização da Internet e as mesmas reclamações surgiram. Mas as principais broncas estão relacionadas ao que mais me decepcionou, praticamente a roubalheira da CPU.

Um deles me fez dar risada com o título do review, que dizia algo tipo “você vai gritar, você vai se irritar, você vai questionar a existência de Deus”. Sensacional! Ele ainda sugere que a gente se junte com mais dois amigos e deixe o quatro player como CPU, e fazer de tudo pra ferrar com a CPU durante todo gameplay. Por pura vingança! Eu ri! E desejo fazer um dia. Vou aliviar a alma, juro! Estou recrutando parceiros…

Ou seja, não é papo de mau perdedor. O jogo é sim desbalanceado e rouba sim para a CPU, sem a menor vergonha. Olha que eu sou do tipo de pessoa que se pune cada vez que perde e também sou muito contra as famosas desculpas em jogos, tipo “o controle tá ruim”, “eu apertei o botão”, etc.

Ainda sou contra a ideia de fazer um jogo que é “terminável” (possui fim / créditos) que dependa de sorte. Falei a mesma coisa com Sonic Spinball, repito para Sonic Shuffle. Os dois jogos com selo “a intenção foi boa, só faltou acertar”. Coincidência? Talvez não. A ideia é péssima mesmo, jogo terminável não pode nunca depender de sorte. Nunca!

A esta altura do campeonato vocês já conseguem perceber o tamanho da minha frustração, não? E quando um jogo deixa de ser divertido e vira frustrante, ele não vale a pena. Então afirmo que não recomendo o jogo pra ninguém, a não ser que a pessoa vá com a mente completamente aberta, disposta a perder, e vá apenas conhecer o jogo sem nenhuma expectativa. Vai fundo se você gosta de perder, vai saber. Galera é meio masoquista as vezes. Eu também sou.

Para vocês terem uma ideia, eu comecei Sonic Adventure 2 em paralelo e priorizei ele ao invés do Shuffle, que fiquei enrolando pra jogar a segunda vez. E acreditem, eu sempre fugi de Sonic Adventure 2, depois de conhecer o 1 e depois de experimentar e ter problemas com Motion Sickness. Bem, eu vou elaborar isso melhor no próximo post, então peço para que aguardem.

No fim do primeiro tabuleiro temos que jogar mais este Mini Game / Accident, que eu não entendi nada e perdi nas duas vezes em que joguei.

 

Por falar em escrever post, eu até já mencionei aqui que fico fazendo anotações enquanto jogo para depois lembrar de escrever no texto que vai pro ar. Se vocês vissem a quantidade de palavrões que eu escrevi no arquivo de Sonic Shuffle, vocês ficariam impressionados. Dá vontade de colocar um print aqui só pra vocês verem, mas eu acho melhor não.

Acho que é só tudo isso mesmo.

Agradeço aos que tiveram a paciência de ler este texto “mimizento” até o fim!

Abraços a todos. Nos vemos no próximo post.

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Sobre Gamer Caduco

Apenas mais um cara que nasceu nos anos 80 e que desde que se conhece por gente curte muito videogames, não importa a geração.
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8 respostas a Maratona Sonic: Sonic Shuffle (Dreamcast)

  1. Sonic Shuffle é um dos jogos da série que eu mal lembro que existem e nunca joguei nem em console ou emulador, então não posso comentar muito mas o que sei é bem isso o que você comentou, que a CPU é obviamente viciada.
    Interessante como pegaram logo a Hudson para desenvolver o jogo e ele saiu meia boca assim. Talvez tenha sido justamente na intenção de torná-lo distinto de Mario Party.

  2. Pingback: Maratona Sonic: Sonic Adventure 2 [: Battle] (Dreamcast, Game Cube, PC, Playstation 3, Xbox 360) | Gamer Caduco

  3. Rodrigo Dimitri diz:

    Na verdade, a versão japonesa é mais balanceada, sendo que cheguei no terceiro tabuleiro na floresta. Ainda tem uns roubos mas é menos que a versão americana. Além disso, apesar de japonês, é perfeitamente jogável.

    • Pô, valeu pela dica, Rodrigo!
      Vou dar uma olhada na versão japa em algum momento!
      Eu preferi nem arriscar, já tava puto da vida com a versão americana, imagina sem entender a história e tudo mais na japonesa. Se soubesse que era mais fácil, talvez mudasse o foco. Mas eu também nem fui atrás.
      Valeu!

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