Especial: 40 anos em 40 jogos – Parte 4

Olá caros leitores, tudo bem? Espero que sim!

Chegamos finalmente à parte final do Especial contendo 40 jogos que foram impactantes  na minha vida ao longo desses 40 anos de existência.

Alguém perdeu as demais partes? Vou facilitar pra vocês e colocar os links antes de começar a tagarelar. Confiram todos pra entender toda a trajetória do cidadão que vos escreve.

Especial: 40 anos em 40 jogos – Parte 1
Especial: 40 anos em 40 jogos – Parte 2
Especial: 40 anos em 40 jogos – Parte 3

Agora que estão prontos, vamos em frente com os 10 últimos jogos.


31. Resident Evil 5 (PlayStation 3)

A DLC Lost in Nightmares é uma DeLíCia (desculpem)!

Fico imaginando os fãs da franquia olhando esta lista e pensando: “credo, um Resident Evil ruim teve influência na vida desse panaca?”. Pois é, teve sim. E digo mais, não acho ele nada ruim. Vale dizer que até então eu não curtia a franquia Resident Evil. Sim, desde a geração do primeiro PlayStation eu já não gostava por causa da movimentação em tanque, peguei bronca rapidamente. Ainda assim, me falaram que o quinto episódio merecia uma chance para jogar em duas pessoas (e somente desta forma), então baixei a demo. Tentei jogar em dupla no cooperativo local e foi mais ou menos legal, mas nada de mais. Então certo dia o jogo ficou gratuito para assinantes da PS Plus e um amigo falou pra eu pegar para jogarmos online. Eu torci o nariz, mas com alguma insistência ele me convenceu a baixar e jogar com ele. Então abrimos o Skype e começamos a conversar enquanto jogávamos. Quando eu menos esperava, estava me divertindo a beça com a experiência, criando uma narrativa própria em dupla, falando um monte de groselha enquanto jogava, rindo das coisas ruins, vibrando com as conquistas e superações de momentos complicados, entre outras coisas. Ou seja, basicamente relembrou a jogatina local com amigos que eu tinha na infância. Só que online, o que era um grande facilitador para quem estava na correria da vida adulta. Ele foi a porta de entrada para outros jogos cooperativos online, já que eu não tinha jogado praticamente nada desta forma. Algum tempo depois participei de algumas sessões de jogatina de Castle Crashers, outro baita jogo (que eu inexplicavelmente ainda não joguei pra valer). Um pouco depois com a mesma turma acabamos debulhando o Dungeon Defenders, também no PS3, com três pessoas jogando local e eu conectado com eles sendo o quarto integrante para resolvermos os quebra-cabeças. Voltando ao RE5, outra coisa legal é que eu joguei com alguém que conhecia de tudo e que foi me explicando as coisas da franquia, então fui entendendo uma porção de coisas e ainda pegava as referências mesmo que de forma indireta. Foi legal pra caramba. Outra coisa legal foi jogar a DLC Lost in Nightmares , que rendeu susto dos dois e mais risadas. A DLC tem uma pegada menos ação e mais próxima do original, passei aquela noite ouvindo altos elogios dela. Algum tempo depois até o Resident Evil 6 jogamos em dupla também. Este já foi um pouco mais difícil de engolir de forma geral, mas mesmo assim repetir toda experiência de criar a narrativa própria e ficar tirando sarro das coisas ruins deixou tudo muito divertido. Ou seja, o importante é que Resident Evil 5 foi quem criou o hábito da jogatina cooperativa online, que durou um bocadinho, porém com o tempo acabou se perdendo eu não sei bem o porque. Confesso que sinto saudades e talvez eu queira retomar de alguma forma, mas a vida adulta não anda deixando. Outra coisa que Resident Evil 5 me ensinou foi que um jogo que pode ser considerado mediano (ou até ruim) acaba se tornando incrível em uma jogatina em duas pessoas. Baita influência na vida gamer, não?

32. Persona 4: The Golden (PS Vita)

Este jogo me fez um bem danado, a ponto de eu comprar a versão do PS2 posteriormente.

