Maratona Sonic: Sonic Chronicles: The Dark Brotherhood (DS)

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Olá caros leitores, tudo bem com vocês?

Olha a Maratona Sonic de volta no blog, com mais um daqueles títulos que tem muita gente que nem sabe da existência.

Vocês sabiam que a franquia Sonic the Hedgehog possui um jogo de RPG?

Sabiam que ele foi desenvolvido por ninguém mais e ninguém menos que a BioWare?

Sabiam que ele é exclusivo de um portátil da Nintendo?

E sabiam que ele já apareceu aqui no blog Gamer Caduco, em um post do Meme Gamer?

Pois é, tudo isso aí é verdade!

Estou falando de Sonic Chronicles: The Dark Brotherhood, que também é conhecido apenas por Sonic Chronicles.

Antes de dar continuidade, quem preferir ouvir a versão em áudio deste post, basta dar play abaixo:

A verdade é que eu joguei ele pela primeira vez em 2016, inclusive ele está presente no post do Meme Gamer daquele ano.

Aí chegou a vez de jogar ele em pleno 2022, eu estava no meio de umas mini férias que foram agendadas quase que em cima da hora, estava em casa doente e… gente, que preguiça de encarar o jogo de novo! Não que ele seja ruim ou algo assim. Permitam que eu conte uma breve história antes de falar sobre o jogo.

Logo de cara algo ruim aconteceu. Coloquei o cartuchinho do DS no 3DS e ele não funcionou. Como que eu iria assoprar ele se estava doente de máscara? Peguei uma daquelas hastes flexíveis com pontas de algodão (não vou usar a marca para referenciar), coloquei álcool isopropílico, limpei e finalmente ele funcionou. Ainda assim, será que não foi um mal presságio? Certeza que foi, era um grande sinal para que eu não jogasse de novo.

Bom, assim que funcionou, olha só que interessante: a primeira coisa que você vê é o logotipo da saudosa BioWare. Depois aparece uma mensagem “Licensed by Nintendo” (“Licenciado pela Nintendo”, em tradução livre). Caraca, estamos falando de um jogo do Sonic mesmo? Com certeza, pois logo depois vem o logo da SEGA (ufa). De repente é mostrada uma animação incrível, com um daqueles rocks descoladões rolando ao fundo. Já falei em outros posts que já estou cansado deste tipo de música, mas enfim. A animação é realmente espetacular, apesar disso.

Depois disso o jogo mostra uma mensagem que me gerou um certo arrepio: “Touch to Start” (ou “toque na tela para começar”, tradução livre de novo). Para alguns pode não ter feito sentido eu ter ficado incomodado com uma mensagem simples, mas o ponto é que acabei me recordando de algo importante: a jogabilidade de Sonic Chronicles é toda feita na tela de toque. Toda, sem exceção. Não tem (quase) nada que fazemos com botões.

Entendam, eu não vejo problemas em jogar jogos com tela de toque, mas quando ela faz sentido. Neste caso aqui estamos falando de um RPG com menus e o escambau. Que sentido faz colocar o jogador com a stylus (a canetinha de metal) na mão clicando em opções minúsculas na tela? Não era melhor limitar a parte de toque a outras coisas que o próprio jogo tem e que são de fato interessantes? Na minha visão, sim. Eu vou falar de tudo isso mais pra frente, mas já deixo aqui a minha bronca logo de cara para os que possuem qualquer tipo de problema com isso já ligarem o alerta.

Daí fui tentar recomeçar o jogo e ele me disse que para começar um novo jogo eu precisaria excluir um dos meus arquivos de save, das três opções que o jogo disponibiliza para o jogador.

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Bem, vi meus arquivos de save, todos eles datados do dia 11 de Setembro de 2016. Caramba, faz tempo, hein? O problema é que não fica claro qual deles é o último, pois tem um horário do lado e em um primeiro momento não ficou muito evidente se é a hora do relógio ou o tempo de jogo. O que me confundiu é que dois deles estão no Chapter 10 e outro no Chapter 1, não estava fazendo o menor sentido.

E para saber qual excluir? Não excluí nenhum, claro, não queria. Entrei no do primeiro capítulo e percebi que eu realmente estava no começo do jogo, somente com o Sonic. Só que um detalhe me chamou a atenção: ele estava no nível 20. Enquanto isso, os outros dois jogos salvos tinham times de personagens, estavam no finalzinho do jogo e estavam com níveis aproximados (do mesmo nível 20).

