Olá caríssimos leitores, como estão?
Sou capaz de apostar que muitos de vocês, especialmente os que acompanham a Maratona Sonic, entraram neste post aqui esperando mais um daqueles episódios onde eu vou esbravejar um monte de coisa sobre um jogo questionável e que vocês vão rir muito da minha cara, além de esperar chegar o Meme Gamer deste ano para votar nele como o melhor jogo que joguei só de zoeira, né? Quem pensou isso não poderia estar mais enganado.
Por incrível que pareça, Sonic Unleashed não está na minha “lista particular do ódio”. Não que eu tenha uma, só modo de dizer. Ao longo do post vou explicar para vocês entenderem melhor o meu sentimento em relação ao game.
Posso afirmar que este post será bem diferente do restante da Maratona, até porque é um capítulo muito especial. Foi exatamente este o jogo que acendeu a minha curiosidade para jogar todos os títulos da franquia do ouriço na sequência, ou seja, ele é basicamente quem me motivou a criar esta seção. Então o formato deve ficar um pouco diferente do que vocês viram nos últimos anos.
Não foi ele sozinho que me fez chegar nesta ideia. Tudo começou com Sonic Generations e Sonic the Hedgehog 4: Episode 1. Já adianto para vocês que são títulos que gosto, doa a quem doer, mesmo sabendo que o Sonic 4-1 não é um bom jogo quando pensamos na franquia como um todo. Por mais que eu tenha curtido, na época eu vi toda discussão que ele gerou, com muita gente atacando diversos pontos dele enquanto alguns outros pouco se importavam e só se preocupavam em se divertir com o jogo. Dá até pra fazer um meme disso.
Antes de mostrar o meme, um convite: quem preferir ouvir a versão em áudio deste post, basta dar play abaixo:
Agora sim, continuando.
Eu estava no segundo time, dos que se divertiram. Logo depois veio o lançamento do Generations, jogo que apresentou toda a história do ouriço (canônica) contada em fases já conhecidas, reimaginadas em ambientes em 3D e gráficos mais modernos. Isso tudo utilizando a Hedgehog Engine, que foi criada justamente para o desenvolvimento de Sonic Unleashed.
Dada toda a carga de reclamação que eu via em fóruns e redes sociais, não só sobre Sonic 4, mas da franquia de um modo geral, eu liguei meio que um alerta na minha cabeça. Será que as pessoas reclamavam demais? Será que as pessoas tinham razão? De fato eu entendia as reclamações contra o jogo episódico que ousou ser a continuação de uma série aclamada do passado, mas não entendia algumas pessoas falando mal de Sonic Generations como se ele fosse uma abominação. Não somente pelo fato de gostar dele, mas também por saber que ele é um bom jogo.
Em meio a tantas discussões sobre a franquia, vi a galera também metendo o pau em Sonic Unleashed. Fortemente. Para mim era estranho, pois a Rooftop Run (fase que representa o Unleashed dentro de Generations) é legal pra caramba. Tanto a fase clássica quanto a moderna são bastante divertidas. Sem falar na trilha sonora dos dois Acts. Como que aquele jogo poderia ser ruim?
Detalhe que antes de jogar o Generations eu já tinha descolado uma cópia de Unleashed, pra colocar na coleção que eu havia acabado de começar. Em Novembro de 2011 troquei o Guitar Hero: World Tour pelo jogo descrito neste post, usando uma plataforma famosa de troca de jogos que não patrocina o blog. Entretanto, fui jogar Generations um mês depois desta troca, deixando pra jogar Unleashed em algum momento do ano seguinte, em 2012. Olha só, isso já tem 10 anos.
Depois de jogar também o Unleashed, eu comecei a achar que a galera era resmunguenta demais, mesmo quando tinha razão em um ponto ou outro. Foi aí que eu resolvi jogar tudo da franquia na sequência e tirar minhas próprias conclusões. Assim nasceu a Maratona Sonic, que teve seu primeiro post em Novembro de 2012. Cá estou eu, há praticamente dez anos fazendo exatamente isso. Lembrando que muitos jogos da série eu revisitei, enquanto outros eu acabei jogando pela primeira vez.
Sei que tem pessoas aí que já jogaram tudo do ouriço em muito menos tempo. Sei que tem sites por aí que já dissecaram todos os jogos da franquia, com análises robustas, curiosidades e mais um monte de dados que deixariam a Wikipedia com inveja. Mesmo assim, nada disso me afeta, de nenhuma forma. Quem acompanha a seção sabe que os posts dela são muito mais pensados nas minhas histórias pessoais e observações que faço daquilo que acho relevante. E vão continuar assim. Não a toa eu já escrevi tantas palavras neste post e ainda nem comecei a falar sobre o jogo.
Porém, eu avisei que este post seria diferente, não avisei? Pois bem, ele não terá somente a minha visão pessoal sobre o jogo. Eu convidei aqui dois amigos imaginários para me ajudar. Sim, eu sou louco neste nível mesmo, podem julgar a vontade. Mas tem uma razão. Cada um deles vai representar opiniões polarizadas sobre Sonic, cada um em seu respectivo polo.
Fica o disclaimer: eles são visões exageradas de grupos específicos, e devem ser vistos de forma cômica e não ofensiva. Como dizem na televisão, “qualquer semelhança é mera coincidência”, ou seja, não foram inspirados por nenhuma pessoa existente na face da Terra. São personagens imaginários que vão dizer alguns absurdos algumas coisas que eu li ao longo destes anos todos de blog. Algumas com sentido, outras nem tanto. Enquanto isso, eu vou responder o que penso sobre as afirmações e até provocações.
Permitam que eu os apresente.
Primeiro o mais velho, claro. O ReTrueGamer16Bit1111 é um cara das antigas, que joga videogame desde os anos 80 e que ama as gerações 8 e 16 Bits. Um retrogamer bem clássico que sabe tudo sobre o assunto e que conheceu Sonic no Mega Drive. Se apresenta aí, meu caro.
ReTrueGamer16Bit1111: E aí pessoal? Sonic Unleashed é um lixo! huehueuheuehueuhe
Putz, começamos bem. Com aquele trocadilho infame que nem eu vejo graça. E olha que eu adoro (e faço) os piores trocadilhos possíveis. Bom, de qualquer maneira, entendo que cabe o questionamento: será que Sonic Unleashed é tão ruim assim? Vamos ver ao longo do post.
Enfim, hora de apresentar o outro amigo, que é o GuyFromMobius1406. Ele conheceu Sonic no Dreamcast, adora Sonic Adventure 2 e é fã de carteirinha do mascote. Até tem um site dedicado ao ouriço e participa de Wikis e Fandoms do personagem. Sabe tudo sobre Sonic, podem perguntar a vontade. Vou deixar o espaço para ele se apresentar.
GuyFromMobius1406: Faaaaaaaalaaaaa galera! Sonic unleashed é bom!!!!! Não sei o que essa cambada de velhos tem contra o jogo!!!
Eita, esse puxou sardinha pro outro lado e também já está pulando paras as conclusões. Calma você também, jovem. A gente ainda nem discutiu o jogo pra sair afirmando qualquer coisa. Vamos ver se ele é tão bom assim quanto você está dizendo.
Antes de mais nada, vou começar dando alguns dados técnicos que, pelo menos na minha visão, são importantes pra gente marcar a linha do tempo da Maratona e relembrar um pouco a época.
Sonic Unleashed foi lançado em Novembro de 2008 para os consoles Wii, PlayStation 2 e Xbox 360. No mês seguinte foi lançada também uma versão para o PlayStation 3. O jogo foi publicado pela SEGA, mas há uma certa divisão entre o desenvolvimento das versões dele. Enquanto o Sonic Team ficou responsável pelas versões, digamos, em alta definição (X360 e PS3), a Dimps desenvolveu a versão de Wii e PS2.
A versão “mais poderosa” do jogo foi desenvolvida utilizando uma ferramenta que ficaria conhecida como Hedgehog Engine. Esta engine foi usada em jogos posteriores do ouriço também. A versão da Dimps não utiliza a engine, então a empresa teve que dar seu jeito pra desenvolver as outras duas versões e tentar deixar o mais parecida possível com as demais.
Há também uma versão do jogo para dispositivos móveis feita pela Gameloft. Porém, vou ignorar completamente esta versão na Maratona Sonic.
Para este episódio estou considerando apenas a versão que usa a Hedgehog Engine, pois é a que eu já conhecia antes da Maratona. Pretendo fazer um post separado para as versões de Wii e PS2, que será como uma espécie de extensão deste post. Se a SEGA pôde fazer algo parecido com Sonic 3 & Knuckles, por que eu não poderia?
Sonic Unleashed trouxe algumas grandes novidades. Mas antes de falar sobre elas, queria relembrar que este jogo possui dois tipos diferentes de jogabilidade quando pensamos nas fases. Existem as fases diurnas e noturnas, além de áreas para interação com NPCs (algo como os Adventure Fields de Sonic Adventure, tipo de coisa que eu não canso de dizer que detesto completamente).