Não vou entrar em detalhes, mas estava passando por uma fase difícil da vida quando peguei Persona 4: The Golden para jogar. Comprei ele junto com o PS Vita logo de cara, pelas coisas positivas que lia e escutava sobre ele. Mesmo assim não estava tão empolgado, mas resolvi dar uma chance. Principalmente porque estava trabalhando bem longe de casa e pegava fretado todos os dias, demorava um bom tempo dentro do ônibus tanto na ida quanto na volta. O casamento de um jogo longo com essas viagens demoradas foi perfeito, e também pareceu que eu calhei de jogar ele no melhor momento possível. Não sei se é só comigo que acontece, mas parece que numa fase onde tudo dá errado, a gente acaba se afastando das pessoas também, nunca entendi o porque. Então eu estava tentando vencer esta fase difícil sozinho, já que ainda por cima estava morando sozinho. Bem, quem conhece Persona sabe que a gente basicamente controla o personagem principal e explora, entre outras coisas, a amizade com diversos outros personagens do jogo, jogáveis ou não. Por mais que isso possa parecer estranho, eu consegui atingir um nível de imersão tão grande com o jogo que eu simplesmente me sentia vivendo a vida daquele personagem, conversando com aquelas pessoas, me importando com elas. Este jogo em vários momentos me ajudou muito a fugir da realidade que estava me sufocando e viver algo extraordinário. Escapismo total. Foi o jogo perfeito para o momento perfeito. Jogatinas intermináveis que aconteciam muito mais no fretado do que em casa me fizeram chegar ao final do jogo com aproximadamente 109 horas. Gostei tanto do jogo que eu passei a considerar o segundo melhor RPG que joguei na vida, mesmo que tecnicamente falando eu prefira outros formatos de jogo e hoje em dia eu mesmo questione este meu rankeamento. Mas o que senti jogando ele é algo difícil de explicar. Foi um daqueles jogos que deram a sensação de vazio ao terminar, pois eu sabia que sentiria saudades daquela galera. Ao mesmo tempo sabia também que eu precisava voltar para a realidade. A parte boa desta minha história é que eu já estava bem melhor quando finalizei Persona 4, a tormenta que foi aquela fase já tinha chegado ao fim. Em suma, este foi o jogo que abriu os meus olhos para uma coisa que pouca gente percebe, mas que o momento da vida que você está vivendo influencia muito nos seus gostos, inclusive de videogames. Se eu deixasse P4G fora da lista, estaria cometendo uma grande injustiça com a minha história de vida. Ah, este jogo também ganhou texto aqui no blog. Link pra quem quiser ler.

33. Battlefield 3 (PlayStation 3)

Minhas estatísticas no jogo. Tô nem aí se as suas forem melhores. Só fiquei surpreso disso tudo ainda estar no ar (sem ninguém no servidor) nas últimas semanas de 2020.