Aí deu aquele estalo na cabeça, né? Eu tinha começado um New Game+. Pesquisei e vi que realmente isso existe para Sonic Chronicles. Inclusive vi quais são as coisas mantidas neste modo, mas não vou listar aqui porque nem falei do jogo ainda e preciso dar um pouco de contexto pra vocês.

Dei uma olhadinha rápida no How Long to Beat pra ver quantas horas de jogo eu precisaria para terminá-lo e descobri que seriam mais ou menos quinze. A minha preguiça, que já era enorme, ficou monumental.

Ainda procurei por algum gameplay completo naquele site famoso de streaming de vídeos e vi um com mais ou menos nove horas e meia de duração. Cara, sem chances. Deu preguiça até de assistir pra relembrar toda a história.

Olha, não levem a mal. Como falei, não é questão de falta de qualidade ou algo assim. Eu realmente gostei do jogo quando joguei. Mas gente, é muito tempo pra alguém que está no “Modo Pai”. Por alguma razão eu resolvi então recuperar o que eu escrevi no Meme Gamer de 2016. Vou colocar na íntegra:

“Vou repetir aqui: RPG do Sonic feito pela Bioware para um portátil da Nintendo. O que esperar disso?

– Sonic: questionável
– Bioware: respeitável
– Portátil da Nintendo: referência

A mistura resultou em um RPG bem feitinho, com passagens interessantes, sistema de combate bacana e só uma coisa pra estragar um pouco a experiência: tudo é baseado em comandos na tela de toque. Tudo, tudo mesmo! Desde a movimentação dos personagens até escolhas de menu. Não tem outro termo, é um pé no saco, e bem dado. Maldita época do DS onde todo mundo queria fazer comandos em tela de toque.

Se não fosse este detalhe, Dark Brotherhood seria um jogão. Na verdade é, tem boa história, tem desafio, tem muita coisa interessante, coisa e tal. Entretanto, como recomendar um jogo de tela de toque pra quem detesta este tipo de input? Pois é.

Maiores detalhes em um futuro post da Maratona Sonic.”

Ai caramba, que foi que eu fiz? Falei mesmo “Maiores detalhes em um futuro post da Maratona Sonic”? 

Pois é, naquela época eu realmente achava que o futuro estaria tranquilo como estava em 2016. Após ler isso, acabei me sentindo na obrigação de jogar de novo, dada a promessa. Fazer o quê?

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Antes de qualquer outra coisa, preciso dar alguns detalhes técnicos sobre o jogo, mesmo que os episódios da Maratona Sonic não sejam reviews, e eu não canso de repetir isso.

Sonic Chronicles: The Dark Brotherhood e o primeiro RPG da série Sonic, desenvolvido pela BioWare e publicado pela SEGA em Setembro de 2008 no DS, sendo exclusivo do portátil.

O elenco de personagens é pesado, aproveitando que um jogo deste gênero permite que os produtores explorem bastante a presença deles na história e até no gameplay. Estão presentes: Sonic, Amy Rose, Tails, Knuckles, Rouge, Shadow, E-123 Omega, Dr. Eggman, Cream e Big. Além deles também tem a debutante Shade the Echidna, que é importante pro plot do jogo de uma forma geral. Apesar disso, ela só esteve presente neste jogo em toda franquia.

O compositor Richard Jacques (de Sonic R e outros) esteve envolvido com a trilha sonora, junto com Steven Sim, um cara bem famoso da BioWare por ter se envolvido em vários projetos de muito sucesso como Dragon Age e Mass Effect. Entre muitos outros títulos.

A maioria das músicas estão relacionadas com os jogos Sonic CD e Sonic 3D Blast. São versões remixadas das músicas. Por mais que eu tenha pesquisado sobre o assunto, ninguém soube dizer ao certo qual o motivo para serem remixes e não as trilhas originais. Então eu vou deduzir aqui que é proposital para a ambientação do jogo.

Pensando na parte gráfica, tudo é bem cartunesco, com os personagens desenhados no melhor estilo anime, como os jogos antecessores da série. Tudo se encaixa muito bem na telinha do DS.

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Como a maioria dos RPGs existentes, o jogo basicamente se divide em partes de exploração e combate em turno, quando pensamos em gameplay. De uma maneira bem simplista, claro. Tem alguns quebra-cabeças para serem resolvidos que desbloqueiam novas áreas, além de inimigos mais poderosos dentro de algumas regiões que também limitam a exploração do jogador. Entre outras coisas bem tradicionais do gênero.

O plot tem a ver com coisas do passado, como acontece em Sonic Adventure. Inclusive conta com diversas referências ao clã dos Echidnas e tudo mais. Incluindo aí o pai da Tikal, quando ele ainda não tinha as mesmas ambições do jogo que originalmente foi lançado para Dreamcast.