As diurnas são mais próximas da série original como um todo, ou seja, fases em alta velocidade, desafios de plataforma e etc. A grande novidade nelas é que, ao longo das fases, a jogabilidade alterna de 3D para 2D. As partes em 2D tentam simular um pouco do que a gente tinha em jogos clássicos da franquia, porém aplicando física e mecânicas modernas. As partes com jogabilidade em 3D também são diferentes do que foi lançado até então, já que não temos mais um campo mais aberto, mas sim um caminho mais limitado quase que “nos trilhos” para seguirmos sempre em frente. Inclusive esta estrutura de fase faz com que a transição de 3D para 2D funcione muito bem, de forma suave e fluida, sem causar estranhamentos.
Já as fases noturnas possuem jogabilidade totalmente diferente. Levando em conta o enredo do jogo, o ouriço se transforma no Werehog, uma versão mais obscura que mistura o ouriço a um lobo, e claramente é inspirada na lenda do Lobisomem. Sua jogabilidade é mais próxima de um hack’n slash, uma ideia colocada em prática muito por conta do sucesso que o gênero fazia na época, principalmente por conta dos três primeiros jogos da franquia God of War.
A essência do jogo é basicamente essa, se a gente pensar nas fases e jogabilidade. Claro que existem outros diversos fatores que a gente deve levar em consideração numa possível análise. Mas os posts da Maratona Sonic não são análises. Sempre gosto de lembrar isso a todos.
Já me adiantei e deixei a entender logo no começo do post que eu gostei da experiência com Sonic Unleashed, então aproveito para afirmar com todas as letras que gosto sim do jogo. Agora, posso afirmar que o jogo é bom? Não sei, talvez seja um exagero dizer.
GuyFromMobius1406: Só rindo mesmo, por que ele é ruim? É por causa do Werehog? Se for eu até concordo, mas Sonic Unleashed é BOM!!!
Não, meu caro, eu não chamei o jogo de ruim. Em nenhum momento do texto usei esta palavra, pelo menos até agora. A vida é muito mais que classificar tudo como “preto ou branco”, tem uma escala de cinza enorme no meio. Você reparou que eu falei que gosto do game?
Bem, vamos começar a falar sobre o jogo e opinar de uma vez.
Como falei, eu já havia jogado Sonic Unleashed em 2012. Dez anos depois eu joguei novamente, desta vez em doses homeopáticas. Foi uma jogatina de cinco meses, com alguns momentos em que larguei o jogo por longos períodos. Não que eu tenha desanimado ou algo assim, foram as coisas da vida que não me deixaram seguir com dois jogos em paralelo e eu acabei dando prioridade para outros que estavam no meu backlog, pra depois retomar o Unleashed e jogar até conseguir uma porção de troféus do jogo e mais outras coisas que não havia visto quando joguei pela primeira vez.
Vamos relembrar o que eu falei sobre o jogo no Meme Gamer de 2012? Vou colocar aqui na íntegra.
O tal do jogo que os reclamões costumam chamar de “o jogo do ‘lobisomem’” não é tão ruim quanto dizem por aí, mas está cheio de detalhes que incomodam (agora no mau sentido). Mesmo assim me diverti jogando, existe uma certa dificuldade em alguns estágios. Vou fazer um review melhor dele durante a Maratona Sonic, aguardem.
GuyFromMobius1406: Olha aí, não falei? Sonic Unleashed é divertido e BOM!!!
ReTrueGamer16Bit1111: Não viaja, moleque! Ele disse que o Sonic God of War aí é cheio de detalhes que incomodam. É óbvio que ele sabe que o jogo não presta e que Sonic bom é o Sonic de Mega Drive! Não o Sonic Lobisomem.
Ai ai, tem gente que só enxerga o que quer, né? Os dois. Vou comentar os comentários de vocês.
Primeiro de tudo: “Sonic God of War” é outro termo que me incomoda bastante. Não é porque o jogo do espartano popularizou o gênero e provavelmente pode ter servido de inspiração para algumas mecânicas que o jogo do ouriço merece esta alcunha. Ainda mais quando ela é feita de forma pejorativa, querendo alegar que God of War não é uma franquia jogada por “jogadores de verdade”. Na época tanto do próprio God of War (2005) quanto de Sonic Unleashed (2008) era comum ver um monte de gente pregando na Internet que o exclusivo de PS2 e similares não eram “videogame de verdade”. Sobrou até para o ótimo Castlevania: Lords of Shadow, mas prefiro não entrar no mérito.
Na boa? Pra mim isso sempre soa de forma bem babaca. Eu não canso de dizer que é muito ridículo quando a gente vê alguém tentando argumentar com “de verdade”, ou tentando rotular as coisas como “hardcore” e “casual”, especialmente quando estão tentando fazer algum tipo de separatismo e/ou estão tentando atacar alguém ou algum grupo de pessoas.
Além do mais, “Lobisomem”? Por que as pessoas insistem em chamar de “Sonic Lobisomem”, se nem “homem” (no sentido de “humano”) o Sonic é? Nunca pensaram em tentar traduzir o Werehog para Lobouriço ou algo do tipo? Faz mais sentido e soa menos tosco também. Só menos tosco, pois ainda é tosco.
Observação besta: a TecToy provavelmente chamaria ele de Lobo-Espinho.
Respondendo a outra mensagem, sim, uma das grandes falhas de Sonic Unleashed é justamente o gameplay das fases noturnas. Não é o Werehog em si, não é o fato do jogo se dividir entre uma jogabilidade mais parecida com Sonic e outra de outro gênero. É o fato de que estas fases são ruins de forma geral.
Em primeiro, pelo menos na versão de PlayStation 3 (a que eu joguei), são notáveis as quedas bruscas de framerate nestas fases. É algo muito forte mesmo, passando a impressão de que o jogo passa a rodar a menos de 30 quadros por segundo o tempo todo.
GuyFromMobius1406: Frescura! Já vi que você é desses que reclamam quando cai 1 fps do jogo.
Não, definitivamente não sou. Em algumas situações onde pode interferir na jogabilidade eu reclamo, mas quedas imperceptíveis ou jogos que rodam a 30 fps de forma constante e suave eu jogo feliz da vida. Só que não é o caso de Sonic Unleashed. A jogabilidade dele não é nada fluida. Ela é bem travada, imagem dando vários “soquinhos”. Algo muito visível, que incomoda um bocado e atrapalha com alguma frequência.
Em segundo lugar tem as fases em si. Elas são cheias de inimigos completamente genéricos e sem graça. Carisma zero. Falo aqui tanto dos inimigos comuns quanto os maiores e até chefes. De verdade, antes de jogar de novo eu não lembrava de quase nenhum deles, só lembrava que eram uns bichinhos azuis ou verdes, todos eles meio que fluorescentes. Parece até um evento noturno de música eletrônica.
GuyFromMobius1406: E daí? Os combates são bons e tem um sistema de combos bem variado. Sem falar nos desafios de plataforma. Como um jogo desses pode ser ruim?
Sim, de fato os combos são totalmente variados. Mesmo assim, os combates podem ser todos resolvidos só na base do mesmo combo infinitamente. Os outros se tornam desnecessários. Algo que torna tudo muito sem graça, uma jogabilidade totalmente apoiada em esmagamento de botões.
Infelizmente os desafios de plataforma também não são grandes coisas. Por diversas vezes a gente fica em situações que é pular e ficar apertando botões repetidamente até ele se grudar nos lugares e prosseguir. Não tem grandes desafios ou momentos memoráveis. Nem pro bem e nem pro mal.
Ou seja, o level design das fases noturnas no geral é muito sem graça. Estas fases realmente não tem nada de mais. Isso somado ao problema de framerate já reportado nos deixa com sensação de que estas fases são ruins. Vou repetir: aqui sim eu estou chamando uma parte do jogo de ruim. Pode dar chilique a vontade.
Aproveitando o gancho, tenho uma coisa curiosa pra compartilhar. Lembro que nas minhas pesquisas eu cheguei a ver gente falando que era só colocar o Knuckles no lugar do Werehog e que isso tornaria o jogo muito melhor. Meus caros, não caiam nessa falácia. Já disse e vou repetir, o problema não é a versão do personagem e nem o plot, mas sim a jogabilidade e o level design.
GuyFromMobius1406: Lógico que não é o plot, até porque a história é ótima e as cutscenes são de fazer inveja até na Disney.
Olha, de fato o jogo é muito bonito de forma geral, não só nas cutscenes. Os gráficos e a iluminação são muito impressionantes pra época. Tudo é bastante colorido e vivo, até mesmo as cidades que visitamos são espetaculares, visualmente falando. Não posso discordar de você. Mas inveja na Disney talvez seja exagero. Ainda mais nas cutscenes em que o Sonic entra nos templos e tira a Esmeralda de um lugar que aparentemente não bate sol, se é que me entendem.
A história pra mim é satisfatória. Não vou entrar muito no detalhe, até porque não me importo tanto com o plot em jogos do ouriço. Porém, é legal destacar que, apesar dela dar a impressão de que vai escalar de novo na direção de que o Sonic é o herói supremo do mundo e tudo mais, ela meio que se segura indicando que existem entidades mais poderosas no planeta e que até o próprio Super Sonic não se garante sozinho contra elas, por mais que a coisa toda dê certo justamente por ele estar envolvido. No geral, o plot não é exagerado neste sentido e a história é gostosa de acompanhar.
Claro, como disse em outros posts, pensando na franquia e o público que ela quer atingir. Não me venham comparar com histórias mais densas ou profundas com questões sócio econômicas, políticas ou qualquer outra coisa pseudo intelectual. Quer soar intelectual? Vai estudar, não jogar videogame.