Quem me conhece deve ter assustado com a presença de Battlefied 3 na lista. Para quem não sabe, eu detesto jogos de tiro em primeira pessoa, vulgo FPS. Exceto os clássicos DOOM e Wolfenstein 3D, eu normalmente torço o nariz e/ou dou de ombros quando alguém tenta me chamar pra partidas de um jogo do gênero, especialmente os modernos. Mas Battlefield 3 teve uma influência muito positiva na minha vida. Pessoal de onde eu trabalhava começou a jogar o jogo em uma galera grande, então me convenceram a pegar a também. A versão expandida, que estava em promoção. Depois de muita pressão social eu topei pegar e fui jogar com eles. No começo eu ficava pouco tempo (principalmente por causa da Motion Sickness), só ficava zoando no mapa, não interagia tanto. A gente jogava com a comunicação do jogo (com os demais jogadores) fechada, mas todos no Skype trocando ideia ao mesmo tempo. Era legal porque era uma conversa entre todos, não limitada apenas ao Squad (quatro pessoas), que é o comportamento da comunicação por áudio do jogo. Era bastante comum pelo menos umas cinco pessoas conectadas, chegando até oito dependendo da noite. Com o tempo eu parei de ficar apenas fazendo número e passei a jogar a favor do time, aproveitando uma característica minha que é a de gostar de fazer o que ninguém gosta (por exemplo, sou goleiro no futebol, raro achar quem gosta de jogar no gol). Vai saber porque, me identifiquei com a classe de Support (que ninguém queria usar) e adorava fornecer munição e explodir tanques com C4, além de fazer supressão para que os amigos acertassem os tiros mortais deles nos nossos adversários. Ainda mais que eu mesmo sou muito ruim de mira. Vejam só que legal, um jogo que poderia ser completamente tóxico se tornou algo completamente divertido. Um jogo altamente competitivo se tornou na minha cabeça cooperativo, eu encarava os outros jogadores se fossem bots do jogo e saía jogando. Mais ou menos, as vezes eu me irritava e tentava umas revanches contra alguns deles. Normalmente não dava muito certo, pois não saio bem no mata-mata, já falei que sou ruim de mira. Mas em outras modalidades de jogo eu passei a ser bastante útil, chegando até a ficar em primeiro em alguma sessões por estar jogando muito mais focado nos objetivos do que em matar os outros (que é comportamento normal de muita gente). Foi bem legal fazer parte do time. Agora, a influência que ficou é que eu passei a evitar prejulgar os jogos pelos seus gêneros e comecei a experimentar coisas que antes eu dizia não gostar. Ainda faço às vezes o julgamento, mas muito menos que em outras épocas. Escrever este trecho do post me deu até saudades de reunir a turma e ficar jogando conversa fora ou combinando estratégias e rolando de rir quando as mais malucas delas davam certo. Ou então rir porque deu completamente errado, totalmente diferente da molecada que fica xingando porque não alguém não fez o que queriam. Foi uma sensação bem parecida com a experiência de jogar futebol (em quadra/campo, não videogame) com uma turma legal que também não fica reclamando, o conceito é basicamente o mesmo. É o tipo de coisa que sempre gostei e poder vivenciar isto com videogames foi bem legal também. Detesto gente reclamando alegando ter razão o tempo todo. Enfim, vou repetir: fico impressionado que um jogo que tinha tudo pra ser negativo acabou sendo uma baita influência positiva na minha vida gamer. Torço para que eu tenha essa experiência novamente na vida, nem que seja só uma fração dela. Embora acho bem difícil de acontecer, ainda mais com os eventos da vida adulta pesando cada vez mais.

34. Demon’s Souls (PlayStation 3)

Que saudades do Nexus, de poder escolher a próxima fase desafiadora. Muito melhor que ficar perdido no mapa só porque tem jogo aí querendo ficar mais demorado artificialmente.

Um dia eu fui desafiado a jogar Demon’s Souls. Exatamente em um dia em que o jogo estava naquelas promoções imperdíveis. Eu passava longe do jogo, como passava longe de Battletoads, Mega Man e outros jogos com histórico de serem difíceis. Mas esse dia eu cedi à pressão social (olha ela aí de novo) e comprei o tal jogo. O amigo que me desafiou foi até o final do game e falou que com dedicação eu terminaria também. Claro que eu não acreditei nele. Só que ele insistiu e eu resolvi ceder à pressão de novo e comecei a jogar. Já tinha terminado Mega Man III há algum tempo. Lembram que eu falei no post anterior que neste daqui apareceria uma franquia difícil que eu criei coragem para encarar? Então. Eu tava me achando “o cara” dos videogames, e pensava que conseguiria terminar um “mero Demon’s Souls” com tranquilidade. Que nada, longe disso. Passei o primeiro boss com muita dificuldade e simplesmente larguei o jogo, falei que nunca mais voltaria para ele. Isso foi nos dois últimos meses de 2012, este blog já existia. Um ano e meio depois eu voltei pra ele e levei mais seis meses para terminá-lo. Não somente pela dificuldade do jogo, mas porque a vida estava corrida. Ainda assim, eu me via empolgado a jogar um pouquinho por dia, mesmo quando sabia que não teria progressão no jogo em si, apenas alguma evolução como jogador e cada vez mais preparado para vencer os desafios impostos por ele. No fim das contas, acredito que ele foi o grande responsável por consolidar aquilo que Mega Man III iniciou: sentir prazer por jogos difíceis, de ir dormir irritado porque não conseguiu progredir e na noite seguinte chegar babando de vontade de jogar e passar de primeira porque concentração e foco estavam no máximo e muito da solução já estava sólida na cabeça, por ter passado uma boa parte do dia pensando em como vencer o desafio. Tipo de coisa que os jogos antigos, jogos independentes e alguns poucos jogos AAA proporcionam para nós. Claro, Demon’s Souls não chega perto de muitos jogos clássicos em matéria de dificuldade, mas é sólido o bastante para te impor uma boa dose de desafio e te provocar toda vez que você falha e acaba morrendo. Nos posts do Meme Gamer, onde listamos o que jogamos em cada ano, dá para ver nitidamente a mudança nas escolhas de jogos que fiz antes de Mega Man III (2012), entre ele e Demon’s Souls (2014) e depois do jogo da From Software. Então posso dizer com toda certeza que este jogo teve uma influência forte na minha vida. O curioso é que eu fui tentar depois o primeiro Dark Souls e não gostei. Não gostei de algumas diferenças que foram feitas em relação a Demon’s. Fora que achei ele bem mais fácil até onde eu joguei. Porém, o mesmo não posso dizer sobre Bloodborne, onde eu penei bastante pra terminar e achei ele ótimo em todos os quesitos. Considero um dos melhores jogos de sua geração sem pensar duas vezes. Melhor que muita história pra boi dormir que tem por aí. E eu ainda não joguei Sekiro, antes que perguntem. Mas estou seco de vontade de fazer isso. Ou seja, será que Demon’s Souls influenciou pouco? Óbvio que não.