Não quero dar spoilers, então vou contar um pouco por cima. A história em si começa com o Knuckles sendo raptado por um clã chamado de Marauders, além do desaparecimento das Chaos Emeralds. As informações são que o Echidna foi emboscado por uma quantidade enorme de oponentes, usando “umas máquinas malucas bem avançadas”, por isso não conseguiu escapar apesar de toda força que ele tem. A partir daí, Sonic e Tails resolvem investigar o que está acontecendo e resgatar o miguxo amigo, imaginando que mais uma vez o Dr. Eggman estaria envolvido (por causa das máquinas).

No geral, a história envolve coisas como outra dimensão (um lugar chamado Twilight Cage), os Echidnas e mais uma porção de coisas que eu vou ocultar aqui pra não estragar a surpresa de quem for jogar. No máximo posso dizer que tem referências ao Gerald Robotnik, que o mundo tem a G.U.N. (e o seu comandante), entre outras coisas. Além de uns NPCs que nunca vimos em outros jogos e mídias, a maior parte deles são humanos.

Ou seja, o jogo se passa na Terra, se a gente considerar os últimos plots de jogos que foram lançados até então e até mesmo algumas animações, como Sonic X.

Mesmo assim, conta com localizações bastante conhecidas e presentes em outros jogos que não deixam claro em que planeta fica, como a Green Hill Zone. Claro que ela não ficaria de fora, para a tristeza de alguns jogadores que cismam em reclamar quando ela aparece em algum jogo (algo que eu não consigo compreender, mas enfim). Até aqui tudo bem, personagens e locais já conhecidos na franquia eram de se esperar, certo?

Tem coisas bem clichês da franquia que acontecem também, como o Shadow chegando arrumando treta com os heróis antes de entrar pro time. Ou o Big procurando pelo Froggy e a Cream em busca do seu inseparável amigo Cheese. Só que também tem coisas inesperadas, como o próprio Dr. Eggman entrando para o time e lutando ao lado dos heróis. Mais surpreendente que isso só o fato dele lutar na porrada mesmo, e não dependendo somente de engenhocas robóticas.

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Se o Eggman entra para o time, fica óbvio que teremos aqui um vilão diferente na história. Sem querer dar spoilers também, é um novo personagem que teve sua raça batizada pela própria comunidade de jogadores. Algo que ocorreu no começo de 2008, em uma votação que foi colocada no portal Europeu da franquia chamado Sonic City. É possível resgatar o resultado através do Internet Archive. O nome da raça alienígena escolhida foi The Zoa (ou The Zoah), uma referência a outro clássico da SEGA: Panzer Dragoon Saga.

É importantíssimo dizer uma coisa, ainda sobre a história: a BioWare soube trabalhar muito bem com a franquia. Eles souberam capturar bem a essência da série e de todos os personagens, e com isso montou uma história que ficou bem bacana. Longe de ser infantilóide e sem tentar ser adulta e/ou super madura pra tentar impressionar sabe-se lá quem. Simplesmente se encaixou muito bem.

Segundo reza a lenda, o time de desenvolvimento da empresa, no geral, era muito fã de Sonic. Este foi o grande motivo para eles terem conseguido se manter bem fiéis aos personagens e franquia como um todo. A ideia deles era mesmo expandir o universo do ouriço com uma história mais detalhada, aproveitando para incluir alguns toques extras a ela, como por exemplo a dimensão paralela.

Chega de detalhes. Vou começar a contar um pouco da minha experiência aqui.

Resolvi continuar o New Game+ mesmo, já que o jogo simplesmente não me deixa “experimentar”, ou seja, jogar sem salvar. E eu definitivamente não quero excluir meus arquivos de save. Corri o risco de perder o comecinho da história, mas acabei revisitando no site de streaming de vídeos que não patrocina o blog. Descobri que perdi apenas a cutscene inicial e só. Literalmente, pois estava exatamente no ponto onde começa de novo a história.

De cara lembrei de algo importantíssimo: estamos falando de um RPG da BioWare, então não é só chegar nos NPCs e esperar que eles falem algo pra você. Não, como em diversos RPGs Ocidentais, os diálogos possuem escolhas, com ícones que representam algum tipo de início de diálogo ou resposta. Por exemplo, “?” serve para perguntar algo e “!” serve para conversar sobre um tópico importante. Entre outros casos, como uma imagem da cara do Sonic com expressão normal para darmos sequência na conversa. Ou outro com uma piscadela do personagem, que normalmente gera alguma fala do ouriço toda metida a besta. A maior parte das vezes resulta em um diálogo engraçado, apesar que vai muito do senso de humor do jogador.

