Final Fantasy Tactics (PlayStation / PSP / Mobile)

Como estão, meus caros?

No post de hoje trago uma missão bem difícil pra mim! Falar sobre aquele que considero o melhor jogo da história. Achavam que era algum do Sonic, né? Nada disso, saibam que meu jogo favorito da vida é Final Fantasy Tactics.

Neste texto vou tentar explicar para vocês o porque de considerá-lo o melhor de todos. Será que consigo convencer alguém? Provavelmente não, já que cada um tem o seu favorito e é assim que as coisas funcionam. Mesmo assim eu preciso fazer esta declaração de amor no blog, sinto como se fosse uma obrigação. Ainda mais que eu já planejava falar sobre ele desde a criação do blog. Se pensar que ele já está para fazer aniversário de nove anos, talvez eu possa considerar que demorei um pouquinho pra fazer isso.

Definitivamente é muito difícil falar de algo que a gente gosta muito sem se empolgar, sem colocar o coração no texto e sem defender com unhas e dentes o próprio ponto de vista. Ao mesmo tempo, é tanta empolgação que quando você começa a escrever, as palavras e ideias simplesmente somem da cabeça. Espero não esquecer de nenhum detalhe. Provavelmente vou. Daí vou ler o texto daqui uns três anos e ficar irritado comigo mesmo por não ter falado uma coisa ou outra.

Entenderam agora o drama? Um pouco exagerado, talvez. Para entenderem melhor, saibam que este texto vem sendo escrito desde Junho de 2015 (obrigado Evernote por me dar o histórico). Levou praticamente cinco anos pra entrar no ar.

Enfim, chega de enrolação. Por mais que eu não considere este texto como um review, vou começar com os detalhes técnicos.

Desenvolvido pela SquareSoft, o jogo foi lançado em Junho de 1997 no Japão. Somente seis meses mais tarde ele foi dar as caras na América do Norte, em Janeiro de 1998.

Final Fantasy Tactics (ou FFT, como vou chamar a partir de agora) é um Tactical RPG, ou Strategy RPG, ou qualquer outra definição que as pessoas gostem de dar para os RPGs de quadradinhos. Aqueles jogos onde comandamos um esquadrão/time dentro de um cenário que é dividido como se fosse um tabuleiro, onde podemos movimentar e realizar ações com os personagens cada vez que chega o turno do jogador ou do próprio personagem, dependendo de como foi implementado.

Ele não foi o pioneiro de seu gênero, mas de fato foi um dos melhores, um dos mais marcantes e com certeza um dos mais populares já lançados. Inicialmente o jogo foi lançado para o primeiro PlayStation, para depois aparecer em outras plataformas em versões com modificações, começando pelo PSP e a versão War of the Lions (2007), que mais tarde foi portada para smartphones e tablets (iOS em 2011, iPad em 2012 e Android em 2013).

O diretor responsável pelo jogo foi Yasumi Matsuno, que por acaso já havia trabalhado em dois jogos do gênero: Ogre Battle e Tactics Ogre (estou omitindo os subtítulos dos dois jogos), ambos lançados para o Super Nintendo, respectivamente no começo e metade dos anos 90. Depois de FFT ele trabalhou em outros jogos importantes, mas isso é outra história.

Ele contou com outros nomes fortes em sua equipe, começando pelo lendário Hironobu Sakaguchi como Produtor. Este é nome conhecido na indústria há bastante tempo. Para quem ainda não conhece, ele foi o produtor responsável por muitos jogos da franquia Final Fantasy, estava no Dream Team que criou Chrono Trigger, ajudou com a supervisão de Super Mario RPG e mais uma porção de jogos incríveis lançados desde o começo da história dos jogos eletrônicos.

O designer responsável foi Hiroyuki Ito, que também esteve envolvido em diversos jogos da franquia da Square. Já os compositores responsáveis pela parte sonora do game foram Hitoshi Sakimoto e Masaharu Iwata. Os dois também estiveram nos Tactical RPGs (TRPGs) de Super Nintendo citados acima, entre outros diversos jogos famosos como Gauntlet IV.

Com um time forte desses, a chance de sucesso era grande. De fato ele veio. Vou falar disso mais pra frente, permitam que eu conte mais sobre o game e dê a minha opinião antes. Mas calma, deixa eu contar a minha história primeiro.

Conheci o jogo na sua primeira versão, traduzida para o inglês. Se não me engano foi em 1999, já estava com o Playstation desde o Natal do ano anterior. Até contei a história aqui no blog que ele foi o último videogame que eu ganhei de presente dos meus pais. Nessa época eu já estava no segundo ano de faculdade (velho é o caramba). Vira e mexe o pessoal de lá que curtia videogames parava para conversar sobre FFT entre uma aula e outra.

Um dia eles estavam discutindo estratégias, então um deles disse que deixava os magos flutuando e movia eles para o meio da água onde ninguém conseguia acertá-los. Então ele ficava soltando magia nos inimigos até todos serem derrotados. A história me impressionou um bocado, então eu logo atravessei a conversa e comecei a pentelhar todo mundo pra me falar como o jogo funcionava. Não conseguia imaginar como seria aquilo.

Para mim a franquia Final Fantasy já era uma novidade, pois tinha conhecido o IV há pouco tempo. Mas sabia que era aquele tipo de jogo onde temos um mapa grandão, batalhas aleatórias, cidades, dungeons, chefes, história, etc. Bem estilo o Phantasy Star que eu conhecia tão bem. Comparando isso com o que eu tinha acabado de ouvir, surgiu um monte de dúvidas: como é que fazia para colocar os personagens em algum lugar dentro do modo de batalha aleatória? Tinha água neste modo? Como isso funcionava?

Claro que perguntei sobre tudo isso e causei algumas risadas. Vergonhoso, mas pelo menos eles responderam cada um dos pontos. Sim, o jogo tem mapa. Sim, ele tem batalhas aleatórias. Sim, ele tem chefe. Porém, tudo isso é diferente do que eu conhecia. Eles explicaram que FFT funciona como se fosse um jogo de tabuleiro onde você vai movimentando as suas peças.

Como o tapado aqui não conhecia o gênero, claro que tive dificuldades pra imaginar tudo isso. Já imaginei um mapa gigante com quadradinhos, onde você vai andando com seu time pra sempre e conforme os inimigos vão aparecendo você os enfrenta. Como se não tivesse troca de cenários, mas sim um tabuleirão imenso. Não faz o menor sentido essa ideia, nem tecnicamente e muito menos em matéria de gameplay. Depois entendi que o mapa é bem diferente, as batalhas são diferentes, a questão de aleatório é diferente, e por aí vai. Ou seja, tudo é diferente dos RPGs tradicionais que eu conhecia.