35. Shovel Knight (Wii U / 3DS / Switch)

Vai ter Shovel Knight sim, vai ter um monte de Shovel Knight. E se reclamar, vai ter mais Shovel Knight!

Este foi o jogo que despertou uma curiosidade monstruosa para jogos independentes na minha pessoa. Eu já tinha sim experimentado um ou outro jogo criado por desenvolvedores independentes, mas nenhum deles chamou tanto a minha atenção quanto ele. Shovel Knight foi amor a primeira vista, joguei alucinado do começo até o fim jogando no Wii U. Nele eu joguei a campanha principal e todas as DLCs, repeti o processo no 3DS (das DLCs também) e fiz a mesma coisa no Switch. Ainda pretendo jogar no PC e no PS4 algum dia, para ver os extras exclusivos por plataforma. Ainda não tenho estas versões do jogo, mas um dia terei. Enfim, toda vez que começo Shovel Knight fico muito empolgado. Depois que joguei ele, fiquei tentado a conhecer outros, até os mais famosos que vieram antes dele, como Super Meat Boy que eu tinha experimentado e na primeira vez não tinha me empolgado tanto. Quando tentei de novo fiquei bem mais animado, o jogo tem seus méritos. Entretanto, se não fosse o game do cavaleiro da pá, talvez isto não tivesse acontecido. A curiosidade despertada agora reside na minha epssoa até o fim da minha vida, com toda certeza. Continuo e continuarei jogando os jogos independentes sempre que puder. Só me recuso a chamar daquele nome modinha. A influência e importância de Shovel Knight é tão grande na minha vida gamística que eu até postei um texto sobre ele. Recomendo a leitura!

36. Super Mario Galaxy (Wii)

Excelente jogo que eu vou fazer questão de jogar no Switch também. Depois dos outros dois, claro.

Mais um jogo que chegou a ganhar um post, que foi mais uma declaração de amor do que uma análise. Lá pro fim dos anos 2000 e começo dos anos 2010 foi basicamente a época em que eu estava voltando aos games. Eu via pessoas jogando Super Mario Galaxy e a única coisa que eu via era um jogo fofinho e coloridinho onde tudo parece feliz. Aquilo não me interessava de forma alguma. Tinha aquela visão totalmente equivocada de jogadores que não possuem nenhum conhecimento da marca e fica chamando seus jogos de “infantis” e outras coisas que não são completamente verdadeiras. Mas o tempo passou e eu comecei a deixar de ter um viés anti nintendista (YES! USEI “VIÉS” NO TEXTO!) por causa do meu passado com a SEGA. Demorei, mas caramba, eu já saí da adolescência faz tempo. Normalmente é nesta fase da vida que a gente precisa tanto levantar bandeira sobre as nossas preferências. Ou não, né? É só dar uma olhada nas redes sociais ou páginas de notícias e vemos que não é bem coisa de adolescente (aliás, isso acontece dentro de vários assuntos, especialmente esportes que envolvem clubes). Quando abri a mente para todos os tipos de jogo, Super Mario Galaxy foi um dos games que me mostrou que vale muito mas você jogar pra valer antes de opinar sobre eles do que só assistir ou jogar bem pouco para experimentar. O jogo é muito mais que gráficos coloridinhos e fofos, é uma baita trilha sonora, uma física impecável, um design de fases e chefes incrível e mais uma porção de coisas que eu já coloquei no texto ou posso mesmo ter esquecido, injustamente. Ele provou para mim que é um dos maiores jogos de sua geração, muito melhor que jogos com gráficos mais realistas e histórias comoventes, que são super valorizados pela indústria, mídia e comunidade. Pelo menos há um certo reconhecimento por boa parte destes públicos para Super Mario Galaxy, embora eu ainda acho que ele mereça muito mais. A influência que ele teve sobre mim? Consolidou um novo amor: a Nintendo! Consolidou a abertura de mente para novas experiências também, não só aquele monte de jogos iguais que te empurram goela abaixo. E mais importante: me ensinou que a Nintendo não é sobre crianças ou qualquer baboseira que você pode ler e escutar por aí, é sobre diversão pura. Neste quesito, ela sempre foi e continua imbatível. Desculpa aí quem é “ista” de outra marca, acorda pra vida que você vai entender o que eu estou falando. Também passei por este processo. Antes que os nintendistas fiquem se achando, experimentem as coisas das outras marcas também, tem muita coisa boa para vocês conhecerem também. A lição que fica, que foi iniciada pelo Wii U e que Super Mario Galaxy consolidou na minha cabeça é: quem se limita não se diverte. É isso.