Tem também ícones com o rosto de outros personagens (Tails, Knuckles, etc). Servem para que eles também interajam na conversa ou para que o Sonic interaja diretamente com eles, como por exemplo perguntando se eles estão bem, o que pensam do assunto, etc.

Diferentemente do que ocorre em outros jogos do gênero lançados por empresas do Ocidente, como os da própria BioWare, neste aqui as escolhas não afetam o desenrolar da história. Ainda assim, faz com que ocorram algumas situações bem inusitadas. Um bom exemplo é que existem também ícones de jóia pra cima e pra baixo. É engraçado dar respostas negativas ou de zoeira para a Amy, sempre acaba virando uma discussão cômica. Dá um pouco de dó dela, mas é divertido a beça.

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O jogo aproveita a presença dos diálogos para dar algumas dicas, como por exemplo ensinar a salvar o progresso. Muito melhor que forçar um tutorial pro jogador, deixa a opção para que a gente abra estes diálogos se tiver dúvidas. Se não tiver, pode pular e continuar jogando. Achei uma ideia bacana dos produtores.

Como a maioria dos RPGs existentes na indústria, o jogo começa com missões bem simples (eu diria até toscas), como cortar madeira. Sempre pra ajudar alguém que você nunca mais vai ver no jogo. Servem para acostumar o jogador com as mecânicas e tudo mais, e de quebra ganhar uns pontinhos de experiência com os personagens.

Complicado que logo de cara eu acabei subindo pro nível 21, e esse nível é muito alto pro começo do jogo. Comecei a massacrar os inimigos sem piedade nenhuma, dificuldade zero. O lado bom é que acelerou muito a jogatina.

Já o lado ruim do New Game+ é que todas as dicas que são mostradas ao jogador na primeira vez em que jogamos e que aparecem em uma tela especial (e não nos diálogos) não são mostradas novamente. E considerando que já faz seis anos que joguei, foi complicado relembrar uma porção de coisas.

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Uma coisa engraçada neste jogo é o barulho que faz quando um inimigo (ou mesmo personagem do time) é derrubado durante a batalha. Faz um “TOING” digno de desenho animado. Os efeitos sonoros em geral são bem cartunescos também, assim como a parte gráfica. Eu acho isso tudo muito legal.

O que me faz pensar que toda parte sonora do jogo é competente, mas não é nada de mais. Na minha opinião, as músicas não chamam tanto a atenção, mesmo sendo remixes de músicas boas, feitos por uma dupla fortíssima.

Já visualmente o jogo é bonito, considerando a época, a plataforma e o fato de ser jogo desenvolvido para um portátil de tela e resolução pequenos.

Como em qualquer jogo de RPG, os personagens podem equipar itens e possuem habilidades especiais, neste jogo chamadas de POW Moves. Quando usados, estes movimentos pedem para o jogador executar determinadas ações na tela de toque. Cada movimento tem um comportamento diferente, como seguir ícones na tela, ou clicar nos pontos certos, ou clicar o mais rápido possível. São várias combinações. Deixa o combate muito mais dinâmico e ajuda quem não gosta de só assistir as coisas acontecendo na tela após selecionar a ação no menu. Vale dizer que quanto melhor o desempenho do jogador no mini game de toque, mais poderosa é a ação do personagem.

Estas habilidades (e outros atributos) podem ficar mais poderosos conforme vamos avançando níveis e gastando pontos em cada uma delas. A customização de atributos e habilidades do personagem é bastante livre, dá para deixar todos eles bastante apelões.

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Além dos itens para equipar, também tem os que podemos usar nas batalhas e até mesmo fora delas, como os de cura, aumento temporário de atributos e por aí vai. Bem, vcs sabem como funciona um RPG, né? Resumindo, tem tudo isso também.

Outra vantagem do New Game+ é que pude reconfigurar todos os POW Moves e outras habilidades dos personagens, já que ele vem no mesmo nível em que terminamos o jogo, mas com todos os pontos para gastar novamente. Isto permite montar uma configuração completamente diferente, se o jogador assim desejar. Podemos afirmar que isso dá um certo incentivo para o fator replay.

Os diálogos são interessantes. Como falei antes, parece que a BioWare realmente capturou bem a essência de cada personagem. Logo de cara podemos ver um diálogo entre o Sonic e o Tails onde o ouriço fica relembrando Green Hill Zone todo nostálgico, falando sobre as aventuras que viveu no lugar e tudo mais. Enquanto isso o Tails lembra ele que não foi tão legal assim, já que os amigos deles foram aprisionados em máquinas e passaram por maus bocados. É exatamente como eu imaginaria um diálogo dos dois sobre o assunto.