Nessa época eu estudava perto da 25 de Março e da Santa Efigênia, localizadas no centro de São Paulo, paraíso de eletrônicos. Ambos lugares eram também paraíso de CDs piratas de Playstation. Eu vivia enfiado nesses lugares, cheguei a matar aula pra ficar vendo jogos, às vezes comprando. Inclusive isso ajudou que eu reprovasse em duas disciplinas. Uma delas me complicou a vida acadêmica, mas prefiro não falar sobre isso aqui. Só lamentar a minha molecagem da época. Que adolescente/jovem imbecil que eu fui, depois de tantos anos estudando do jeito certo na escola. Enfim, coisas da vida, me ensinou algumas lições. Hoje em dia servem de mau exemplo.

Na 25 eu visitava bastante a Galeria Pagé, quando ela ainda vendia videogames. Lembro de ter ido três vezes tentar encontrar o tal jogo que os caras tanto falavam e nada. Fiquei naquela ansiedade, queria muito jogar, mas ninguém estava vendendo. Foi então que um dos caras mencionou que havia comprado um novíssimo gravador de CDs, algo que era grande novidade na época, quase ninguém tinha e custava uma fortuna. Era até meio surreal a existência disso no começo, só algum tempo depois que foi banalizar. Contar isso nos dias de hoje até soa engraçado, quem não vivenciou nem deve conseguir imaginar isso. Enfim, ele se ofereceu para gravar o jogo pra mim por cinco reais (lembro até hoje o valor) e eu logo aceitei. Ainda tenho a mídia guardada.

Acreditem, este é o CD que conheci o jogo, lá pro fim dos anos 90 e começo dos anos 2000.

Ele levou pra mim já no dia seguinte e eu lembro que cheguei em casa alucinado pra experimentar aquilo. Botei o CD no console, ignorei quaisquer tutoriais, comecei a apertar todos os botões pra passar aquela introdução que parecia sem fim e fui pra primeira batalha. Tentei jogar ela e achei aquilo um porre! Como assim só dá pra controlar um personagem? Eu tenho que ficar esperando os outros? Por que o meu personagem não faz nada de mais e tem um tal de Gafgarion e uma tal de Agrias usando habilidades incríveis e varrendo o cenário inteiro dos oponentes? Eu também quero ter esses poderes! Nem pedras eu conseguia acertar nos inimigos, que coisa patética. Cadê a água? Cadê os magos pra eu esconder e ficar soltando magia? Que decepção!

Ainda assim, persisti. Logo vi que é depois da primeira batalha que o jogo de verdade começa. Toda aquela cena inicial era para dar início à história, um ponto de reencontro entre velhos amigos. Então o jogo volta ainda mais no tempo e começa a contar o início da história do protagonista Ramza Beoulve e seu amigo Delita Heiral. Um nobre defensor da família real de um dos lados da guerra e o outro um filho de fazendeiros que foi adotado junto com sua irmã Tietra (não confundir com Tieta, a do agreste) pelo pai de Ramza depois de verem seus pais morrendo de peste negra. Pesado, mas este é o passado de um jovem que até então era considerado o grande herói da guerra que ocorreu naqueles tempos.

Eu digo “era” pois a história do jogo, contada por Arazlam J. Durai, historiador que logo no começo é mencionado dizendo que pretende contar a verdade sobre a Guerra dos Leões, atribui o título de verdadeiro herói ao jovem Beoulve, até então desconhecido por muitos e considerado herege pela igreja. Entre outras formas pejorativas que o acompanharam desde que de fato começou suas aventuras. Eu não pretendo me prolongar muito mais sobre isso, pois vai acabar revelando detalhes sobre a história do jogo, que é um dos grandes pontos fortes.

Tem uma introdução aí, eu juro! Clique na imagem para ampliar.

Falando nisso, a primeira versão do jogo conta com vários problemas na localização, o que tornou a história um tanto quanto confusa. Existem erros na tradução da história, além de nomes e algumas falas dos personagens. Mesmo assim, isso não ofuscou o brilho do game neste lado do planeta. Ainda que para mim e muitos brasileiros, que não tinham tanta habilidade com inglês na época, era um grande desafio entender sua história.

Como dito antes, a versão para PSP intitulada Final Fantasy Tactics: War of the Lions (FFTWotL) veio com uma porção de novidades, melhorias e ajustes. Um dos principais pontos foram as correções que fizeram na versão Ocidental, arrumando os nomes, corrigindo traduções errôneas e deixando a história mais fácil de ser entendida.

Mas ainda assim é necessário um bocado da atenção do jogador, pois rolam alguns plot twists, traições, guerras e atos de bravura. Sem falar na quantidade enorme de personagens, tanto os que aparecem nela (jogáveis ou não) quanto os que são apenas citados. Cadê o RPG Tático de Game of Thrones? Vocês perderam a chance de ganhar dinheiro. Imaginem esse monte de personagens e de reviravoltas numa história mal traduzida. Deu nó na cabeça de muita gente. Inclusive na minha. Apesar que eu confesso que num primeiro momento não estava preocupado com ela. Como falei antes, eu não tinha lá tanta proficiência em inglês, então as coisas serem confusas pra mim não era nenhuma novidade. O que me interessava mesmo era o gameplay.

Sendo assim, logo fui apresentado à primeira batalha de verdade do jogo. Nela podemos finalmente escolher e controlar por completo o nosso esquadrão em uma batalha e entender como tudo funciona. Em todo o jogo podemos colocar até cinco personagens em campo no cenário e encarar o desafio proposto por ele, embora a escolha aconteça antes mesmo de sabermos quem e o que vamos enfrentar. Eu particularmente gosto disso, o efeito surpresa faz com que a gente tenha que bolar uma estratégia ali na hora para sair vitorioso.

Para quem nunca jogou um jogo do gênero, a primeira batalha pode parecer complicada e/ou confusa. Conheço gente que desistiu logo de cara e sempre afirmei para elas que faltou um pouco de paciência, embora compreenda a atitude. Eu sinceramente não me lembro mais se eu venci esta batalha de primeira. Acredito que não, mas aquilo ali me fascinou e me prendeu nas batalhas seguintes. Ou seja, não foi a primeira impressão a que ficou. Inclusive eu detesto aquela outra batalha (a introdutória) até hoje. Não sei se considero uma boa decisão de design, não consigo entender o que motivou eles a fazerem desta forma. Tudo bem, nada é perfeito nesse mundo, nem FFT.