37. Contra (NES)

Foto que tirei no exato momento em que terminei pela primeira vez. Sim, era festa junina, a toalha de mesa entrega isso.

Contra teve duas influências na minha vida: a primeira, lá em meados do fim dos anos 80 e começo dos anos 90, quando meu primo pegou emprestado um Turbo Game da CCE com o cartucho Contra. Era uma época em que eu não sabia que Dynavision, Phantom System, Turbo Game e outros consoles eram clones de um mesmo sistema, o NES. Eu respirava SEGA e TecToy, jogava Master System alucinadamente. De repente dou de cara com uma das maiores pedreiras de NES. Lembro que a gente largou rapidinho o jogo e voltou pro Master System, assustados. Aquilo era muito difícil. Foi um dos jogos que me afastou do Nintendinho com toda certeza, eu estava muito mais acostumado com o mundo SEGA e não queria sair dele. Provavelmente foi aí que começou a influência negativa e o “seguismo”, a necessidade de levantar a bandeira do lado azul da força (obrigado, Super Mario Galaxy por me tirar de vez dessa). Em algum momento de 2018 eu relembrei este dia memorável e algumas das outras tentativas que fiz no começo da febre dos emuladores. Ou seja, lembrei das vezes em que eu falhei ridiculamente tentando jogar este jogo. Já nesta época de emuladores eu achava Contra muito legal, mas muito difícil. Depois de terminar até o primeiro Mega Man, achei que eu talvez já estivesse preparado para encarar o pai dos run’n gun na versão do console da Nintendo. Peguei o PSP e comecei a encarar o desafio durante as minhas idas e vindas do trabalho, dentro do metrô de São Paulo. Este jogo foi responsável por iniciar uma saga incrível de jogos desafiadores, que foi acabar em Battletoads. Lembro até hoje o dia que terminei Contra, ainda mais porque foi meio inesperado: estava ajudando a montar uma festa no salão do prédio e eu precisava esperar algumas coisas chegarem para dar continuidade nos preparativos. Eis que peguei o PSP e simplesmente consegui terminar algo que estava entalado na garganta há anos. Na época eu estava bem treinado, tava tomando Game Over na última fase apenas. Ele foi grande influência para que voltasse aquela velha paciência de tomar um Game Over definitivo e tentar novamente, recomeçando desde o início. Algo que eu tinha perdido com o tempo, mesmo que ainda gostasse dos desafios mais pontuais. Entendo perfeitamente quando alguém me diz que não tem mais paciência pra esse tipo de jogo. O que eu não acredito é que essa paciência seja irrecuperável. Tem sim como voltar a gostar de jogos assim, basta querer voltar a gostar. Só não vale é falar mal de jogos que possuem esta premissa. Lembrem-se que foi o conceito base de pelo menos duas ou três gerações. É completamente aceitável que eles ainda sejam criados em pleno 2021, podem ter certeza que ainda existe público para isso. Sempre vai existir. Bem, estou divagando demais, vamos para o próximo da lista.

38. Castlevania (NES)

Só mais uma das infinitas mortes provocadas pela Morte.