Jogos do Sonic, em geral, deveriam mesmo puxar para histórias mais leves e situações mais cômicas. Sonic Unleashed é exatamente desta forma, e resgata esta essência que foi perdida nos últimos títulos da franquia lançados, em especial Shadow the Hedgehog e Sonic 2006.
O personagem que faz companhia ao ouriço, batizado de Chip, é louco de tudo. Já vira um alívio cômico forte de uma história que já é cômica por si só. Até mesmo as interações do Dr. Eggman, tanto nas cutscenes quanto até em combates, puxam pro lado divertido e leve. Bem diferente dos jogos que citei anteriormente e sem a forçada de barra de ficar usando o nome do jogo nos diálogos, como em Sonic Heroes. Aliás, o próprio Dr. Eggman voltou a ter traços mais cartunescos, diferentemente do que vimos na tranqueira do Sonic 06.
Existe sim uma certa seriedade, explicando que o planeta está em crise por ter despertado o Dark Gaia e tudo mais, mas o jogo não fica jogando isso na cara do jogador o tempo todo. É como se ele tivesse uma razão para estar na aventura, mas ela mesmo não se leva tanto a sério. É isso que eu espero de um jogo da franquia.
Chega de gastar caracteres com um assunto que não deveria ser tão importante assim. Não a ponto de gerar tanta discussão.
Tem uma coisa neste game que é maravilhosa e que precisa ser enaltecida: a trilha sonora. Toda ela é incrível, mesmo. Sem exagero é uma das melhores de toda a franquia. Até tem um pouco sim daquele rock cool que eu falo em todos os posts que não gosto tanto. Entretanto, as músicas foram construídas de forma que as melodias ficaram marcantes, não só um monte de riffs de guitarra que às vezes são parecidos demais. A coisa chegou a outro patamar. Para a nossa alegria.
Um grande exemplo é a música da fase diurna da região de Holoska (Cool Edge – Day). Tem uma mistura excelente de rock com eletrônico e tem uma melodia muito marcante. Fora que combina muito com a correria desenfreada em uma região gelada. Aliás, as músicas de todas as fases diurnas combinam bem demais com elas.
Sem falar nas músicas orquestradas, algumas compostas e praticamente todas performadas pela Orquestra Filarmônica de Tóquio (Tokyo Philharmonic Orchestra). A versão orquestrada da música tema do jogo (Endless Possibility), que é tocada durante a batalha contra o último chefe, é uma das coisas mais intensas e emocionantes que eu escutei na vida. Dá aquela moral extra pra gente enfrentar o chefe com tudo que temos. Credo, que piegas minha frase anterior.
Em contrapartida, temos as outras coisas que não são tão legais. Em primeiro de tudo, os diachos dos Adventure Fields. Aliás, é importante ressaltar que não é exatamente este o nome destes locais em Sonic Unleashed. Na verdade temos dois tipos diferentes: o Town Stage, que é a cidade em si; e mais o Entrance Stage, que são as áreas onde o jogador pode obter itens que dão movimentos extras para o ouriço e entrar nos Action Stages ou Acts (as fases em si).
O Sonic Team tem uma mania besta de ficar dando nomes que acham que são super radicais pra coisas que já existem em uma infinidade de jogos, como se estivessem inventando algo completamente novo. Deixa pra lá, vai, vamos em frente. Talvez eu volte a chamar estas áreas de Adventure Fields no post, desculpem se isso incomodar alguém.
Nelas acontecem muitas das infames interações com NPCs que não acrescentam em nada e são chatas pra diacho. Primeiro porque quase todos os diálogos são piadinhas bobas ou informações totalmente desinteressantes, que tentam enriquecer o mundo e nem sempre conseguem prendem a atenção do jogador. Em suma, a esmagadora maioria dos diálogos é totalmente fútil.
Além disso, ainda tem a forma como tudo acontece, mecanicamente falando. Por exemplo, se você fala com alguém que tem várias opções de diálogo, precisa reiniciar a conversa toda vez que escolhe uma delas e quer saber das outras informações. A conversa não volta para a parte que te dá várias opções. Sem falar que todos os diálogos acontecem em uma nova tela, ou seja, a tela escurece e abre uma nova para o diálogo. Será que isso é coisa da época e eu estou julgando com olhos de 2022? Acredito que não, mas posso estar enganado.
Inclusive um dos mini games do jogo é o de exorcizar pessoas que foram afetadas pela energia escura ou algo assim. Primeiro você precisa falar com elas (sempre durante o período da noite), daí ela vai apresentar sintoma e você precisa tirar foto dela para que o espírito maligno saia do corpo. Logo em seguida somos colocados em um desafio de combate (fase da noite) que deve ser resolvido em determinado tempo. A câmera fotográfica sempre carrega uma quantidade limitada de flashes, ou seja, você precisa recarregar ela o tempo todo. Especialmente porque o número é baixo. Então não dá para ficar tirando foto aleatoriamente de todo mundo pra tentar burlar e fugir dos diálogos. O processo todo em si, mesmo com o combate, não é lá grandes coisas. Tipo de coisa que poderia ter sido removida do jogo.
Pior que existe um troféu/conquista que exige que a gente fale com todos os NPCs do jogo. Todos, sem exceção. Além de ser um processo demorado e burocrático como já falei anteriormente, não existe qualquer tipo de informação que deixe claro com quem já falamos e com quem não falamos. Quando joguei em 2012 eu até tinha a intenção de tentar pegar alguns troféus a mais depois de terminar, mas desisti ao deparar com este. Entrar em todas as cidades nos dois períodos e ficar falando com cada pessoa é algo que eu já não tive paciência na época. Em 2022 eu saí falando com todo mundo pra tentar amenizar, e mesmo terminando o jogo eu ainda não havia conseguido. Resolvi pegar uma lista de todos os personagens e no fim descobri que alguns só ficam habilitados ao cumprirmos algumas Side Quests. Deu certo, peguei o troféu, mas fiquei bastante incomodado.
Outra coisa curiosa é que neste jogo você pode morrer nas áreas que não são fases (Town e Entrance). O que não faz o menor sentido. Pelo menos nos Town Stages não reduz o número de vidas, mas se eu não estou muito enganado, você acaba morrendo somente em bugs do jogo, e não em situações normais. Já nos Entrance Stages o contador de vidas reduz se você morrer tentando acessar um dos Acts. Olha, eu acho isso horrível, mas enfim. Pelo menos em alguns destes Entrances é possível ficar acumulando vidas também. O que talvez não seja algo tão positivo quanto pareça, mas vamos deixar isso pra lá.
Lembro que em 2012 eu fiquei muito irritado com uma morte que ocorreu no Entrance Stage de Adabat. Eu estava andando pelo deck e o Sonic simplesmente afundou e morreu, como se o deck tivesse quebrado ou algo assim. Só aconteceu uma única vez e fiquei bem irritado quando percebi que reduziu o número de vidas que eu tinha. A frustração ocorreu justamente porque eu tinha poucas, naquela época eu não jogava com tanto cuidado. Algo bem diferente do que ocorreu na jogatina de 2022.
Um grande ponto de incômodo meu com a existência destes dois tipos de áreas é o lance de ficar perdido sem saber pra onde ir. Nunca tive paciência com este tipo de coisa. Em Sonic Unleashed tentaram minimizar isso, colocando um marcador no World Map que indica onde estão as próximas ações (marcando as regiões). Ele não deixa tão claro o que exatamente temos que fazer, mas ao mesmo tempo existe uma solução que é a de conversar com o Professor. Normalmente ele dá dicas bem diretas dos próximos passos. Confesso que acho isso bacana, pela primeira vez os designers pensaram nos jogadores impacientes.
Ainda assim, preferia que estas áreas não existissem. Ao meu ver tudo não passa de uma forma preguiçosa e artificial de tentar aumentar o tempo do jogo. Essas áreas não são criativas, não são divertidas e não acrescentam em nada. O duro é que isso aconteceu em todos os jogos do ouriço que tentaram implementar a ideia, algo bem diferente do que aconteceu em jogos de outras franquias (em especial os da franquia do Mario, justamente o maior rival do ouriço).
Tudo bem que alguns NPCs até dão algumas missões (tipo Side Quests) para realizarmos no formato de mini games, usando tanto a jogabilidade diurna quanto a noturna. Alguns destes mini games são até divertidos de certa forma. Porém, para tornar alguns deles disponíveis, às vezes a gente tem que fazer uma porção de coisas, como conversar com não sei quantas pessoas dentro da cidade, mudar de dia para noite (ou vice-versa), sair e entrar na mesma cidade e até mesmo ir até outra para conversar com o mesmo ou outros NPCs. É tudo muito burocrático, um tal de vai pra lá e volta pra cá que ao meu ver não tem nada de divertido.
Fora que achar estas missões no meio de um monte de conversa inútil é bem complicado. É muita coisa desinteressante para pouca coisa que pode gerar algum tipo de diversão. Muito tempo perdido no final das contas.
Pior que alguns troféus do jogo estão diretamente ligados à NPCs específicos e missões que eles passam. O triste é que demora um bocadinho pra ativarmos os gatilhos dos mini games, pra passamos um tempo curtíssimo nos divertindo neles. Ou seja, muito tempo perdido mesmo.
Na boa, definitivamente a presença destes Town Stages é totalmente desnecessária. Da mesma forma que os Adventure Fields do Sonic Adventure ou mesmo a cidade de Soleanna em Sonic 2006. E eles insistiram nisso em mais um jogo. Misericórdia, Sonic Team, misericórdia!