Algo que é importante de ser dito é que o sistema de turnos deste game é um pouco diferente da maior parte dos TRPGs que existem. Ao invés de termos o turno do jogador e o turno do computador, temos aqui turnos por personagem dentro da batalha. A velocidade do personagem influencia diretamente, mais ou menos como acontece em outros jogos da franquia Final Fantasy, com a diferença de que não há uma barra indicadora. Porém, é como se tivesse. E quando ela atinge o 100%, chegou o turno daquele personagem. Existem formas de aumentar a velocidade deles em uma única batalha (na seguinte o valor volta ao original) através de habilidades especiais. É possível fazer com que um personagem tenha dois ou mais turnos seguidos se você ficar um bom tempo aumentando a velocidade dele dentro da batalha.

Aos poucos fui percebendo que temos um baita gameplay e desafios interessantíssimos, que não enjoam e parecem não envelhecer (tive que dizer isso, muito embora eu seja totalmente contra esse lance de jogo “envelhecer”). O jogo vai ficando cada vez mais interessante conforme vamos progredindo, sejam as coisas a serem descobertas em sua excelente história, sejam as habilidades e personagens que vão surgindo, ou mesmo a trilha sonora fantástica! É tudo! É, FFT é perfeito sim! Calma, Cadu, calma!

Claro, há quem reclame de jogos por turno, de ser algo “ultrapassado”, “conceito antigo” e mais um monte de mimimi. Eu discordo, isso não é questão de envelhecer, é questão de gosto. E gente que gosta de jogos assim tem aos montes também, mesmo nos dias de hoje. Inclusive continuam sendo desenvolvidos por uma comunidade bastante apaixonada. Viu, novinhos e gamers prafrentex?

Também não tem essa coisa de envelhecer no quesito gráfico. Não tem nem como, esse é um dos pontos onde eles mais acertaram na criação. O jogo mistura cenários em 3D e personagens em sprites 2D, com ângulos diferentes que são alternados assim que o jogador faz a rotação do cenário. Solução simples e elegante. Tudo acontece de forma muito suave e o resultado é algo bastante bonito. Mesmo que os personagens não possuam nariz. Aliás, a falta de nariz é um dos charmes de FFT!

O game conta também com algumas animações bem bacanas, por exemplo quando algum Summon é invocado, alguma magia é lançada, entre outros efeitos que ocorrem durante batalha. Neste quesito a versão FFTWotL peca um pouco, pois as animações ficaram muito mais lentas sem explicação. Inclusive esta lentidão ocorre até nos momentos em que são apresentadas as informações de XP (eXperience Points) e JP (Job Points), que são obtidos pelo personagem a cada ação executada. Engraçado que não parece ser uma questão de hardware, pois eu rodei o jogo em um PS Vita e o efeito é exatamente o mesmo. Felizmente corrigiram isso na versão Mobile. Numa leitura rápida encontrei quem tenha dito que isto ocorre por causa da velocidade de leitura dos UMDs (discos do PSP), confesso que não fui atrás de saber se isto é verdadeiro ou não.

De qualquer forma, defendo a solução da mistura do cenário 3D com sprites 2D com unhas e dentes para jogos do gênero. Alguns TRPGs atuais possuem gráficos totalmente em 3D, talvez pela facilidade em desenvolver/animar. Para mim, estes jogos nunca tiveram charme algum. Joguei alguns deles e eu achava meio sem graça, meio sem “alma”, sem carisma, não sei explicar direito. Parecia que os personagens eram meio genéricos. Enquanto em outros jogos com gráficos que fazem a mistura (Disgaea, por exemplo), você consegue perceber o carinho dos artistas com os personagens.

Vou dar um exemplo. Um dia na vida eu quis jogar o Lords of the Rings: Tactics no PSP. Entendam que ele junta dois mundos que gosto bastante: Senhor dos Anéis e TRPGs. Tinha tudo pra dar certo, pra eu me apaixonar e jogar loucamente até perder a noção do tempo. No entanto, acabei achando o jogo totalmente sem graça. Vivia confundindo os personagens no cenário, era um ou outro que eu lembrava quem era. O jogo em si, a parte jogável, é competente, de certa forma divertido e tudo mais. Mas faltou um pouco de capricho nos detalhes e no fim o jogo ficou com cara de caça níquel genérico. Uma pena. É, pensando bem, melhor não terem feito o TRPG de Game of Thrones.

Ah, a versão expandida FFTWotL conta com cutscenes em vídeo também. São muito bem feitas e ajudam a contar a história do jogo.

Boa parte da história também é contada através de diálogos dentro das batalhas.

Enfim, pode ser que muita coisa que eu disse acima esteja muito mais ligada ao meu gosto pessoal do que a fatos. Não tem problema, o blog aqui é pessoal mesmo, tem que ter a minha visão aqui senão o site fica robótico, algo que eu sempre evitei de todas as formas.

Voltando ao jogo, outra coisa que é bem bacana na parte visual é a interface do jogo, os menus e tudo mais. Eles são bastante simplificados, a ponto de tornar jogável para qualquer tipo de público, inclusive para as pessoas que não pretendem se aprofundar muito no jogo. Mesmo assim, não deixaram de colocar os elementos mais complexos, permitindo que as pessoas que gostam de dissecar este tipo de jogo consigam fazer muitas coisas.

Aliás, acho que o grande segredo de FFT está exatamente neste ponto: ser um jogo que pode agradar todos os públicos. Não é raso pra quem gosta de se aprofundar, não é complexo demais pra quem quer jogar de forma mais tranquila e só curtir a história e outros detalhes. Inclusive quem quiser ficar jogando o jogo pra sempre, nas batalhas aleatórias o nível dos inimigos é equivalente ao do seu esquadrão. Isso aumenta o desafio e tenta equilibrar as coisas. Pelo menos para mim sempre deu uma boa sensação que o jogo é balanceado, embora seja possível desbalancear. Falarei disso mais pra frente.

Ele também é fácil de se aprender a jogar. Apesar da missão introdutória ser muito chata, logo ali já dá pra entender mais ou menos como a coisa funciona. Na missão seguinte já podemos controlar um grupo de personagens e entender algumas diferenças básicas entre eles. Já começamos a entender um pouco sobre os Squires e os Chemists, os dois Jobs mais básicos do jogo. Depois vão abrindo outros Jobs, aparecem outros tipos de inimigos (monstros variados) e por aí vai. Começa bem básico para depois abrir um mundo de possibilidades. Este é outro que foi bem feito no game.