Se eu já achava (e ainda acho) Contra desafiador, Castlevania foi quem me abriu os olhos para o que é um jogo difícil pra valer. O fato dele possuir Continues infinitos comprovou isso. Passar pela Morte, o penúltimo chefe, sem usar qualquer tipo de artimanha (também conhecida como Água Benta) beira o impossível pra quem não jogou a vida toda. Sem usar qualquer tipo de item então, a coisa piora e eu só não digo que é de fato impossível porque eu vi gente fazendo isso naquele famoso site de vídeos. Apesar que isso não prova nada nos dias de hoje. Enfim, fiquei dias e dias tentando passar por ela. A ponto de conseguir passar o resto do jogo até com certa tranquilidade de tanto que repeti aquilo. Agora, é muita sacanagem aquele corredor que antecipa a batalha contra ela, quase sempre a gente chega no chefe sem estar com a vida cheia, o que dificulta muito. Eu consegui vencer o chefe depois de mais de um mês tentando, mas tive que usar a Cruz (continuo me recusando a usar a Água Benta, acho isso jogar sujo). E ainda acho que consegui por sorte. Duro foi depois passar pela última fase que é uma pedreira tensa demais também. Pelo menos eles aliviam quando a gente chega no último chefe e existe um checkpoint logo antes dele. Quando deu Game Over nele eu fiquei desesperado, achei que ia ter que jogar toda a fase de novo, que bom que não aconteceu isso. A verdade é que eu só terminei Castlevania por causa de uma insônia forte, tive tempo e energia pra jogar até o fim. A influência que isso tudo teve? Bem, que existem jogos que são absurdamente difíceis, mas que eu posso terminá-los se eu tiver muita paciência, muita dedicação e tempo, principalmente tempo. E que Continues infinitos não fazem um jogo ser mais fácil que outros. Bem, foram muitos aprendizados em quase dois meses de jogatina. Mais difícil que ele, só o próximo jogo.

39. Battletoads (NES)

O exato momento, dentro do metrô de SP, em que eu finalmente derrotava o meu maior algoz dos videogames. Um dos meus jogos mais queridos desde então.

Assim como Contra e Castlevania, Battletoads era um dos jogos que eu pensava que nunca terminaria na vida. Aliás, terminar ele era meio que um dos meus objetivos de vida gamística e eu passei três meses tomando Game Over e recomeçando, avançando muito pouco a cada nova tentativa, mas aprendendo uma porção de novas coisas pra passar cada vez melhor por cada um dos desafios que o jogo te impõe. E são vários desafios mesmo. Eu tinha assistido um vídeo com o jogo de cabo a rabo lá em 2010 no Retroplayers, mas foi somente 8 anos depois que eu fui jogar pra valer e eu mal lembrava das fases. Não lembrava e nem mesmo imaginava que seriam 12 desafios quase que completamente diferentes uns dos outros. O jogo é cheio de surpresas e é uma delícia de jogar. Quando você perde uma vida, você sabe muito bem porque morreu. Não tem essa de culpar controle, TV, falar que não estava jogando sério, ou qualquer outra desculpa esfarrapada. E não adianta apelar pra Save States como eu tentei fazer muitos anos antes disso. Se você fizer e depois tentar jogar o jogo de uma vez, vai se frustrar porque vai tomar Game Over muito antes do que imaginava. Outra coisa que eu não imaginava é que eu precisaria de um controle bem decente pra passar uma das fases, no caso a penúltima. Estava jogando com um controle que tem diagonais super sensíveis e quando cheguei nesta fase nada funcionava. Foi tenso, mas aprendi. Battletoads causou em mim um misto do que passei com Contra e Castlevania. O jogo é desafiador por si só, algo que todo mundo já sabe. Mas ele tem Continues limitados, não dá pra você passar uma madrugada tentando uma fase só pra treinar, a não ser que use artifícios de emuladores. Você tem que aprender a sair de cada obstáculo, saber a melhor rota, a melhor hora, o melhor lugar pra ficar, e por aí vai. Depois que aprende a fazer, fica gostoso de jogar e de assistir. E a repetição não é monótona, tudo porque o jogo é espetacular em outros aspectos, como controles, gráficos e principalmente aquela trilha sonora maravilhosa. Se Contra e Castlevania me abriram os olhos para o fato de ter que treinar muito pra conseguir terminar um jogo muito desafiador, Battletoads consolidou isso. A sensação que eu tive quando terminei este jogo foi indescritível. Não a toa o jogo também ganhou um post aqui no blog, alén de ter entrado facilmente para o meu top 10 de melhores jogos que joguei na vida.