Citei anteriormente o World Map e não expliquei. Falando bem por cima, é uma visão literal do mundo onde podemos escolher a região que desejamos visitar, além de movimentar o planeta em relação ao Sol e fazer com que as regiões fiquem no período do dia ou da noite. Sem falar que as fases que fazem parte da história e que já foram jogadas podem ser revisitadas via World Map diretamente, assim como as DLCs. Ponto pro Sonic Team aqui, a ideia é realmente boa, poupa um tempo de quem quer tentar melhorar as notas, ou coletar mais itens nas fases.
Repararam que eu falei que você pode visitar a cidade de dia e de noite? Pois é, a mecânica de períodos do dia se aplica nos Town e Entrance Stages também, com alguns coletáveis ficando acessíveis apenas durante um dos períodos, NPCs que só aparecem ou fornecem missões se estiver de dia ou de noite, etc.
Por falar em coletáveis, o principal deles em Sonic Unleashed são as Medals (medalhas). Existem dois tipos: as Sun Medals e as Moon Medals. Coletar tudo dá mais dois troféus para o jogador (um para cada tipo). Além disso, algumas fases são desbloqueadas apenas quando temos um certo número de Medals coletadas. Isso foi uma das coisas que não curti em 2012, mas em 2022 já joguei preparado e saí caçando algumas durante as fases com um pouco mais de atenção, sem desespero pra encontrar tudo de primeira. Foi suficiente pra eu não ficar preso em nenhum momento da jogatina tendo que acumular mais para as próximas fases ficarem acessíveis.
As Medals podem ser coletadas em todos os lugares: nos Acts, nos Town e nos Entrance Stages. O lado bom é que coletar elas uma vez já faz com que ela fique com o jogador, mesmo se ele morrer antes de um checkpoint. Não sei se isso se mantém caso a gente perca todas as vidas na fase, acredito que não. Porém, só o fato de não precisar pegar de novo entre checkpoints já ajuda bastante.
Ainda assim, eu que não sou fã de coletáveis logicamente não gostei da existência das medalhas no jogo. Tudo bem, pra época em que ele foi lançado isso era meio que moda. Outra coisa boa é que as regiões informam quantas Medals tem no total e quantas foram coletadas. Isso ajuda o jogador a ter uma noção e, pra quem gosta, é um prato cheio pra se divertir procurando. Não é meu caso, infelizmente.
Além das Medals ainda tem uma porção de outros coletáveis, como os souvenirs para serem entregues para o Professor. Ou comidas e bebidas. Os dois casos rendem troféus e tudo isso pode ser comprado nas lojas usando argolas como moeda de pagamento. Problema é que você não coleta tanto assim ao longo das fases pra sair comprando tudo com calma até o fim do jogo, se jogarmos apenas as fases que fazem parte da história. Se em Sonic 2006 erraram a mão em fornecer argolas demais pra compras de menos, em Sonic Unleashed a coisa ficou invertida.
Tem como burlar esse lance de falta de argolas depois que encontramos um sujeito chamado Wentos, que inclusive para os troféus precisa ser encontrado por ser um vendedor ambulante que possui itens exclusivos. Porém, até mesmo este processo de burlar é trabalhoso que só. Eu fiz enquanto caçava os troféus do jogo, sem o menor pudor. Só que eu fiquei meio que de saco cheio e gastei um tempo precioso.
De fato exageraram na questão de coisas pra coletar. Entendo que na época isso era comum, mas de novo fiquei com a sensação de aumento artificial de tempo de jogatina. É o tipo de coisa que é mais sentida por quem está tentando platinar o jogo do que quem quer apenas passar pelas fases da história e colocar mais um jogo na lista de terminados. Então o Caduco de 2022 sentiu mais que o de 2012, embora o do passado tenha ficado um pouco frustrado porque naquela época estava na fase de ficar acumulando troféus.
Uma boa notícia pra quem nunca jogou é que apenas o Sonic é personagem jogável. Nada de procurar pedaços de Chaos Emeralds com Knuckles ou Rouge, nada de máquinas bípedes com Tails e Eggman, nada de pescaria e nem nada do gênero. Apesar de haver duas fases com o Tornado, o avião utilizado pela dupla principal de heróis.
A única diferença de jogabilidade se dá entre versões do ouriço, sendo o Sonic the Hedgehog nas fases diurnas e o Sonic the Werehog nas fases noturnas. Vou dar mais alguns detalhes de jogabilidade de cada versão do personagem principal da série.
Como já dito, a versão diurna representa aquilo que estamos acostumados na franquia: fases com correria desenfreada, desafios de plataforma e tudo mais. A grande novidade (que não é tão novidade assim) é que podemos utilizar o Boost, aquele movimento que deixa o ouriço muito mais rápido e invencível contra algumas coisas, como inimigos que são atropelados ao serem atingidos. Para utilizar o Boost precisamos encher a barra de Ring Energy, que é carregada conforme vamos coletando argolas.
Um detalhe legal é que a música da fase vai meio que distorcendo conforme utilizamos o Boost, como se quisesse mostrar que o ouriço está mais rápido que a velocidade do som ou algo assim. Tipo de detalhe que pra muitos pode passar desapercebido, mas eu acho legal pra caramba.
Quem acompanha a Maratona sabe que eu odeio os tais dos caninhos (Grind) que são frequentes na franquia há alguns jogos. Agora, querem saber de uma coisa? Eu adoro o esquema de caninhos de Sonic Unleashed. Sério mesmo! Eles melhoraram muito a jogabilidade deles neste game, inclusive fazendo a utilização dos botões R1 e L1 (no caso do PS3) para trocar para os caninhos em paralelo. O movimento é chamado Grind Step, já existe há alguns jogos, mas somente neste se tornou mais estável e fácil de ser acionado. Ou seja, a coisa funciona muito melhor que todos os demais jogos lançados até então, mecanicamente falando.
Além disso, é importante ressaltar também que o design das partes que são baseadas em caninhos são de fato divertidas, com algum desafio embutido para que o jogador preste atenção caso queira fazer os melhores caminhos e/ou coletar tudo que tem dentro das fases, trocando na hora certa, pulando nos lugares certos e por aí vai. Ficou realmente muito bacana. Mesmo que algumas destas situações gerem mortes instantâneas de quem não prestar a devida atenção. Não que seja novidade, Sonic 2006 já tinha essa ideia, só que de forma desbalanceada, além das mecânicas horrorosas e os controles ruins e instáveis.
Outra coisa que ajuda bastante nos desafios de plataforma é o Homing Attack com a mira visual e mais o feedback sonoro, ambos indicando quem ou o que o ouriço vai atingir se usarmos o movimento. Ajuda também o fato de colocarem outro botão para o ataque em relação ao de pulo. Aliás, no geral os controles do ouriço ficaram muito bons nas fases diurnas, pelo menos na minha opinião.
Adiantei há pouco que existem caminhos diferentes nas fases, tanto pra melhorar o desempenho de tempo como para encontrar mais coletáveis. Isso é outra coisa que ficou legal nos Acts diurnos. Inclusive nas partes com jogabilidade em 2D é notável que eles fazem o caminho mais curto/rápido ser o mais alto, referência direta ao design das fases dos jogos do Mega Drive (e alguns de 8 Bits também).
Ou seja, no geral o level design do jogo nas fases diurnas é super competente e, somado à tudo que falei antes, torna o jogo muito divertido. Estas fases são realmente muito boas.
ReTrueGamer16Bit1111: Sério que você tá comparando este lixo ao Sonic clássico imbatível do Mega? Não tem nada a ver uma coisa com a outra.
GuyFromMobius1406: Esses caras retrô são um saco, viu? Claro que não tem, Sonic Unleashed é muito mais rápido do que os jogos de 16 Bits. Ou seja, muito melhor!
Esperem aí. Calma. Os dois.
Primeiro de tudo que eu falei que de certa forma os trechos 2D tentam passar a mesma experiência que a gente tinha no Mega, em matérias de design das fases e múltiplos caminhos. Isto é fato.
Segundo que a velocidade é mesmo maior que a do Mega. Entretanto, quem disse que isso significa que o jogo é melhor? Para muitos isso chega a ser um problema, pois o ouriço parece incontrolável em um primeiro momento. Ao meu ver em Sonic Unleashed os desenvolvedores perderam um pouco a mão na questão da velocidade, deixaram a coisa um pouco exagerada. Ou seja, levaram muito a sério o lance do personagem ser veloz. Por mais que eu goste disso, não é exatamente uma qualidade que o jogo possui, apenas característica. O julgamento que diz se isso é melhor ou pior vai de pessoa pra pessoa.
Só que aqui entra um detalhe importante. Conheci Sonic Generations e Sonic Colors antes de Unleashed, e acho que a velocidade neles é muito boa. Fazer comparações desta forma chega a ser injusto, já que são títulos posteriores e é bem provável que a diminuição de velocidade ocorreu justamente por conta da experiência dos jogadores com Unleashed. Agora, dizer que isso é um problema a ponto de estragar qualquer coisa do jogo também é exagero. De novo, é questão de gosto pessoal.