Jobs? Quem jogou Final Fantasy III ou V vai se lembrar do sistema. Quem conhece RPG de forma mais abrangente pode associar os Jobs às Classes de personagens. Magos, guerreiros, ladinos, entre outros. Como em qualquer jogo de RPG que se preze, em FFT eles representam mais do que só uma skin bonitinha, significam também um conjunto de habilidades, além de conjuntos de armas e armaduras que podem ser equipadas por cada um dos Jobs. Eles são totalmente inspirados em outros jogos da franquia, podendo estar ou não interligados com outros RPGs. Sem falar que alguns personagens especiais possuem Jobs específicos que só eles podem ativar. Lembram do Gafgarion e Agrias e as habilidades especiais que usaram na batalha introdutória? Então, estes são bons exemplos.

Sim, o jogo tem uma porção de personagens especiais que fazem parte da história. Com a exceção do protagonista, todos eles podem inclusive morrer depois que já cumpriram o seu papel na história de alguma forma. Só que alguns deles continuam sendo peças chave para algumas cutscenes e conteúdos adicionais à história principal, como desbloquear novas missões secundárias e outros personagens especiais.

Isso me lembra que eu não falei sobre como funciona a morte neste jogo. Assim que o HP  (Hit Points) do personagem chega a zero, seja ele do exército do jogador ou do inimigo, ele cai no cenário e um marcador com o número “3” aparece em cima dele. Este personagem então tem três turnos para ser revivido ou ele simplesmente some e é deixado no lugar um baú com item ou um cristal, que pode ser usado para recuperar HP/MP ou absorver alguma habilidade. Neste momento o personagem é perdido pra sempre. O tal marcador vai reduzindo a cada turno do personagem caído, então é bom ficar de olho quando algum dos seus ser derrotado na batalha. Se a batalha acabar antes do personagem sumir, ele também é salvo.

Ali no lado direito dá para ver que dois monstros do time inimigo estão com marcador em cima já, indicando a quantidade de turnos que vai levar para que eles nos deixem para sempre.

Jogar com os personagens especiais normalmente deixa a coisa mais fácil. Lembram que falei sobre desbalancear o jogo? Então. O Orlandeau, por exemplo, é praticamente uma máquina de derrotar oponentes. Dependendo dos inimigos que aparecerem e do nível deles, dá pra completar uma batalha só com o personagem e mais ninguém. Ele é apelativo assim mesmo. Chega a tirar um pouco a graça do jogo, menos quando caímos em uma batalha aleatória cheia de monstros quase tão apelativos quanto.

Na versão FFTWotL foram incluídos Jobs e personagens especiais a mais. Os Jobs adicionados foram o Onion Knight e o Dark Knight. Inclusive o Batman Dark Knight acaba com a vontade dos jogadores de colocar aquelas habilidades especiais do Gafgarion, Agrias e Orlandeau em personagens comuns. Foi uma das adições que eu mais gostei.

Já os personagens extras incluem o Balthier do Final Fantasy XII e o Luso do Final Fantasy Tactics A2. Além de ajustes nos nomes dos Jobs e algumas habilidades já existentes na versão original.

Cada batalha apresenta qual é o objetivo de vitória logo no começo. A maioria delas é isso aí: derrotar todos os oponentes. Ou um específico. Também existem as que devemos proteger algum aliado.

É legal mencionar que desde o original também há um personagem secreto/opcional de outro jogo da franquia. No caso, é o Cláudio Cloud do Final Fantasy VII. Quem tá no hype do FF7 Remake tem aí a possibilidade de controlar o personagem mais uma vez, em outro jogo da franquia.

O legal é que as habilidades dos Jobs que forem desbloqueados pelo personagem podem ser usadas quando estamos equipando outro Job com ele. O jogo permite que cada personagem tenha uma segunda categoria de habilidades, que pode ser escolhida e utilizada normalmente. Para desbloquear cada uma das habilidades usamos os Job Points, que são conquistados a cada ação executada pelo personagem. Funciona como um esquema de “compra” de habilidades.

É bem legal ter estas opções de customização, mas precisamos tomar alguns cuidados pra não abusar demais. Por exemplo, tentar usar como segunda categoria de habilidades as de Jobs que são mais ligados à magia em personagens que estão com um Job mais baseados em força fazem com que as magias não tenham o mesmo efeito devastador. O contrário também acontece. Fora outros efeitos colaterais como quantidade de MP (Magic Points) ser menor nestes Jobs e outros detalhes similares.

O menu de cada personagem para as batalhas é customizável. Ele conta com o conjunto de habilidades do Job equipado; o conjunto de habilidades de outro Job (a segunda categoria mencionada nos parágrafos anteriores); uma habilidade de reação, ou seja, que é acionada quando o personagem sofrer um ataque ou qualquer outra ação nociva ou não (como se fosse um contra-ataque); uma habilidade de suporte que pode ser ativada de forma ativa ou passiva; e mais uma habilidade relacionada à movimentação do personagem. Todas elas são desbloqueadas com Job Points e as quatro últimas podem ser equipadas em qualquer Job, independentemente do Job utilizado.

Parece confuso, mas podem ter certeza que não é. Com o tempo você vai jogando e vai se acostumando com o sistema, entendendo como funciona cada coisa. Sem falar que em qualquer momento você pode apertar o Select e ler para que serve cada um dos itens dos menus, dentro ou fora das batalhas. Para quem for se aprofundar, dá para fazer umas combinações bem bacanas.

Aliás, não é somente os Jobs e habilidades que podemos configurar para cada um dos personagens do seu time. Há todo um esquema de gerenciamento dentro do jogo, já que contamos com uma porção de personagens diferentes com Jobs diferentes e mudando a todo momento. Como já dito, cada um deles pode equipar um conjunto de armas, armaduras e acessórios e por aí vai. A interface de gerenciamento de personagens é muito bem construída: é intuitiva e bem fácil de navegar. E tem uma música bem agradável, diga-se de passagem.

Além disso, temos uma outra grande sacada que eu sinto falta em muitos outros jogos, tanto RPGs quanto TRPGs: as lojas possuem um sistema de identificar automaticamente o melhor conjunto de equipamentos para cada personagem. Isto é feito com menus bem fáceis, inclusive já sendo possível aplicar todas as peças que serão atualizadas e depois só partir pro caixa e confirmar a quantia. Seus personagens já saem dali equipados, sem burocracia, sem menus lentos, sem nada para chatear. Tudo isso também com músicas agradáveis.