Depois vem a Amy falando que está namorando, e o jogador pode escolher no diálogo para fazer questionamentos, como por exemplo quando que ela vai apresentar o garanhão pros demais personagens. Tudo resulta em desculpas muito esfarrapadas. É a cara dela mesmo. Vou dizer pra vocês que até estas conversas mais “bobas” são bem melhores do que vimos em jogos do próprio Sonic Team. Como as de Sonic Heroes, por exemplo.

Voltando a falar sobre as batalhas, tem um lance dos inimigos tentarem fugir. Isso transforma o jogo em um mini game de perseguição, que basicamente é uma corrida lateral em que o jogador precisa tocar a tela para pular caixas e outras armadilhas, ou permanecer no chão para passar em esteiras que aumentam a velocidade deles, entre outros. Se alcançar os inimigos, a batalha (re)inicia. É outro detalhe que dá uma certa dinâmica pro jogo e deixa ele levemente diferente do tradicional.

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É bom frisar que as batalhas não são aleatórias, ou seja, não é do tipo em que você está no mapa e de repente a tela entorta e começa uma batalha. Em Sonic Chronicles o jogador vê os inimigos no mapa e decide se quer enfrentá-los ou não, bastando encostar neles para que a luta inicie. Os inimigos no mapa normalmente vão pra cima do jogador, mas é perfeitamente possível desviar deles. Lembrando que pra isso precisamos utilizar comandos de toque, e isso é um porre. Desculpem, esta obrigação da tela de toque me incomoda mesmo, infelizmente eu vou continuar resmungando disso no restante do post.

Este jogo também tem aquele sistema de que em algumas batalhas o time começa atacando sem dar chance aos inimigos, aqui chamado de Ambush. Também tem o contrário, quando o time é pego de surpresa e passa uma rodada apenas apanhando, chamado de Trapped.

Engraçado como a “bagunça” da mistura entre Oriente e Ocidente, que é muito viva na franquia Sonic, se aplica também neste jogo. Vamos relembrar que o personagem foi criado no Japão para cativar os jogadores americanos. Em Sonic Chronicles, temos uma empresa canadense fazendo um RPG da franquia Oriental, com algumas características de RPGs Orientais (batalhas por turno, por exemplo) e outras de RPGs Ocidentais.

Destas últimas, além dos diálogos com múltiplas escolhas, tem também uma porção de Side Quests. Ou seja, missões secundárias ou opcionais, que aqui, inclusive, se chamam Missions.

No final das contas, Sonic Chronicles acaba sendo uma mistura interessante entre as duas vertentes do gênero.

Uma curiosidade: existe um site que o jogo referencia para acessarmos e ganharmos uma surpresa especial. Claro que eu tentei acessar tantos anos mais tarde e ele não carregou, mas eu tenho uma imagem disso e queria compartilhar com vocês.

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Pra facilitar, o link é este aqui. Fiquei tentando acessar via Internet Archive também em vários pontos do tempo que os dados do site foram salvos, mas não deu pra ver muita coisa.

Fiquei curioso do que se tratava e pesquisei sobre. Infelizmente não era nada de mais, apenas um papel de parede. Detalhe que precisava incluir um código pra conseguir pegar. Sei lá, talvez para a época tenha sido legal, mas eu mesmo nunca me importei com papéis de parede. Nunca.

O mini mapa das áreas do jogo vão abrindo conforme vamos navegando pelos cenários. Onde ainda não visitamos fica totalmente escuro. Tipo de coisa que está presente em uma porção de jogos de diversos gêneros, mas que na minha memória a maioria deles é ocidental. Posso estar enganado, claro. Porém, talvez seja mais um detalhe que mostra a mistura entre essas diferentes “culturas” e “costumes” de jogos dos dois “lados” do planeta. Credo, quantas aspas.

Também podemos coletar ovos de Chaos nos mapas, inclusive tem uma quantidade predefinida que podemos encontrar ao longo do jogo.

Não só os ovos, temos também os próprios Chaos presentes. Em Sonic Chronicles eles possuem uma pegada meio Pokémon, com vários tipos diferentes. Cada um tem algumas características que podem ser repassadas aos personagens, quando os Chaos são associados à eles. São características como habilidades extras de combate ou aumento de atributos (força, velocidade, etc). Também dá pra trocar os Chaos com os amigos que possuem o jogo. Pode ser feito via conexão wireless do portátil. Tipo de coisa que eu definitivamente não testei por ser um velho sem amigos.