Enfim, as fases diurnas são de fato divertidas e rápidas, mas talvez não tão desafiadoras em questões de inimigos. A sensação forte que eu tenho é que elas são quase releituras de fases dos jogos de plataforma 2D mais rápidos, como Sonic Advance 2 e 3, ou mesmo Sonic Rush e Rush Adventure. Especialmente os dois últimos, por conta do Boost. A sensação é bem parecida, só que com jogabilidade que alterna entre 2 e 3 dimensões.
GuyFromMobius1406: Ué! Se o jogo tem trilha sonora espetacular, gráficos e iluminação excelentes e além de tudo é tão divertido assim, por que você insiste em chamar o jogo de ruim? Se ele não é ruim, ele é o quê? Bom, né? Dãããã!
A julgar pelo fim da frase, temos uma criança birrenta e mimada aqui.
Abençoado, de novo eu insisto em dizer que não chamei o jogo de ruim em nenhum momento. Agora, se o jogo tem esses momentos que realmente são ótimos e divertidos, é bom frisar que eles duram pouco. As fases diurnas duram em média algo em torno de 5 a 10 minutos. A maior parte do tempo da jogatina estamos enroscados nas porcarias dos Adventure Fields da vida ou mesmo nas fases noturnas, que tranquilamente costumam levar mais de 25 minutos, em média.
Pois é, acho que chegou a hora de falarmos das fases da noite e do Werehog.
Bem, como já antecipado, elas são basicamente um hack’n slash convencional (ou beat’em up 3D, se preferirem, porque “ain não usa arminha que corta”). Tudo sem nenhum carisma, seja dos inimigos, das fases ou qualquer outra coisa. O próprio Werehog não é carismático, embora não seja este o problema e eu insisto neste ponto pra ninguém vir sugerir Knuckles no lugar.
Ao contrário do que acontece na versão “ouriço” do personagem, os controles do Werehog não ficaram tão legais. Por exemplo, não gostei da solução de usar o mesmo botão para esquivar e bloquear, sendo que um a gente faz pressionando o analógico em alguma direção e o outro não. Se bem que isso não faz tanta diferença, já que dá pra resolver a maior parte dos combates só atacando loucamente e aguentando alguns ataques. Meio que apertando os botões sem pensar muito, sabem como é? Talvez aquele controle feito pro God of War sirva pra jogar Sonic Unleashed. Este aqui ó:
Calma, gente. É zoeira! Pra quem não sabe, este controle não existe. E mesmo que existisse, em Sonic Unleashed ele não faria tanto sentido assim como no jogo do Espartano. Até porque o triângulo apertado loucamente faz mais estrago que o quadrado.
O Werehog possui uma técnica que meio que leva o nome do jogo, chamada Unleash. Conforme vamos destruindo coisas, vamos enchendo a barra de Unleash e, depois que atingimos certo ponto dela (não necessariamente o limite), podemos usar e entrar no tal modo Unleashed. Neste modo o Werehog fica mais rápido, mais forte e com mais consistência. Enquanto isso a barra vai diminuindo lentamente e o modo dura até o fim dela.
Imitando os jogos do gênero, tem também os Quick Time Events (QTE). Aquele lance de fazer o jogador pressionar o botão correto durante uma determinada quantidade de tempo pra que o combate se resolva dentro de cutscenes. Falando a grosso modo, claro. Tipo de coisa que se tornou infame para muita gente na comunidade de jogadores.
ReTrueGamer16Bit1111: Afe, sério? QTE? E você quer me falar que este jogo não é um lixo?
Então, particularmente falando, eu também não gosto disso. Porém, não acho que seja uma atrocidade. Só é sem graça mesmo. Sem desafio. Aposto que neste quesito estamos na mesma página.
Atrocidade mesmo são as plataformas que eu vou batizar de caninhos noturnos. São plataformas mais finas que o Werehog passa meio que na ponta dos pés, se equilibrando. Precisamos ficar endireitando ele para não cair para os lados o tempo todo, então às vezes é melhor andar lentamente para garantir maior equilíbrio. Embora em alguns momentos não dê para fazer isso porque o tal caninho cai com o tempo. Eu acho isso tudo um porre, chato pra caramba, totalmente sem graça. Quem disse que todos os caninhos de Sonic Unleashed são divertidos? Infelizmente não é o caso.
Também tem algumas portas e outras coisas dentro do cenário que o jogo força a gente a ficar pressionando botão feito uns loucos pra abrir ou mudar estado (como alavancas, por exemplo). Ou ficar girando analógico, ou qualquer coisa chata o bastante que também era regra em jogos do gênero naquela época. Já não gostava disso tudo quando joguei God of War lá em meados de 2006 ou 2007, imaginem o que aconteceu com Unleashed em 2012. E em 2022 então? Só lamento, que decisão horrorosa.
Pra não dizer que tudo é um desastre completo, alguns puzzles e algumas coisas que deixaram escondidas dentro das fases trazem alguma diversão. Porém, são momentos muito pontuais.
Em comum entre as fases diurnas e noturnas tem algumas coisas.
Em primeiro vou citar o rankeamento. Definitivamente eu nunca gostei disso, mas tem algo relacionado em Sonic Unleashed que eu acho super divertido. Se o jogador tirar Rank E, a música muda para uma versão totalmente desafinada, quebrando a quarta parede e tirando um sarro da cara do jogador, sem dó nenhuma. Eu sempre achei engraçado, a ideia é muito divertida. Em 2012 e em 2022 tinha momentos em que eu comemorava tirar um E só pra escutar a música e ficar meio que cantarolando junto e rindo. Tipo de coisa boba, mas enfim, eu gosto.
Outra característica em comum, desta vez entre as versões do personagem, é uma espécie de árvore de habilidades e níveis tanto para a versão diurna do herói quanto a noturna. As duas versões podem ter seus atributos aumentados conforme vamos subindo cada habilidade. O ouriço pode aumentar a velocidade ou o nível do Ring Energy. Já o Werehog pode aumentar o nível de Combate, Força, Vida, Unleash ou Escudo. Os níveis podem ser aumentados com espécies de diamantes que vamos coletando, enchendo uma barra de experiência, que você usa para aumentar as barras de cada uma destas habilidades. Esta barra é compartilhada entre as duas versões do protagonista.
Para cada habilidade chegar ao máximo é necessário encher a barra dela uma porção de vezes. É coisa pra caramba, e pra ajudar ainda desbloqueia dois troféus se completarmos todos os níveis de todas as habilidades, um para cada versão do herói.
Em 2022 eu joguei o jogo todo só aumentando os atributos do Werehog. De verdade, os do ouriço não faziam muito sentido pra mim ao longo do gameplay, parecia que não mudava nada. Já o Werehog com mais vida e força ajudou bastante a não ter nenhuma dor de cabeça com as fases chatas da noite.
Chegar no nível máximo de todos atributos “rapidamente” é outra coisa que tem como burlar, também usando a lojinha do Wentos. Não vou entrar no detalhe, se quiserem, podem me perguntar sobre. Vale dizer que o processo não é exatamente rápido, mas funciona mais depressa que ficar jogando as fases normalmente e enchendo pouco a pouco.
Tentando resumir a experiência como um todo, as fases de dia são muito boas, no geral. Porém, são curtas. As fases noturnas são sem graça, embora tenha alguns momentos divertidos. Infelizmente estas são longas. Pra piorar, o tempo que o jogador passa brincando de passear nas cidades e jogando conversa fora com NPCs também não é dos mais curtos.
Em outras palavras, parando pra pensar no tempo que passamos jogando de uma forma geral, ficamos muito mais tempo em coisas chatas e sem graça do que em coisas realmente legais e divertidas. Não dá para afirmar que um jogo desses é bom, né? Ao mesmo tempo, também não dá para sair desprezando tudo o que ele trouxe de bom pra franquia e os momentos de diversão que são bastante intensos. Fazendo um balanço de tudo isso, entendo que chegamos em mais um jogo mediano da série.
Sei que tem gosto pra tudo nesta vida e que tem gente que acha legal ficar zanzando de lá pra cá sem nenhum desafio, só passeando pelo mundo virtual do jogo. Entretanto, eu não sou este tipo de perfil e realmente não vejo graça nenhuma nisso.
Não sei porque a insistência do Sonic Team com estes Town Stages, Adventure Fields e similares. Felizmente a experiência com Unleashed fez com que os desenvolvedores e designers removessem este tipo de conteúdo dos jogos seguintes, deixando eles mais “diretos”. O que me faz pensar: será que este tipo de coisa era bem vista no final das contas? Aparentemente, não.
Outra coisa incômoda é o exagero de coletáveis. Souvenirs, comidas, medalhas da noite e do dia, sei lá mais o quê. Precisa de tudo isso mesmo? Na época até era frequente ter essas coisas pra coletar, mas penso que eles exageraram na dose. De novo fico com a sensação da necessidade de aumentar o tempo de jogo de forma artificial.
Já resmunguei disso o bastante, até de forma repetitiva. Deixa eu parar antes que passe a impressão de que eu não gosto do jogo.
Tem uma única fase de Sonic Unleashed que eu detestei as duas vezes em que joguei. Estou falando da última, a Eggmanland. Ela não acontece nem de dia, nem de noite. Ela simplesmente mistura as duas formas de jogabilidade, com diversos pontos onde trocamos para dar continuidade.
É uma fase imensa. Imensa mesmo. Desta última vez eu levei 53 minutos para finalizar, em uma noite que eu já estava morrendo de sono e doido pra dormir. Entretanto, não parei de jogar porque não queria de forma alguma repetir tudo que eu já tinha feito até então.