Gerenciar os personagens e comprar coisas pra eles chegam a ser experiências satisfatórias, De verdade, sem exagero. Ao invés de cair naquela clássica situação de “essa não, vou precisar melhorar os equipamentos dos personagens de novo, que saco” que acontece em muitos jogos, normalmente este tipo de pensamento é substituído com algo tipo “oba, tenho dinheiro pra atualizar a galera, vou na loja”. Se no meio do caminho a gente cair em uma batalha aleatória, tudo bem também. Gera mais diversão! E mais dinheiro, claro.

Outra coisa que não é tão burocrática no jogo é a questão dos itens. Embora seja necessário comprar a habilidade com JP para usar cada um dos itens e também ser necessário ter a categoria Item configurada para fazer a utilização, não é necessário deixar os itens equipados diretamente no personagem para utilizá-los, como acontece em grande parte dos jogos do gênero. Se você quiser colocar um estoque de 99 poções e todo o seu esquadrão sair usando isso loucamente nas batalhas, você pode.

Embora seja fácil de aprender e gerenciar, talvez não seja tão simples de dominar totalmente o game. E mesmo quando temos bom domínio, não é totalmente impossível sermos dizimados em uma batalha. Isto faz com que o jogo não perca a graça ao longo do tempo.

Uma batalha entre esquadrões em nível 99 (máximo possível) pode se tornar bastante complexa, mais uma vez dependendo dos personagens que você escolheu pra batalha e quem são os adversários. Um time de Chocobos de cores diferentes normalmente dá um trabalho grande e se somado a outros monstros (dragões, por exemplo), aumentam e o risco de derrota. Tudo isso é super divertido!

Os oponentes das missões da história possuem nível fixo, ou seja, se você subir o nível demais dos seus personagens, a coisa fica ridiculamente fácil. Com a exceção de uma missão específica da história onde o objetivo é salvar uma personagem controlada pela inteligência artificial do jogo. Ou seja, se ela morrer, você vai ver a tela do Game Over.

Alguns dos oponentes desta batalha possuem uma habilidade especial para matar qualquer personagem apenas um turno. E o jogo faz de tudo pra colocar a personagem que não pode morrer perto deles. Essa batalha dá desespero! A hora que chegar nela, você vai saber e vai xingar muito a IA que controla a tal personagem. Quem jogou sabe do que estou falando com toda certeza.

Se deixarmos o Ramza morrer e não o ressuscitarmos antes do contador de turnos chegar a zero, também vemos a tela de Game Over. Não tem jeito, o protagonista deve viver!

Existem batalhas aleatórias especiais também. Nelas o time adversário não é montado de forma randômica, mas sim pré definida. Não vou entrar em detalhes quais são todas elas, entretanto um dos exemplos é a batalha contra os 11 Monks. São onze inimigos da mesma classe que não são nada fracos no momento em que aparecem. Eu lembro até hoje o dia em que caí numa dessas com um time que eu só queria ganhar experiência, ou seja, era bem fraco e tinha poucas habilidades disponíveis. Usei o Mediador (FFT) / Orator (FFTWotL) do grupo pra tentar convencer os adversários a fazerem parte do meu esquadrão, através da habilidade Entice.

Para quem nunca jogou, esta habilidade tem sempre uma porcentagem baixa de dar certo e, assim que ela funciona, o personagem fica com o status Traitor (traidor) e passa a fazer parte do seu time, embora naquela batalha específica ele ainda permanece controlado pelo computador. No fim da batalha podemos escolher se vamos recrutá-lo ou não em definitivo.

A minha estratégia foi ficar tentando convencer os oponentes enquanto os outros membros do time focavam em defender o Mediator, sem deixar adversários se aproximarem ou atacarem ele de alguma maneira, aleḿ de curá-lo quando necessário. Como se fossem escudo de carne mesmo. Enquanto isso os valentes Monks que traíram seus antigos companheiros partiam pra cima e eram derrotados um a um. Eu lembro de ter conseguido recrutar cinco deles, o que tornou a batalha muito mais fácil. Foi uma estratégia memorável, situação cômica, eu ria jogando. Tinha certeza que ia perder e não aconteceu, estratégia maluca acabou dando certo.

Isso é uma das coisas que mais me cativam em FFT. O fato de você poder resolver as batalhas de múltiplas formas e se divertir um bocado no processo. Alguns momentos são tão épicos na cabeça do jogador que se tornam memoráveis. Cada um resolve da sua maneira e é legal trocar as experiências com os amigos. Cada jogador pode criar sua própria narrativa dessas situações. YEEEEESSS! USEI UM TERMO DA MODA!

Aliás, a liberdade que o jogo dá ao jogador é sentida de forma geral. Se você é do tipo que não quer ficar se embrenhando em todo tipo de batalha, pode focar em jogar só a história e tudo bem. Se não quiser ficar subindo o nível de um monte de personagens, pode focar num grupo específico. Se você quer ficar subindo nível alucinadamente de todo mundo, também pode. Quer ficar jogando infinitamente? Fazer ou não as side-quests e os extras? Claro, por que não? E descobrir os segredos do jogo? Também pode! Tudo isso é possível! Toda essa liberdade que o jogo dá é totalmente positivo, diversão para todos os públicos. A não ser que você não goste do gênero, aí não tem o que fazer mesmo. Aí eu só lamento pela sua pobre alma.

Sei que existem outros games do gênero que dão uma sensação maior de “jogo infinito”. Vou pegar Disgaea novamente como exemplo. Nele podemos entrar em inúmeros mundos (um pra cada arma, acessório, personagem e etc) com inúmeros níveis e ficar lá jogando pra sempre, ficando com níveis cada vez mais absurdos. Ainda assim, Final Fantasy Tactics pra mim é o rei dos RPGs Táticos. Tudo conta a favor dele: o ambiente medieval, a história épica, as reviravoltas, os personagens, o envolvimento do universo de Final Fantasy e também sua trilha sonora.

Ah, a trilha sonora. Vocês devem ter percebido que eu citei ela em diversos parágrafos do texto já. Ela merece todos os elogios mesmo, pois consegue transformar o que já é épico em algo ainda mais épico! É uma obra prima! Trabalho fantástico da dupla Hitoshi Sakimoto e Masaharu Iwata, além dos outros envolvidos. A trilha de FFT pra mim é uma das mais incríveis já lançadas no mundo dos jogos eletrônicos, melódica na medida certa, suave quando precisa ser, agitada quando o bicho pega. Cada música se “casa” perfeitamente com cada situação em que ela pretende representar, considerando a cena, a história e tudo mais. Tornou-se marcante para todos que jogaram, tenho certeza disso. Mesmo as músicas que servem apenas de background chamam atenção, não é como vemos na maior parte dos jogos AAA de hoje em dia, que esquecemos as melodias facilmente mesmo quando são boas. Inclusive das que surgem nos momentos mais importantes destes jogos.