Cabe dizer que não vou me prolongar muito no assunto por não gostar dos Chaos. Menos ainda de Pokémon. 

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Pra ser justo e dizer que nem tudo é tela de toque, podemos interagir com algumas partes dos cenários usando os botões L ou R. Porém, as mesmas coisas podem ser feitas com toque nos ícones que aparecem nestes mesmos trechos. Aí é aquele negócio: a maior parte do tempo você simplesmente se esquece dos botões e fica batendo a canetinha na tela aqui e ali. Sendo honesto, eu realmente não gosto disso. Eu sei, falei isso um montão de vezes já. 

Algumas destas interações só podem ser acessadas com um personagem específico. Por exemplo, quando exige força para quebrar algo (com o Knuckles); ou voar entre curtas distâncias (Tails); ou mesmo distâncias maiores e regiões mais altas ou mais baixas (Cream); passar por loopings (Sonic) e por aí vai. Sendo assim, pra evoluir na história acabam acontecendo alguns momentos de backtracking, ou seja, se encontrarmos uma região inacessível por não termos a habilidade necessária, em algum momento precisamos voltar com o personagem certo já fazendo parte do time para chegarmos onde queremos. Vale tanto para passar para uma nova área quanto para pegar itens ou ovos de Chaos.

Só não entendo porque a maioria das coisas que o Knuckles quebra são caixas. Por que diachos os designers amam tanto colocar caixas nos jogos, hein?

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Bom, basicamente o jogo é isso. São todas estas mecânicas mencionadas e uma história que vai progredindo aos poucos, com missões opcionais que podem ou não acrescentar mais detalhes do plot ou da franquia em si, além de outras missões que definitivamente são essenciais para a progressão geral do jogo.

O salvamento do jogo é manual, meus caros. Coisa comum da época, coisa comum de jogos do gênero. Pra um velho esquecido que já está acostumado com os jogos mais atuais salvando automaticamente, isso acabou sendo meio que uma barreira. Bom, é algo que acabou acontecendo comigo em outras ocasiões também, como na tranqueira do Sonic 2006. Quem viu o post enorme sobre o jogo deve se lembrar.

Uma curiosidade interessante: era para ter sido lançada uma sequência deste jogo. No final de Sonic Chronicles é mostrada a mensagem “THE END?” (“o fim?”, em tradução livre), com interrogação no final para deixar os jogadores com a pulga atrás na orelha imaginando como a história continuaria. Porém, algum tempo depois do lançamento do game a EA comprou a BioWare, então tivemos que dar adeus pra ideia. Se você adora detonar a EA por diversas razões, coloca isso aí na lista de críticas contra a empresa. 

Bom, preciso dizer que eu gostei pra caramba da experiência com Sonic Chronicles. É um jogo que dá para chamar de bom, sem peso na consciência. A julgar pela forma como ele foi criticado ao longo dos anos, acredito que a maioria das pessoas que jogaram concordam comigo.

De uns tempos para cá eu venho colocando nos posts da Maratona Sonic a recepção dos jogos na época de lançamento, então vamos discutir sobre o assunto.

Se considerarmos aquele tal agregador de notas que eu costumo desprezar, a média fica em 74/100, com análises bem mistas. As notas variam de 65% a 93% do valor total, dependendo do veículo da mídia especializada.

Reclamaram da… como é que é? Reclamaram de falta de multiplayer? Em um jogo de RPG? É sério isso? Rapaz, que vontade de falar uns palavrões aqui, viu? Pelo visto, alguns “especialistas” por aí estavam com o parafuso solto. Só pode ser isso. Melhor ignorar pra não passar nervoso.

As batalhas tiveram análises mistas. Alguns veículos disseram que gostaram bastante, afirmando que são divertidas e com momentos de tensão. Outros disseram que são chatas. Aqui cabe dizer que esse lance de chamar batalha por turno de chato tem se tornado cada vez mais frequente. Até entendo as pessoas que já não se interessam mais ou que nunca se interessaram por isso falarem desta forma. Só não consigo entender quando chamam de “conceito ultrapassado” ou algo assim. Ainda mais quando são pessoas vivem dizendo coisas como “não se fazem mais jogos como antigamente”. Na boa? Vou ignorar isso também. Só vou complementar que é questão de gosto, e que isso ficou evidente nas análises da época.