O caminho é muito traiçoeiro, cheio de mortes instantâneas. São partes com plataformas que caem, aqueles caninhos da noite com a câmera mexendo sozinha e atrapalhando o jogador, desafios de plataforma bem injustos, saltos de fé e outras coisas que vão roubar muitas vidas. Sendo assim, é bom chegar lá com pelo menos umas 20 extras. Sem exagero. O problema é que a fase não é divertida, ela é difícil pelos motivos errados já citados e outros que eu posso ter esquecido.
Pelo menos ela tem duas decisões acertadas, que não dá para chamar de boas ideias, mas sim coisas que tornam a coisa menos tortuosa.
A primeira é que no meio do caminho dá para coletar umas vidas extras. Parece que os designers do nível perceberam que pesaram demais a mão e tentaram aliviar desta forma pra não esfregar um Game Over na cara do jogador depois de não sei quantos minutos de fase, para ele ter que começar tudo de novo.
A segunda é que a fase não possui Medals. Nenhuma. Imagina ter que repetir a fase diversas vezes até coletar tudo? Só porque acabou deixando algo passar sem querer? Eu ficaria bem incomodado, pra não fizer outra coisa. Ainda bem que não colocaram.
Pra ajudar, logo em seguida vem uma batalha cheia de Quick Time Events. Jogar isso com sono é um porre. Sem sono já seria, mas do jeito que eu estava desesperado pra dormir foi bem pior. Da outra vez, em 2012, acho que não sofri tanto. Realmente não me lembro.
A batalha final ainda tem outras partes incômodas, mas nem vou entrar muito no mérito. A única coisa que quero comentar é a última delas, que eu já comentei que tem uma das melhores músicas dos games de todos os tempos. Ela é perfeita. Só que o curioso é que na minha lembrança esta batalha em si era bem divertida. Minha memória me traiu, pois em 2022 eu achei ela bem chata, principalmente pelas mecânicas instáveis e mais o lance de você precisar resolver logo senão o Light Gaia com o Daileon dele acaba perdendo a luta.
Já que estou fazendo algumas comparações, vou contar um pouco mais das experiências de 2012 e 2022.
Na primeira vez que joguei (2012), peguei 42% dos troféus. A última vez que joguei foi em 04 de Junho daquele ano. Interessante que no começo de Julho de 2022 eu retomei a jogatina que havia começado no início do ano. Realmente 10 anos, quase bateu nostalgia quando peguei uns tweets e fotos daquela época e vi que tinha completado já todo este tempo.
Entre as duas jogatinas comprei algumas DLCs do jogo. Nem sei dizer se foram todas. Lembro que foi um pacotão de coisas que fizeram com que cada DLC custasse menos de um dólar, em uma época em que o dólar não era tão absurdo. Não joguei nada até então, mas experimentei em 2022 e mais pra frente falo mais a respeito.
Em 2022 eu tentei pegar os troféus que faltavam pra conseguir a tal da platina. Fui bem, consegui a maior parte deles, mas chegou em um determinado ponto que deixou de ser divertido. Alguns troféus exigiam demais pra quem tem pouco tempo disponível. Acabei deixando pra lá e estou completamente tranquilo sobre isso.
Por exemplo os referentes aos hot dogs, que são missões específicas para fases do dia e noite de cada uma das cidades. As fases diurnas contam com uma missão de tempo, outra de quantidade de argolas e mais uma para quantidade de inimigos derrotados. Já as noturnas são duas: uma de tempo e outra de sobrevivência, onde o jogador não tem possibilidade de se curar. Cada missão possui 3 níveis, ou seja, você precisa passar a fase 3 vezes para concluir todos os níveis do tipo de missão. Cada nível com uma dificuldade maior (menos tempo, mais argolas, mais inimigos, menos vida total). E são três níveis independentes, ou seja, se por exemplo em um Time Attack você fizer com o tempo que atenderia o último nível mas ainda estava jogando pela primeira vez, de nada adianta. Você vai precisar repetir outras duas vezes.
Pra ajudar, o jogador não pode morrer nas missões de hot dog. Se isso acontecer, é considerado como falha e o jogador precisa jogar tudo de novo. Em todas as missões, diurnas e noturnas.
Não é nada trivial um negócio desses, e muitas vezes também não é divertido. Fora que é bem burocrático e trabalhoso. No caso da última região, a Eggmanland, como não há distinção de dia e noite, há apenas os três níveis da missão de Time Trial. O problema é que, como já dito, esta fase é enorme e cheia de pontos de morte instantânea, tanto com o Hedgehog quanto com o Werehog. Imaginem passar mais de meia hora vencendo desafios nela e morrer do nada por um erro ou glitch. E precisamos passar pela fase três vezes. É inviável, na minha humilde opinião.
Cada cidade tem um vendedor de hot dog que passa as missões e, para cada uma delas, quando o jogador concluir todas as missões (diurnas e noturnas) em todos os níveis, ele recebe um troféu. O total disso são 9 missões de dia, 6 de noite. Ou seja, 15 missões por cidade para desbloquear cada um dos 9 troféus (8 cidades e mais a Eggmanland).
No fim das contas foram estas missões de hot dog que tiraram meu apetite pela platina. Sem trocadilho. Mentira, foi com trocadilho. De qualquer forma, definitivamente não estava com tempo e nem cabeça pra isso. Acabei pegando apenas o troféu das missões de Apotos, primeira região do jogo.
Além dos demais troféus referentes às missões hot dog, também ficaram faltando: os dois de coletar todas Medals (Sun e Moon), que é um saco; o de encontrar todos alimentos do jogo, que também depende de vencer pelo menos uma missão de hot dog pra pegar o cachorro quente exclusivo (e, lembrem-se: tem a Eggmanland, que me recuso a jogar); e mais o de finalizar o Act 1 de dia da Arid Sands (em Shamar) em menos de 2:50 minutos. Destes todos, só o último eu ainda tinha vontade de tentar, mas acabei me estressando e deixei pra lá. O jogo se arrastou demais, na minha opinião.
ReTrueGamer16Bit1111: Ih ó o cara… tem gente terminando Elden Ring sem tomar dano e ele reclamando de alguns minutinhos sem morrer… heuheuhehue
Pois é, e eu tenho mais o que fazer, ao contrário de alguns que dedicam a vida a um jogo só. Nada contra, claro.
GuyFromMobius1406: Frouxo mesmo!!! Aliás, esse aí nem é fã de verdade!!! Eu platinei o jogo em 2009, assim que comprei!!!
Que bom pra você! E no resto da vida, como estão as coisas? A vida tá tão emocionante que passa tempo fiscalizando os outros na Internet?
Bem, larguei o jogo com 76% dos troféus, não acho que seja um número ruim. Ainda mais considerando uns troféus bem bestas que fiz, como o de conversar com todas pessoas do jogo. É quase o dobro do quanto eu tinha quando recomecei o game em 2022.
Teve também o positivo disso, que foi buscar algumas missões opcionais e também jogar os Acts 2 das fases (que também são opcionais) pra desbloquear alguns dos troféus. Algumas delas são bem legais. Outras nem tanto. Mas todas valeram a experiência.
Em alguns momentos me irritei procurando o acesso às fases nos Entrance Stages. Mas não foi nada comparado uma fase diurna opcional baseada em Quick Time Events e outra noturna totalmente baseada naqueles caninhos da noite horríveis. Ainda bem que estas fases são apenas extras e não são obrigatórias na história, senão talvez eu reconsiderasse gostar deste jogo.
Agora, e a vontade de voltar em todas estas fases pra pegar Medals? Podem esperar sentados. Junto com tantas outras fases noturnas da campanha principal que passam de meia hora. Não jogo, podem esquecer.
Daí eu fui tentar as fases das DLCs em algum momento e gostei pra caramba do pouco que joguei. Algumas são bem desafiadoras e realmente divertidas. Considerando aí que só joguei as diurnas. Talvez eu deveria ter investido mais tempo nelas, mas eu realmente fiquei cansado, muito tempo jogando. Algum dia volto pra elas. Se achar que vale a pena, escrevo um texto pra contar a experiência.
Parando pra pensar aqui, é engraçado comparar as duas épocas. Em 2012 eu ainda estava com pouco conhecimento sobre a franquia como um todo, era natural que eu fechasse os olhos pra alguns problemas que o jogo possui e curtisse por conta da paixão que tenho pelo personagem e pela série. Naquela época eu tinha uma cabeça menos analítica, ou com menos informações sobre tudo que envolve o personagem. Em outras palavras, eu era menos chato.
Antes de começar a experiência que tive para a Maratona em 2022 eu tinha a impressão de que minha visão sobre o jogo mudaria, especialmente depois de passar por todos os demais jogos da franquia lançados antes dele e ter acumulado algumas birras ao longo do tempo. Até achava que iria passar a desgostar do jogo.
Curiosamente, não aconteceu. Eu de fato enxergo mais problemas que enxerguei há 10 anos, mas eu ainda gosto de Sonic Unleashed e da experiência que ele proporciona de uma forma geral. Porém, como falei, sei que ele tem diversos problemas que afugentam a maior parte dos jogadores. Então, não vou afirmar que Sonic Unleashed é um jogo bom. Prefiro pensar nele como um Guilty Pleasure (uma espécie de prazer culposo, ou seja, sei que o jogo é muito questionável e gosto mesmo assim).