Eu realmente amo FFT. Não a toa eu terminei o jogo nove vezes e em todas elas eu estourei o relógio de 100 horas (ele trava quando atinge 99:59:59, pra ser mais preciso). Com certeza já acumulei muito mais que 1000 horas de jogo. Foi o jogo que mais investi tempo na vida, mais que Sonic the Hedgehog 2, mais que Streets of Rage 2, mais que Super Mario World, mais até que Phantasy Star ou qualquer outro jogo. Diversão infinita!

Não a toa eu me afastei completamente do jogo nos últimos anos, ou então o backlog de jogos estaria ainda maior do que já é. Felizmente botei a mão na consciência e, por mais que sinta saudades, prefiro deixar pra revisitá-lo quando achar que devo. Tipo quando estiver tremendo de abstinência.

Inclusive cheguei a pegar a versão para smartphones com crédito que tinha na loja virtual. Parece ter ficado muito competente na tela de toque, mas eu deletei rapidinho ou ferraria com o meu tempo com toda certeza. Estaria jogando feliz da vida, mas vamos dar chances aos outros jogos. Sem falar que eu preciso fazer outras coisas na vida também, sabem como é!

FFT é um dos jogos que mais terminei também, embora não fique com a primeira colocação. Talvez se considerarmos os de longa duração. Em um ranking geral, Sonic the Hedgehog 2 dá uma surra nele, pois joguei até o final muitas e muitas vezes. Talvez Sonic the Hedgehog do Master System também. Sem falar em Zillion II ou mesmo Black Belt. Devem ter outros, definitivamente não vou lembrar de todos agora. Como podem perceber, são jogos mais curtos, é mais fácil a gente querer revisitar, independentemente do mérito de cada um deles. No caso dos jogos longos é, só FFT e Phantasy Star mesmo. Vocês também tem uma lista de jogos frequentemente revisitados, tanto longos quanto curtos.

Obviamente eu recomendo o jogo para todos. Até quem não é tão fã do gênero pode sim dar uma chance e ver como a coisa funciona. Mas passem da missão introdutória, passem da primeira batalha, se possível passem algumas missões até entender o que está acontecendo e desbloquear algumas habilidades para os personagens e até desbloquearem novos Jobs, que é quando o jogo começa pra valer. Julgar antes de tudo isso vira palavras ao vento, se é que me entendem. Joguem o bastante pra depois voltarem aqui e com propriedade esfregarem na minha cara que estou errado e que vocês preferem aquele raio de Zelda do Nintendo 64 ou Metal Gear Solid.

O jogo dá muita liberdade em outros aspectos, como por exemplo poder trocar há qualquer momento o Job de um personagem mais voltado para porradaria para outro mais voltado para magias (ou qualquer outro tipo de habilidade que não envolve força). Somando isso a tudo que já falei, considero FFT muito completo e acima de qualquer outro que normalmente te impõe um monte de regras e você acaba ficando bastante engessado.

Quanto à recepção do jogo na época, as notas ficaram em média entre 85% e 90% da nota total de cada um dos veículos da mídia especializada. Tiveram notas maiores também. Quem fez algum tipo de críticas negativas falou sobre os problemas de localização para o ocidente (os quais eu não posso discordar) e teve quem tenha reclamado da dificuldade, que ela é inconsistente dependendo do que encontramos e que às vezes é necessário aumentar o nível dos personagens para progredir. Mas não é assim que RPGs funcionam? Engraçado que isso veio de quem se denomina especialista em RPGs. Vai entender. Acho a crítica um pouco exagerada, mas o choro é livre. Vale mencionar também que a versão War of the Lions teve uma média maior, embora esteja na mesma margem citada.

Há uma infinidade de coisas que podem ser ditas sobre Final Fantasy Tactics e que eu com certeza esqueci de dizer ou deixei de lado neste texto, mas eu prefiro encerrar o post por aqui. Poderia listar mais diferenças entre as versões, falar sobre a influência dos signos, das propriedades dos personagens, da Coragem/Bravura e que também influenciam, entre um monte de outras coisas.

No entanto, além de já ter dado alguns spoilers e não querer estragar mais ainda a experiência de quem nunca jogou, eu também já escrevi demais neste post e a minha intenção aqui não é criar um manual ou detonado do jogo, já tem muito material competente pra isso na Internet. Minha intenção aqui é contar um pouco da minha história com FFT, a paixão que eu tenho por ele e tentar explicar alguns pontos para ver se consigo trazer interesse para outras pessoas ao menos experimentarem ou dar uma chance melhor à ele.

Poderia falar do nome da Tietra na primeira tradução (versão de PSOne), mas vou deixar vocês julgarem se ela foi necessária ou não, ainda mais para nós brasileiros. Lembrando que outros nomes também foram corrigidos, não pretendo entrar no detalhe também.

O que eu não queria de jeito nenhum é contar a minha maior decepção gamística de todos os tempos, que envolve o nome Final Fantasy Tactics, com um Advance no fim (não é Advanced, não confunda). É, não tem jeito, não consigo falar de FFT e não lembrar de quando eu fiquei super empolgado pra comprar um Game Boy Advance só pra ter o prazer de jogar a sequência daquele jogaço que eu gostava tanto. E o melhor, onde eu quisesse, já que era um jogo portátil.

Mas aí eu me deparei com um RPG Tático com as magias e diversas outras coisas do universo Final Fantasy misturadas com uma história totalmente Disney, graficos fofinhos (tudo bem, essa parte eu relevo), personagens nada cativantes e Árbitros. Sim, Árbitros. Ááááárbritroooosss!!! Como se fizesse muito sentido você estar lá no meio da guerra e um cara chega e te dá cartão vermelho porque você usou um fuzil pra matar o soldado do exército inimigo, sendo que só podia atirar de metralhadora. E daí você é preso. Tudo bem que questionar lógica em um Final Fantasy não é um bom negócio, mas árbitros? Dá um tempo, Square! Não é bacana do ponto de vista de história e nem de gameplay.

Pior que já na época eu joguei ele até o fim. Tinha esperanças de que daria um clique e eu diria que gostei por alguma razão, mas não aconteceu. Só fiquei mais irritado ainda. Pelo menos eu posso xingar o jogo com propriedade agora, já que sempre tem aquele espertalhão que vem dizer que você não pode criticar um jogo que você jogou tão pouco ou não chegou no final. É bom lembrar que muitas vezes eu também faço o papel do espertalhão, para deixar o parágrafo menos hipócrita.