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Outra reclamação é que o cenário de exploração é muito fácil. Nem sabia que isso poderia ser visto como um problema, ainda mais considerando que a mesma mídia especializada vive reclamando de jogos difíceis. Será que devo ignorar essa bipolaridade também? Provavelmente. Vou fazer. Já fiz.

É quase um consenso entre os veículos que a história só fica interessante mesmo na segunda metade do jogo. Com isso eu concordo plenamente. O começo é bobinho e até meio “genérico” dentro do universo de Sonic, já que é aquele monte de coisas que já estamos acostumados: diálogos bobos, confusões entre os personagens, sumiço de Chaos Emeralds, etc.

Só depois a história começa a ganhar corpo e ficar mais interessante. Não é algo extremamente complexo e profundo, e nem deveria ser. Meus caros, isso é um jogo do Sonic. Vamos combinar que não é algo esperado e talvez nem queremos isso. Fora que quando tentam fazer esse tipo de coisa na franquia normalmente sai algo muito questionável. Se você realmente quer algo complexo e profundo, recomendo que vá jogar alguma coisa que foi pensada pra ser assim. Opção no catálogo de jogos já lançados é que não falta.

De qualquer forma, no geral a história foi considerada bem escrita e adorável. Eu assino embaixo. Finalmente algo que não preciso ignorar.

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Tem mais uma coisa que eles disseram que eu não quero ignorar, pois é algo que eu não pensei e é grande verdade. O jogo acabou se tornando porta de entrada para diversos jogadores mais novos no gênero dos RPGs. Pensando aí na faixa etária mesmo. É um universo bastante convidativo. Infelizmente não dá para afirmar que foi assim aqui no Brasil, pois o jogo não está disponível em português (não de forma oficial, pelo menos). É bom dizer que eu não estou reclamando da falta de localização nem nada assim, apenas enfatizando uma realidade. Eram outros tempos.

Por falar em realidade, de novo peguei site escondendo que o jogo teve análises mistas. Mais uma vez vi gente dizendo que ele recebeu notas altas. Diga-se de passagem, o mesmo site que reportei em outro post. Esses sites fãs de Sonic, viu? Se não fossem fontes de informações boas, também já estariam sendo ignorados faz tempo. Pior é ter que ver essa galera se auto proclamando como “verdadeiros fãs” da franquia. Melhor eu mudar de assunto, vai.

Na boa? O jogo é legal sim! Insisto em dizer. Se você está na pegada de jogar um RPG com uma história bacana, sem se preocupar em complexidades morais, sociais, políticas e mais esse monte de coisa que está na moda em redes sociais, acho que vale a tentativa. Vale lembrar que se você abomina controles por tela de toque, eu não recomendo. Se não for o caso e conseguir levar isto na boa, experimente pelo menos um pouco pra ver se as mecânicas te agradam.

De novo eu tenho aqui um jogo de nicho do nicho pra reportar, já que foi lançado para um portátil e é de uma franquia que não tinha RPGs até então, fora que tem questões de RPGs orientais e outras ocidentais misturadas. Mas acreditem, o jogo é bacana sim, vale dar uma olhada pra pelo menos conhecer.

Não é uma obra prima que merece todos os reviews positivos do mundo, mas está muito longe de ser algo pra ignorarmos. A não ser que alguns dos fatores mencionados realmente não te agradem ou você não goste do gênero de uma forma geral.

A impressão que passou pra mim é que a gente fica muito mais tempo em explorações, quebra-cabeças e diálogos do que nos combates. Eu particularmente prefiro os combates, mas sei que tem muita gente que prefere as outras partes. Então quem sabe você acaba descobrindo algo interessante que nem considerava jogar antes?

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Como eu acabei jogando o New Game+, no gameplay mais recente não tive a sensação de desafio e nem consigo me recordar quais os melhores personagens, melhores itens e outras coisas que poderia passar de dica, então vou ficar devendo isso. Apesar que tem dois pontos: primeiro que montagem de time em RPG é algo bem pessoal, cada um tem um estilo de jogo; fora que este texto não é um detonado e nem review, então não há necessidade mesmo de entrar nestes pontos.

Outra coisa que eu preciso dizer é que nesta jogatina eu realmente não fui até o fim, mas sim apenas um bom pedaço pra me lembrar como eram as coisas. Se isso incomoda alguém, peço desculpas. Meu tempo realmente anda curto, se não fosse por isso eu teria jogado tudo. Era a minha intenção quando montei a Maratona Sonic. O Caduco do passado está chateado comigo, com certeza.