Também não vejo sentido em falar que ele é ruim. Apesar de alguns problemas técnicos e de design, Sonic Unleashed está longe de ser tão ruim quanto Sonic 06. Eu vou além e afirmo que mecanicamente ele fica a frente até de Sonic Heroes e Sonic and the Secret Rings. Além disso, as questões de design dele estão bem a frente de outros jogos que são vistos como ruins, como Shadow the Hedgehog. Fazendo aqui uma análise mais “fria”, pensando nos tópicos que normalmente são avaliados nos jogos.
Entretanto, vocês estão lendo o Gamer Caduco, e não qualquer site ou canal que quer fazer analises que os autores juram que são imparciais, mas que no fim das contas estão cheias de opiniões. Relembrando, os textos da Maratona são mais voltados para a minha experiência e tudo que consegui perceber durante a jogatina. E se tem algo que eu percebi, mesmo com diversas coisas que incomodaram e eu já mencionei ao longo do texto, é que eu continuo gostando de Sonic Unleashed da mesma forma que gostei em 2012. Isso é que realmente importa.
Continuo gostando mesmo sofrendo um pouco com Motion Sickness, especialmente nos Town Stages, Entrance Stages e fases noturnas. Lugares onde movimento bastante a câmera procurando coisas. Continuo gostando mesmo com a bronca que eu tinha das janelas de diálogo, com toda aquela burocracia de primeiro perguntar algo e depois ainda abrir mais um outro popup com as opções para selecionar.
Inclusive eu continuo gostando mesmo com as coisas chatas de hack’n slashs tradicionais, como aquelas baboseiras de ficar apertando loucamente um botão pra abrir uma porta ou um baú, ou mesmo ficar girando analógico pra movimentar alguma coisa, entre outras coisas desnecessárias que eu já não gosto desde os dois primeiros God of War que, como falei, joguei há muitos anos. Cabe aqui mencionar que gosto deles, não estou querendo pagar de jogador “de verdade” que refuta a franquia só porque falar mal dela sempre foi moda.
Eu gosto bastante de um pequeno detalhe deste jogo que são as telas de loading. Todas elas possuem o Sonic do Mega Drive, ou correndo, ou em formato de bolinha. Tipo de detalhe que demonstra que eles tentaram ter um certo capricho com o jogo.
Em contrapartida, me dá desespero ver o jogo com slowdowns até em Town Stages, especialmente a noite. Mesmo que o jogo seja mais polido que Sonic 06, ele ainda tem uma porção de problemas técnicos. Estes que acabei de citar e outros que citei ao longo do post, como as mortes por bugs. São um pouco chatos e eu tinha pretensão de contar alguns que aconteceram ao longo da jogatina, mas não quero prolongar tanto o post.
Felizmente essas coisas são muito menos frequentes que jogos 3D anteriores da franquia, então de novo eu insisto em dizer que mecanicamente o jogo é bastante evoluído. Longe de ser perfeito, mas muito a frente de seus antecessores.
Citando outras coisas que pensaram e melhoraram em relação aos títulos em três dimensões mais antigos, aquela mania de fazer perseguição com a câmera na frente do personagem evoluiu absurdamente. Agora eles colocam um ícone informando que tem uma armadilha chegando, fazendo o jogador se movimentar nas horas certas para não tomar dano. Muito melhor, muito mais justo. Chegou até a ficar divertido.
Outra coisa boa foi o Auto Save. Sim, o jogo salva automaticamente e o velho xarope aqui não se atrapalhou ou esqueceu de salvar no meio da jogatina, igual aconteceu em outros jogos.
Ao mesmo tempo, tem outras questões que são bem irritantes, como um chefe que foi pensado totalmente em uma mecânica de ficar empurrando caixas. Sério, que negócio chato.
Tentando fazer uma conclusão, por mais que Sonic Unleashed acabe pecando em alguns pontos, é legal observar as coisas que ele trouxe de bom pra franquia, especialmente em um momento onde ela estava sofrendo tanto com lançamentos cheios de problemas. Alguns destes problemas, especialmente de design, infelizmente também estão presentes neste jogo.
A Hedgehog Engine é bem estável no geral e as fases diurnas de alguma forma recuperam um pouco da essência dos bons jogos do personagem, e elas por si só acabaram servindo como um esboço de algo melhor que estava pra surgir (Colors e Generations).
Acontecem alguns bugs? Acontecem sim. Até aí, todo jogo possui bugs ou glitches. Presenciei alguns que ocorreram em mudanças de câmera, em particular numa luta contra chefe diurno. Porém, se a gente comparar com os jogos anteriores, Sonic Unleashed é muito mais estável.
Infelizmente o jogo surgiu com algumas “amarras” de jogos 3D da franquia das quais ele já deveria ter se livrado, que no fim das contas parecem ter sido percebidas como problemáticas após o lançamento de Unleashed e que não estão presentes nos games que vieram depois. Acredito que serviu como uma boa lição para o Sonic Team entender o que os jogadores, no geral, acham que é realmente divertido.
Resumindo, as principais “amarras” são, na minha visão, os Adventure Fields (aqui nomeados como Town e Entrance Stages) e a mania de tentar inventar demais e colocar diferentes formas de jogabilidade embutidas que tentam se parecer com outros jogos (neste caso aqui, God of War). Além do fato do jogo ser mais longo do que deveria ser e esta longevidade ser claramente artificial na maior parte do tempo.
Dito tudo isso, vou repetir algo que falei mais de uma vez neste post.
O jogo é bom? De jeito nenhum. Quem pensa esse tipo de coisa é (ou pelo menos está) cego demais para ver os problemas que o jogo carrega, especialmente de design.
Sendo assim, a turminha dos fandoms da vida precisa se acalmar. Sonic Unleashed está longe de passar uma imagem totalmente positiva e ser composto apenas de momentos divertidos, embora tenha alguns. Entendo quando as pessoas se doem vendo outros julgarem mal o game, sem ao menos se darem o trabalho de conhecer ele mais a fundo. Não só entendo, também me incomodo. Entretanto, não dá para fechar os olhos para detalhes que pouca gente aprecia e que gera desconforto no restante dos jogadores. Não faz sentido, franquia que somente tenta atingir um nicho não sobrevive.
Então ele é ruim? É “um lixo”? De jeito nenhum, também. Quem pensa dessa forma é (ou pelo menos está) limitado demais pra enxergar muita coisa que o jogo trouxe de bom, especialmente em questões técnicas. Quem usa o trocadilho de forma pejorativa (e não de zoeira) definitivamente está olhando o copo meio vazio.
Pessoas conservadoras demais que não são capazes de se divertir com as coisas boas que o jogo possui, só porque Sonic Unleashed “não tem nada a ver com jogos de Mega Drive” (algo que é verdade), precisam entender que não é porque o jogo tem o personagem que ele precisa ser totalmente fiel ao que vimos nos 16 Bits. Nem mesmo os jogos de 8 Bits da franquia são assim, preciso lembrar vocês que boa parte destes jogos é bem mais experimental. E alguns deles são ótimos, mesmo com conceitos diferentes. O mesmo pode ser dito sobre boa parte de Sonic Unleashed, essencialmente as fases diurnas. Porém, entendo quando vocês se irritam com pessoas que chegam afirmando que o jogo é bom, normalmente carregados com um ar de superioridade e arrogância que chega a dar nojo, com aquelas velhas máximas de que eles é que são os fãs “de verdade”. Eu também me incomodo, mas não posso simplesmente descartar um conjunto de boas ideias e uma parte técnica bem implementada só porque no geral eu prefiro jogos nos moldes mais retrô.
Percebem? Tentei entender as duas extremidades de opiniões, neste post representados pelos amigos imaginários. Concordo parcialmente com ambos. Entretanto, não preciso estar em nenhuma das duas pontas pra entender pontos fortes e fracos de Sonic Unleashed, e no fim das contas posso classificar ele como um jogo mediano sem nenhum peso na consciência, mesmo gostando dele. Talvez ele esteja aquém do que a franquia merece de uma forma geral, mas ao mesmo tempo tem qualidade acima do que vinha sendo lançado até então.
GuyFromMobius1406: É nada!!! Você é um retrogamer velho retrógrado do caramba!!! Não é fã de verdade!!! Só quer saber de jogos de Mega Drive!!! Nem sei porque faz essa Maratona se só sabe ficar criticando. Eu vou embora. Vlw! Flw!
ReTrueGamer16Bit1111: Quem dera… ele tá mais pra esses fãs ridículos que não conseguem falar mal de Sonic e que não entendem que Sonic bom é Sonic de Mega Drive, e que o resto pode ir pro lixo mesmo e eu não estou nem aí. Também não quero mais papo. Tchau!!!
Vejam só vocês. É exatamente assim que me senti julgado por estes dois polos nos últimos 11 anos. Então penso que as despedidas dos tais amigos imaginários não poderiam ser diferentes.
Olha, está tudo bem você amar ou odiar Sonic Unleashed. De verdade, eu realmente não me incomodo de saber que tem gente que joga ele todo ano porque “nossa, gráficos da Disney”. Ou com outros que passam longe do jogo porque “nossa, tem um lobisomem”. Cada um gosta do que quer e faz o que quer, e eu não tenho nada a ver com isso. Agora, por gentileza, percebam que o jogo está longe de ser uma atrocidade, e longe de ser uma maravilha.