Enfim, o GBA serviu para outros propósitos e eu contei isso no blog recentemente, tanto no post de Sonic Advance quanto no segundo episódio do Podcast do blog, onde inclusive citamos o FFTA.

Quando saiu a nova versão para o PSP eu fiquei mais feliz. Era mais ou menos o que eu buscava, rejogar aquele jogo fantástico com coisas a mais e outras coisas melhoradas. Só que ainda me sinto órfão de uma nova versão da franquia. Uma que faça sentido, não história da Disney com árbritros. Se eu quisesse um “Disney Fantasy”, jogava Kingdom Hearts. Não, eu não gosto de KH, lidem com isso. Inclusive recomendo que leiam a sigla em voz alta, expressa bem o meu sentimento em relação a ele.

Por falar nisso, eu também fujo de Final Fantasy Tactics A2, a continuação do FFTA lançada para DS. Se alguém que tenha jogado quiser se pronunciar nos comentários e me contar sobre ele, o espaço está aberto. Só acho que vai ser um pouco difícil de me convencer a experimentá-lo.

Bem, eu acho que desviei um pouco do tópico, mas eu acredito que devo falar sobre eles, já que os dois fazem parte de uma franquia que merecia uma continuação mais épica, mais medieval, mais cheia de reviravoltas e menos infantilidades. Que não tenha artifícios estranhos como árbitros. Mano, árbitros não! Quem teve esta ideia? De preferência, mantendo o esquema por turnos de personagens e não turno do jogador e depois turno da CPU. E, de preferência, que não seja um jogo só mobile.

Pensando bem, tarde demais. Em Março de 2020 a Square-Enix lançou para celulares o War of the Visions: Final Fantasy Brave Exvius. Que não é bem um FFT, mas é quase um sucessor espiritual. O problema é que ele não é exatamente a mesma coisa, pois está cheio daquelas coisas tradicionais de jogos mobile, especialmente os que são gratuitos e que precisam vender conteúdo. Definitivamente não é o que busco. Joguei um pouco dele e consegui sentir boa parte da essência do FFT, mas também consegui sentir o cheiro forte de loja de cosméticos virtuais. Logo apaguei do celular. Preferi continuar com o Mario Kart Tour mesmo e só (logo menos ele morre também).

Ainda sobre sequências, existe um sucessor espiritual de Final Fantasy Tactics em desenvolvimento desde 2015, chamado Unsung Story: Tale of the Guardians. A própria página do Kickstarter proclama o jogo (em tradução livre) como o sucessor espiritual de uma linha de RPGs Táticos produzidos por Yasumi Matsuno.

Eu nem preciso dizer, né? Assim que o Kickstarter saiu, eu já virei apoiador. E ele se tornou uma das minhas decepções com a página, já que até hoje o jogo não viu a luz do dia. Um outro projeto que apoio também não (não vou mencionar qual para não queimá-lo, mas aguardo desde 2011 se não me engano). Talvez eu não saiba escolher as coisas por lá, já que de três coisas que eu apoiei, só uma saiu. Mas enfim.

O fato é que este jogo viu seu time de desenvolvimento abandonar o projeto em meados do fim de 2016 até a metade de 2017, não sei ao certo, já que foi o período em que os demais backers e eu ficamos sem notícias. Em Agosto de 2017 foi anunciado que o time de desenvolvimento da Little Orbit assumiu todos os assets e demais conteúdos que haviam sido criados e iniciaram a jornada para concluir o desenvolvimento do jogo e enfim dar vida às ideias do Matsuno. Foi uma baita notícia! Desde então eles sempre anunciam novidades. No começo de cada mês eles publicam um update contando como está o desenvolvimento, quais os próximos passos e mais tipos de notícias que deixaria muito Gerente de Projetos feliz. Tudo isso pode ser acompanhado dentro do próprio Kickstater, pra quem tiver curiosidade.

O fato é que eu continuo ansioso por ele. Paguei mais uma taxa para que pegasse a versão do jogo portada para o Switch (e não mais PC, que também ficará disponível no lançamento). Não vejo a hora dele sair, espero muito que eu possa chamá-lo de verdadeira sequência do jogo que eu amo tanto. Problema é que o tempo vai passando, a ansiedade e a expectativa vão crescendo e a chance de eu me decepcionar fortemente é cada vez maior. Tomara que não. Talvez o fato do jogo ver a luz do dia antes de 2040 já seja uma grande notícia. Vamos ver.

Eles estão prometendo uma live demonstrando as três primeiras missões em 01/06/2020. Pertinho da data de lançamento deste post. Então tenho boas expectativas. Só não sei se deveria.

Gente, eu sei, o post ficou longo e nem sei se está completo. Mesmo assim, vou encerrando por aqui e provavelmente daqui alguns anos estarei insatisfeito lendo e dizendo que esqueci de falar isso ou falei bobagem quando disse aquilo.

Antes de ir, deixa eu colocar algumas imagens da minha mini coleção particular de Final Fantasy Tactics. Eu me orgulho dela, não me condenem por isso, tenho outros defeitos muito piores para vocês julgarem no lugar.

Bem, é isso. Fico na esperança de que tenham gostado da leitura!

Grande abraço a todos e até o próximo post!

Sobre Gamer Caduco

Apenas mais um cara que nasceu nos anos 80 e que desde que se conhece por gente curte muito videogames, não importa a geração.
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14 respostas a Final Fantasy Tactics (PlayStation / PSP / Mobile)