40. Sonic Mania [Plus] (PlayStation 4 / Switch)

Pra fechar com chave de ouro!

Claro que ele estaria aqui. Embora eu tenha seguido uma ordem cronológica nesta lista (de acordo com a minha vida, não de lançamentos), preferi deixar Sonic Mania fora desta ordem, porque foi com o tempo que eu comecei a absorver toda a influência que este jogo teve sobre a minha vida gamística, principalmente considerando a franquia que tanto amo: Sonic the Hedgehog. Quando voltei com tudo para os videogames, em 2010, passei a conhecer gradativamente os jogos do ouriço lançados para a geração PS3/X360/Wii. Não todos, eu fugi de Sonic 2006 e alguns dos exclusivos do console da Nintendo. Porém, isto foi o suficiente para ativar um gatilho em mim: eu não entendia porque havia tanta revolta com os jogos da era moderna do ouriço. Eu quase não tinha experiência com os Adventure e os jogos lançados após eles. Inclusive defendia muito jogos como Sonic Generations e ainda não acho que Sonic Unleashed seja tão ruim quanto todo mundo fala (embora também não seja bom, ou seja, as pessoas exageram para os dois lados). Defendia muito que está tudo bem existir jogos 3D do personagem. Depois de um tempo comecei a perceber que sentia saudades dos jogos do estilo do Mega Drive, algo que Sonic 4 não foi capaz de sanar com nenhum dos dois episódios (embora eu admita que goste deles). Inclusive cheguei a escrever um texto para o Retroplayers dizendo o como eu imaginaria que deveria ser o novo jogo do Sonic que eu consideraria perfeito. Como num passe de mágica alguns anos depois a SEGA resolveu ouvir os fãs e deu a oportunidade para pessoas que amam a franquia desenvolverem Sonic Mania e a sua extensão Sonic Mania Plus. Eu (e a Internet inteira, menos os fãs chatos incondicionais da franquia) estávamos certos, tanto é que o jogo foi um sucesso não só de vendas como de crítica pela mídia, indústria e público. Depois que eu joguei ele de tudo quanto foi forma eu percebi que esse formato é sim o estilo definitivo que a franquia deveria seguir. Um grande cheiro disso foi o lançamento de Sonic Forces, que repetiu a fórmula de jogabilidade de Sonic Generations que teve um certo sucesso, tirando a parte nostálgica dele. No fim, Forces não atingiu o mesmo sucesso nem Generations e muito menos do Mania (não acreditem em scores de sites que podem ser “manchados” por fãs). Sonic Mania me influenciou a perceber tudo isso e a esfriar um pouco os ânimos e tentar analisar de forma mais fria e imparcial quando algo é anunciado, embora seja impossível atingir 100% disso. Agora, o que eu não esqueço mesmo foi a madrugada em que a SEGA anunciou o jogo. Fiquei alucinado acompanhando pelo celular, tirando screenshots e mandando para amigos que gostam de videogames. Foi épico. Um dia eu conto melhor essa história, já que este texto aqui já deu vários spoilers da Maratona Sonic e, se continuar assim, daqui a pouco eu nem vou precisar mais escrever o texto sobre ele.


E é isso, meus caros. É o fim da lista!

Foi difícil filtrar apenas 40 jogos que tiveram alguma influência, vários outros também possuem grande importância e acabei deixando eles de fora.

Mesmo que a lista tenha a ver com impacto e não tenha a ver com quais são as minhas preferências, foi complicado deixar alguns outros jogos de fora em prol de colocar o que acabou sendo mais impactante por qualquer que seja o motivo. Um exemplo? Streets of Rage 2, que acabou dando lugar para o seu antecessor.

Encerramos aqui o mês do Gamer Caduco quarentão! Agora é esperar Julho para comemorar os dez anos de existência do blog. Será que merece um post especial também? Vou pensar em algo. Que ano, hein meus caros?

Querem mais uma marca comemorativa? Este é o post de número 200 do blog! Definitivamente 2021 é um ano cheio de marcos incríveis para mim, tanto na área dos games como em outras áreas da vida também. Um pouco de alívio numa época tão difícil.