Entendam que não foi por falta de qualidade do game ou qualquer coisa com ele. A culpa é minha mesmo. Meu backlog está monstruoso e eu mal tenho conseguido jogar este ano. Então estou fugindo de jogos longos. Nem a versão de DS de Chrono Trigger eu pegaria pra jogar, e ele é o meu RPG favorito de todos os tempos, sou louco pra ver o que a versão lançada para o portátil tem de diferente. Imagino que dizer isso deixa evidente que eu não vou repetir jogatina com outros longos jogos do gênero tão cedo, e isso acaba se aplicando à Sonic Chronicles, evidentemente.

Aliás, meu backlog específico de RPG já é monstruoso por si só, até postei sobre isso. Além disso, este é um gênero que pra mim não faz sentido ficar repetindo história com esse montão de jogos me esperando. Eu já conheço esta história. Posso não me lembrar de alguns pormenores, mas lembro do plot principal e desfecho, pra mim isso basta. Se fosse um jogo mais baseado em mecânicas, talvez o replay valesse sim a pena. Então foi bastante válido e divertido passar um dia das minhas “mini férias” revisitando algumas horinhas do jogo e acompanhando outra parte da história em vídeos pra relembrar alguns pontos.

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Pra finalizar, nos primeiros posts da Maratona eu tinha o costume de comparar os jogos do Sonic com os do Mario. Pior que eu nem me lembro direito por qual razão eu comecei a seção fazendo isso. Daí quando perdeu o sentido parei de fazer, mas acredito que este jogo especificamente faz sentido comparar. Vamos nessa?

Comparar Sonic Chronicles com Super Mario RPG talvez seja desproporcional. O jogo da Square é brilhante, então acaba ficando muito a frente. Não significa que o jogo da BioWare seja ruim, só que não consegue chegar no mesmo patamar. O excesso de qualidade do jogo do encanador não anula a boa qualidade do jogo do ouriço, que é uma opção bem gostosa de jogar pra quem quer algo mais despretensioso usando as mecânicas comuns do gênero, embora elas sejam mais dinâmicas que a de jogos mais clássicos. Faz sentido? Na minha cabeça, sim.

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Meus caros, é isso!

Alguém de vocês chegou a jogar? Pretendem? Contem aí o que pensam sobre o jogo e sobre o post, o espaço dos comentários é de vocês!

Obrigado a todos pela leitura e por acompanhar mais um episódio da Maratona Sonic.

O próximo sai quando estiver pronto.

Abraços e até o próximo post!

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Sobre Gamer Caduco

Apenas mais um cara que nasceu nos anos 80 e que desde que se conhece por gente curte muito videogames, não importa a geração.
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8 respostas a Maratona Sonic: Sonic Chronicles: The Dark Brotherhood (DS)

  1. Eu ouvi dizer que não houve continuação devido a uma briga sobre direitos autorais entre a Archie Comics e o antigo roteirista dos gibis do Sonic, pois a história do jogo bebe dessa fonte.

    • A Sega venceu o caso contra o Ken Penders na época, mas por causa das vendas fracas e a aquisição da Bioware pela Electronic Arts eles cancelaram o projeto da continuação mesmo assim. De fato, essa briga levou a um monte de retcons nos quadrinhos americanos do Sonic até a Sega cancelar eles e recomeçar com a editora IDW.

      Sobre o jogo, eu nunca joguei porque os emuladores não rodavam direito na época. Também nunca tive curiosidade de saber do enredo dele em detalhes. Que grande fã de Sonic eu sou lol

      • Caçarola, eu respondi sobre o caso sem ler esta resposta… isso que dá ir pela plataforma do WordPress e não pelo post! rs
        O que eu tinha visto era um pouco neste sentido, mas sem grandes detalhes. Acho que agora esclareceu bem.
        Mas calma… calma que o fã horroroso de Sonic aqui sou eu, que vivo resmungando dos jogos nos posts. Isso segundo os “fãs verdadeiros”… hahaha! Não ter jogado um jogo não vai te crucificar… quer dizer, eu acho né? Os “fãs verdadeiros” são exigentes que só.
        Zoeira a parte, quando puder, tenta conhecer que eu acho que vale a pena. É um jogo gostoso de jogar, apesar da tela de toque em excesso.
        Valeuuuu!

    • Eu vi esse motivo também em uma Wiki, mas pelo que entendi lendo algumas fontes (duvidosas, mas tudo bem… kkk) é que a EA cancelou tudo que a BioWare tava fazendo mesmo quando houve a aquisição. Então talvez esse lance do roteirista (que meteu processo e o caramba a 4, vc deve saber bem) tenha sido só mais um motivo pra não seguirem em frente.
      Ainda acho que a culpa é da EA… kkkkkkkkkkkkk

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