  1. Fala Cadu, acabei de ler seu MEGA TEXTO. Eu sei como é isso de escrever do jogo que ama, me lembro disso em Mario Kart 64. Eu nunca joguei esse jogo Cadu, acredite se quiser! Eu vi em milhares de lugares (revistas, amigos, TV, locadoras e tudo mais) todo mundo amava esse jogo e tinha me esquecido dele por sinal como um dos meus pecados gamísticos.
    Inclusive ele foi detonado naquela programa de TV que sempre falo chamado Stargame. Ele apareceu em uns 10 programas como detonado para mostrar tudo. Aqui tá o link por sinal se tiver curiosidade: https://www.youtube.com/watch?v=VjyPQHyQnlw
    Eu adorei a foto do seu CD gravado hahahaha! É praticamente a mesma história que tive quando um cara apareceu com gravador de CD no meu prédio falando que iria gravar um jogo para mim (na época era o Daytona USA de PC).
    Mas voltando esse jogo foi muito jogando por um amigo que conhecia na época, mas eu só ficava olhando ele jogar e não entendi porcaria nenhuma do que ele tava fazendo e achava chato pra cacete. Mas como o tempo fui entendo as coisas e inclusive vendo ele no Stargame.
    Alias tenho uma curiosidade para te contar! Em um evento de anime que fui uma vez na minha cidade em uma sala tinha 2 garotos com ligando o playstation com esse jogo. Parece eles ligaram 2 playstations ao mesmo tempo e estava jogando esse game ou algo desse tipo. Eu não entendi nada pq sei que esse jogo é para 1 jogador somente né! Será que tem algum hack para jogar de 2 jogadores? Me diz aê ou devo estar ficando maluco pelo jeito.
    Bom é isso Cadu, eu vou jogar ele em breve. Instalei o emulador de PSP no meu PC lixeira e funcionou perfeitamente. Só espero não perder 1000 horas nele hahahahaha!
    Grande texto Cadu.
    Valeu e Grande Abraço. Ivo.

    • Ivo, não me parece muito atípico não ter jogado este jogo, nem na época e nem em tempos atuais. O gênero nunca foi muito popular entre os jogadores, nem mesmo entre os mais dedicados. É bem de nicho. O fato deste jogo levar o nome Final Fantasy com certeza o tornou mais popular que outros jogos do gênero, mas nada que transforme em um pecado gamístico universal! haha
      Claro, eu vou defender sempre que todo mundo deveria experimentar pelo menos duas horinhas deste jogo, mas não dá pra condenar ninguém por não ter jogado, né? kkkk
      Eu nunca fui de assistir Stargame e outros programas de TV sobre games, talvez já tenha te dito isso, não lembro agora. Mas bacana saber que teve um detonadão de FFT lá, vi a abertura aqui, vou procurar para assistir algum dia! 🙂
      Apesar que eu imagino que só assistir este jogo deve ser bem chato mesmo, imagino como deva ter sido com seu amigo. Tomara que não tenha sido isso que te desanimou a jogar! Aliás, será que isso aconteceu com mais gente? Aposto que sim. Vou te confessar que eu peguei pra ver uns vídeos enquanto escrevia a post e eu cansava bem rápido! kkkkk
      Mas te garanto que jogando vc não cansa não, vc fica bem imerso no jogo.
      Sobre o Multiplayer, acho que fiquei devendo isto no texto, mas a versão do PSP tinha um modo multiplayer que era desbloqueado a partir do Capítulo 2 se não me engano. Dá pra jogar tanto Coop (missões contra a CPU) quanto Competitivo (PVP). Eu nunca testei isso, por isso acabei não falando. Quando tive a oportunidade e levei o PSP na casa de um amigo, ele amarelou e não quis jogar alegando que eu tava com o meu time em nível muito maior. E era verdade, mas eu queria muito testar e não consegui. Quem sabe um dia?
      Não me lembro se isto era possível na versão Original do PSOne, provavelmente não. Lembro que era uma das features do War of the Lions. Enfim…
      Ah, também não sei se tem na versão mobile. Se tiver e vc ver isso, caso vá jogar nesta versão algum dia (depois de jogar a versão de PSP em emulador que vc citou), me avisa que a gente tenta jogar alguma vez! Vc acaba de reativar a minha curiosidade, parabéns! kkkkkkkkkkkkkkkk
      Valeu pela leitura, comentário e elogios, Ivo!!

  2. aki é rock diz:

    Esta ai um jogo que me fez curtir um gênero que não conhecia me lembro de ter visto na casa de um amigo de escola e não ter curtido era uma versão japonesa. Mas depois de um ano eu passei férias na casa desse amigo e vi zerar desde o começo até o fim. Ter visto ele jogar FFT acabei curtindo muito e tive que comprar a minha versão piratinha me lembro de jogar pra caramba no meu playstation. Desde então passei a curtir pra caramba FFT e sempre que vejo um jogo que tem a mesma pegada faço uma pequena comparação entre as jogabilidades.

    • Jura que vc assistiu o jogo de cabo a rabo e curtiu? Eu acabei de responder um comentário dizendo que parece ser chato só assistir, olha aí uma contra-prova! hahahahaha
      Mas que legal que isso te incentivou a comprar o jogo e jogar.
      Fica a minha curiosidade: encontrou algum jogo do gênero que vc tenha feito a comparação e tenha achado melhor?
      Eu vou te falar que eu experimentei vários e até agora nenhum me trouxe a mesma sensação. Te perguntei pq quero saber se isso é alguma coisa da minha cabeça (nostalgia, talvez) ou se concordamos que FFT é o melhor! rs
      Valeu Rock!

      • aki é rock diz:

        Olha Caduco eu curti pra caramba mesmo não sabendo nada do enredo dependendo apenas do meu amigo me dizendo o que se passava durante a jogatina viu. Não achei nenhum que chegava aos pés de FFT mas tem alguns derivados desse gênero que vale a pena jogar. Como Vandal Hearts 1 e 2 , Front Mission 3 , Saiyuki Jorney West , Vanguard Bandits , Ogre Battle Tactics esses foram o que pude jogar na época.

        • Joguei o primeiro Vandal Hearts e gostei pra caramba, acho que não cheguei a jogar nada do segundo. O Front Mission 3 eu cheguei a experimentar e ficou naquela lista do “que legal, um dia eu jogo ele”… kkkkk
          Saiyuki Journey West e Vanguard Bandits eu nem conhecia, vi vídeos rapidinho aqui e pareceram interessantes, principalmente o Saiyuki… coloquei na minha lista junto com os outros dois.
          Ogre Battle eu joguei um bocado, mas não sei pq não cheguei a terminar. Ele e o Tactics Ogre também. Vai entender… rs
          Valeu Rock!

  3. Cara, exceleeeente texto! Me lembro quando joguei pela primeira vez no meu PsOne (ganhei de presente do meu pai ), eu nunca tinha visto nada parecido com esse jogo! Eu acabei largando na perto da metade, mas tenho ótimas recordações dele. Parabéns pelo review da versão de PSP!

    • Hmmmm… bem, o review não era bem da versão de PSP, mas de todas! kkkkkkkk
      Ainda assim, agradeço o elogio! 🙂
      Eu também nunca tinha visto nada parecido com ele quando joguei a primeira vez no PSOne, mas eu não sosseguei enquanto não terminei ele.
      Alguma razão específica pra vc ter largado e nunca mais voltado? rs
      Valeu Jorge!!!

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