A minha opinião está dada, e ela casa um bocado com o que a imprensa pensou do jogo em 2008. Chamar de mediano não é só coisa do velho resmunguento aqui, mas também da tal “mídia especializada” da época.
Os reviews são bem mistos. Inclusive é curioso saber que a versão de Wii e PS2 possui notas melhores do que a do PS3 e X360. Não que eu vá focar nisso, já avisei que pretendo falar delas em um post separado.
Entre as coisas mais elogiadas de Sonic Unleashed estão os gráficos, considerados absolutamente lindos e muito bem animados. Além disso, também foi muito elogiada a Hedgehog Engine, que funcionou muito bem nos dois consoles com gráficos bastante cartunescos e vivos, sem ficar engasgando.
A trilha sonora também foi muito enaltecida, considerada como uma melhoria em relação aos títulos anteriores. Eles enalteceram o uso de uma base mais orquestrada, ao invés do rock dos jogos mais recentes.
Muitos reviewers elogiaram as fases diurnas, especialmente pela sensação de velocidade do jogo que eles chamaram de “emocionante”. Houve quem disse que foi a jogabilidade mais satisfatória em jogos do ouriço em anos. Consideraram também que estas fases capturam perfeitamente a essência dos jogos clássicos. Especialmente pela mistura e transição de seções com jogabilidade em 2D e 3D.
As críticas mais negativas foram variadas.
A mais comum é em relação ao conceito do Werehog e as fases noturnas. Obviamente, houve muita comparação destas fases com God of War.
A maior parte das reclamações foram sobre a mudança abrupta e pesada de velocidade do jogo, entre as fases diurnas em alta velocidade e as noturnas bem lentas, consideradas arrastadas, letárgicas e carregadas de combate. Alguns elementos de plataforma das fases foram chamados de “frustrantes”.
Teve quem chegou a dizer que as fases noturnas simplesmente não se encaixaram no jogo nem na franquia. Que não se misturaram bem com as áreas diurnas e o gameplay mais tradicional da série.
O combate em si foi chamado de “desinteressante”, “chato” e “esquisito”. Além disso, alguns reclamaram bastante sobre a queda de framerate quando surge um grande número de inimigos na tela.
As cidades (Town Stages) tiveram muitas reclamações também, com alguns chamando elas de “fúteis” e “tediosas”, com muitos momentos onde o jogador tenta descobrir o que fazer a seguir totalmente sem rumo por estas regiões e falando com diversos NPCs, apenas pra descobrir que a esmagadora maioria deles não dão informações relevantes.

É sim, tia xarope! O jogador consegue sentir bem o clima, esta informação é super importante para o jogo…
Até aqui, vou falar que concordo com quase tudo que foi dito. O meu texto reflete um pouco destes mesmos pontos.
No mais, houve quem chamou os controles de “não responsivos” em algumas fases diurnas, além de reclamarem que o design dos controles é ruim. Honestamente, este é o único ponto que eu discordo completamente.
Outra coisa reclamada foi a história geral do jogo, incluindo o novo personagem (Chip). Muitos disseram que tudo é muito infantil/juvenil, inclusive fazendo comparações com o desenho Sonic SatAM. Neste ponto aqui eu concordo com a infantilidade. É um fato, mas sinceramente é isso que espero de um jogo do ouriço e comentei isso ao longo do post. Que sentido faz dar uma história madura pra série? Todas as tentativas foram ridículas e a própria mídia massacrou isso. Agora, comparar com Sonic SatAM foi de lascar. Aquele negócio é insuportável. Desculpa aí pra quem gosta, mas é insuportável mesmo. Sonic Unleashed é bobinho, mas não chega a tanto.
Além de ver a recepção do jogo na mídia especializada, aproveitei o fato dele ter sido lançado em uma época em que a Internet já era popular para coletar algumas impressões de jogadores em discussões da época. Só que, de verdade, eu não vou elaborar muito sobre o assunto. Até cheguei a escrever uma porção de parágrafos sobre as impressões absurdas que surgiram. Porém, excluí da versão final do post e acabei diluindo algumas delas nas opiniões dos amigos imaginários, de uma forma menos agressiva e mais debochada. Achei melhor manter desta forma. Nunca foi minha intenção ser ofensivo neste blog e não é agora que isso vai mudar.
Fazendo últimas considerações, talvez se tivesse sido feito apenas com as fases de dia, sem o Werehog e sem os Town e Entrance Stages, acredito que haveria uma boa chance de Sonic Unleashed ser lembrado como um bom jogo. Até fizeram um mod há um tempo atrás que funciona exatamente desta forma, usando como base o Sonic Generations, mas com as fases diurnas de Unleashed. Vi muita gente elogiando a iniciativa, o que me leva a crer na tal hipótese dele não ter virado um fiasco se tivesse sido lançado desta forma. Obviamente que precisaria aumentar o número de fases pra ele não ser muito curto ou algo do tipo, mas já seria um bom começo.
Já as fases da noite, se elas tivessem sido lançadas em um jogo a parte, sem envolver a franquia Sonic (ou qualquer outra conhecida), talvez ele não fosse tão odiado pelos jogadores. Ele seria apenas mais um clone de God of War bastante genérico no que diz respeito à jogabilidade e level design. Alguns iriam ignorar por conta daquela velha máxima de que “jogador ‘de verdade’ não pode gostar de God of War”, pois ele é jogo feito para as massas e um monte de baboseira similar. Porém, acredito que a maior chance era do jogo cair em esquecimento, e não ficar marcado como “um lixo”.

O tal mod. Dá pra ver um dos trechos da primeira fase de Unleashed com o hud e gráficos de Generations.
De qualquer forma, nada disso importa. Sonic Unleashed já está lançado e disponível pra ser jogado, ficar imaginando coisas não vai mudar nada. Quando eu era mais novo e jogava e acompanhava bastante futebol, eu gostava muito de usar a expressão “o ‘se’ não entra em campo”. Como naquelas situações onde alguém chega e fala “se aquela bola tivesse entrado”, ou “se ele tivesse acertado o passe” ou qualquer outra situação hipotética de um jogo que já aconteceu e que não vai mudar nada na história, só vai ficar na cabeça das pessoas que estão discutindo o assunto. Algo similar também vale para os dois parágrafos anteriores.
Ou seja, não adianta a gente ficar aqui especulando como teria sido se fosse desta ou daquela forma, apenas vai ficar na nossa imaginação. O “se” não vai entrar em campo aqui também. Vamos lidar com o que temos dentro da nossa realidade e seguir em frente. Não adianta muita coisa olhar para o caminho não trilhado.
Ao mesmo tempo, é capaz que os feedbacks dos jogadores e mídia tenham feito com que a SEGA e o Sonic Team olhassem para a franquia de uma forma diferente para continuar ela. Colors e Generations são grandes provas de que em algum momento da história eles levaram em consideração muito do que foi dito. Então acredito que foi bom que tenha acontecido tudo desta forma, pois são dois jogos bem bacanas. De qualquer forma, vamos deixar isso pro futuro, a linha do tempo da Maratona Sonic ainda não chegou neles.
Aliás, melhor encerrar o post de vez, ele já ficou maior do que eu imaginava quando comecei a escrever. Porém, não tem muito jeito. Este é mais um capítulo importante da Maratona Sonic, como citei anteriormente. Talvez o mais. Não dava para simplesmente não falar sobre uma porção de pontos, defendendo o que acho justo defender e atacando aquilo que merece ser criticado.
Próximo post pretendo abordar a versão de Wii e PS2 de Unleashed, então peço para que aguardem caso queiram falar sobre ela.
Ainda assim, convido a todos para darem opiniões sobre a versão do PS3/X360 no espaço dos comentários. Aposto que todos que chegaram até aqui já jogaram pelo menos um pouco.
No mais, agradeço a todos pela companhia, inclusive meus amigos imaginários que apoiaram na confecção do post. Eita, eu estou elogiando seres imaginários da minha cabeça. Talvez seja hora de procurar ajuda médica.
Até o próximo post, meus caros!
Grande abraço!
Texto muito bom, parabéns. Quanto ao jogo em si, não tive ânimo pra fechar, o Werehog foi demais pra mim.
Te entendo, viu? rs
Por alguma razão eu não fiquei TÃO incomodado, então consegui jogar duas vezes ele. Olha só, hein? E tem gente aí falando que eu não sou fã… que coisa! hahahaha
Mas enfim, valeu pela leitura, comentário e elogios! 🙂
Depois vê se consegue testar o Mod de Generations com as fases de dia do Unleashed, deve valer a pena.
Eu joguei a versão de PlayStation 2 a muito tempo atrás e não curti muito me lembro de ter chegado próximo do final e não ter conseguido passar daquelas fases que você tem ficar correndo e desviando de coisas na pista.
Pô, eu não sei se sei qual é exatamente a parte que vc está falando, tenho a impressão de que é a batalha contra o último chefe que tem que passar umas partes na correria e é super instável.
Fiz um post sobre a versão de PS2 e Wii, inclusive reclamei desta parte, depois veja se entendi a parte onde vc acabou travando. Ela é bem ruim mesmo.
Mas a versão de PS3/X360 é bem diferente. Melhor? Pior? Não sei, é diferente, talvez valha a pena testar em algum momento.
Valeu Rock!
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