Bom, espero que tenham gostado deste Especial, não esqueçam de compartilhar nos comentários quais jogos foram importantes para a vida de vocês até o presente momento. Para mim é sempre ótimo conhecer a experiência de cada um.

Mais uma vez agradeço a todos pela presença na festa!

Até o próximo post!

Abraços

Sobre Gamer Caduco

Apenas mais um cara que nasceu nos anos 80 e que desde que se conhece por gente curte muito videogames, não importa a geração.
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7 respostas a Especial: 40 anos em 40 jogos – Parte 4

  1. Persoan4 foi uma segunda vida para você de certa forma. Uma vida paralela digamos. Eu já tive momentos assim, quer dizer, de me apegar a um jogo com mais intensidade devido ao momento da vida. Seja mais difícil ou não. Tem razão, Cadu. Nossa relação com os games claramente são influenciadas pelo nosso momento pessoal.

    Gosto muito de FPS, mas confesso que alguns são muito chatos. Não dá mesmo para pré julgar os jogos pelo gênero. Isso é um puta erro. Já me arrependi várias vezes ao encontrar pérolas em gêneros que supostamente não gosto. Mesmo você sendo de origem seguista ter jogado Contra e Battletoads já te dá direito a um Green Card no mundo da Nintendo. Parabéns pelo esforço, Cadu!

    10 anos de blog é um marco incrível. Parabéns, Cadu!!!

    • Persona 4 foi sim uma segunda vida, eu quase me imaginava no meio daquela turma toda, me senti adolescente/jovem de novo… hahaha!
      Foi importantíssimo pro momento da vida.
      E sim, é complicado sair pré-julgando, mas sempre tem um gênero ou outro, ou estilo sei lá, que não adianta e nada dele agrada de jeito nenhum. Eu achava que meu caso era FPS, mas me enganei. Hj em dia acho que é battle royalle… kkkk.
      10 anos do blog ainda está por vir. Está próximo, mas está por vir.
      E a dedicação no mundo do NES nem foi pelo green card, embora eu tenha gostado do termo! hahaha! Foi pelo desafio. Acho que nenhuma outra plataforma faz o jogador suar tanto quanto ele, não a toa partir pra Contra, Battletoads e outros. Eu tinha que fazer isso um dia na vida, né? Muito tempo no lado azul da força.
      Valeu Giovani!

  2. helisonbsb diz:

    Contra do Nes…a primeira vez joguei no vídeo game Bit System da Dismac!!!! Com o tempo comprei o top game vg 9000 da CCE, onde joguei muito Contra e Super Contra…era o mais jogado da época!!!! Castlevania joguei no Hi top game na casa de um amigo meu na época!!!!
    Sinceramente eu nunca joguei nada em PSP…zerei apenas o Darius Burst no emulador mesmo, sinto que perdi muita coisa e jogos desse portátel!!!! Aconteceu a mesma coisa no Nintendo DS e
    3DS, GBA onde joguei muito em emuladores!!!! Valeu!!!!

    • Fala Helison!
      É até comum o pessoal deixar de jogar os jogos de portáteis, normalmente eles são jogados na época por quem curte este tipo de plataforma. Normalmente a galera vai conhecer depois através de emulação mesmo, e acho que até mesmo os fanáticos por portáteis acabam usando emulação pra conhecer o que ficou faltando quando a época passa.
      PSP tem muita coisa legal, pra vc que vivenciou o mundo Nintendo nos 8 Bits, recomendo dar uma olhada no Mega Man Powered Up. Não é a mesma coisa que jogar no Nintendinho, mas é uma versão bem bacana do primeiro jogo do robôzinho azul. Depois dá uma olhada pelo menos nele. E se curtir RPG, olha também o Crisis Core: Final Fantasy VII, outro jogo excelente. Além de Final Fantasy Tactics, claro, mas esse eu sou muito suspeito pra falar… rs!
      Valeu Helison!

      • helisonbsb diz:

        A questão em jogar em portáteis era a falta de grana mesmo…as vezes algum amigo comprava e ali eu aproveitava para jogar!!!! Nos primórdios Game gear, game boy color e neo geo pocket cheguei a jogar poucos clássicos…lembro da galera comparando preço e muitos tinham razão, dependendo do console era mais vantajoso juntar um pouco de dinheiro e comprar um super nintendo ou mega drive!!!! bons tempos!!!! valeu

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